Custa-me a acreditar mas entrei na Google há já 14 anos. Durante esses anos assisti a alguns períodos de incerteza global, começando pela crise financeira de 2008, seguida de uma frequência crescente de desastres relacionados com o clima, e por fim uma pandemia global. Cada um deles trouxe seu próprio grau de incerteza – mas em cada um desses momentos vimos as pessoas a recorrer ao Google para procurar informações de confiança e as ajudar a tomar decisões.

Hoje estamos, de novo, a ver tendências de pesquisa que mostram que as pessoas se estão a sentir inseguras com o mundo que as rodeia. Felizmente muita coisa mudou na última década e meia que nos pode ajudar: em 2008, apenas 23% da população mundial e 44% dos portugueses tinham acesso à internet. Hoje, 60% do mundo, 95% da União Europeia e cerca de 78% dos portugueses estão online: com toda a informação, competências e apoio que a tecnologia pode proporcionar.

A tecnologia não pode resolver toda a preocupação e ansiedade que estas tendências de pesquisa revelam mas acredito que possa contribuir de forma positiva. Eis por isso algumas tendências de pesquisa que estamos a assistir em Portugal e como a tecnologia e as empresas podem e devem ajudar.

1As preocupações com a Covid e o clima não desapareceram

À medida que as economias reabrem, pode ser tentador pensar que a incerteza da pandemia ficou para trás. O interesse de pesquisa por coronavírus atingiu um recorde mundial em março de 2020 mas está longe de ter saído inteiramente da lista de preocupações das pessoas uma vez que as pesquisas mudaram para refletir as novas fases da pandemia.

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Em setembro, as pesquisas por “Covid” em Portugal atingiram o valor mais baixo desde março de 2020. Em comparação com setembro de 2021, o interesse de pesquisa pela COVID-19 caiu 86%, porém, continua a ser a doença mais pesquisada em Portugal, e as pessoas continuam a procurar respostas: “o que fazer quando se tem Covid” (+1,650% em 2022), “estou com covid e agora” (+850% em 2022) e “teste positivo o que fazer” (+550% em 2022). Na Google, vamos continuar a disponibilizar informações precisas e oportunas sobre tudo, desde sintomas a vacinas, à medida que as pessoas se esforçam para retornar à vida quotidiana.

Adicionalmente, as tendências de pesquisa em Portugal revelam também o aumento da apreensão dos portugueses com a crise climática e, no ano atual, bateram-se vários recordes. A pesquisa por mudanças climáticas atingiu um valor recorde em Portugal em abril de 2022, assim como a pesquisa por outros tópicos relacionados com as mudanças climáticas, com valores nunca vistos.

A pesquisa por incêndios florestais, por exemplo, atingiu um pico em julho de 2022, e Portugal foi o país do mundo onde mais se pesquisou por este tópico. Outros tópicos relacionados também atingiram um pico de interesse nas pesquisas em Portugal, como o aquecimento global e a poluição com plástico. Este ano, em comparação a 2021, a pesquisa por mudanças climáticas cresceu 80% em Portugal, por aquecimento global aumentou 230% e por incêndios florestais subiu 300%.

Se por um lado as pessoas querem reduzir sua própria pegada ambiental e confiam nas marcas para as ajudar, há por outro lado e em simultâneo, uma preocupação com o chamado greenwashing (práticas para dissimular um impacto positivo no meio ambiente, uma “falsa sustentabilidade”) sendo este visível no aumento das pesquisas por este termo, que em Portugal mais do que triplicou nos últimos dois anos, face aos dois anos anteriores.

As empresas precisam de simultaneamente ajudar os seus próprios clientes a fazer mudanças pequenas mas significativas, e também de dar o exemplo e reduzir as suas próprias emissões e pegada ambiental.

Criar tecnologia para ajudar a alcançar esses objetivos é uma parte fundamental do nosso papel na sociedade. Queremos ajudar, até final do ano, mil milhões de pessoas em todo o mundo a fazer escolhas mais sustentáveis. Estamos a fazer alterações aos nossos produtos mais populares para ajudar à tomada de decisões sustentáveis. Por exemplo, as nossas novas rotas ecológicas, já disponíveis no Google Maps em Portugal, podem ajudar os utilizadores a reduzir as suas despesas e emissões, disponibilizando-lhes a rota mais eficiente em termos de combustível assim como a mais rápida. Estimamos que só esta mudança poderá permitir poupar 1 milhão de toneladas de emissões de carbono por ano a nível global.

2A cibersegurança e a privacidade online nunca foram tão importantes

Com mais pessoas do que nunca a usar a Internet para a gestão das suas vidas diárias, é sem surpresa que vemos mais pesquisas sobre cibersegurança e privacidade.

Em Portugal, pesquisas por “significado de phishing” aumentaram 80% e por “spear phishing” subiram mais de 90%. O interesse pela navegação em privado cresceu mais de 30% no país entre janeiro e setembro de 2022, em relação ao mesmo período em 2021. As pesquisas por “Modo de navegação anónima” tiveram um incremento de 50%. Estes comportamentos estão igualmente plasmados nas pesquisas dos portugueses com o interesse de pesquisa por “palavra-passe de utilização única” e por “Wi-Fi Protected Access” a crescer 30% e 20% respetivamente.

As pessoas querem abraçar a tecnologia mas querem também saber que a sua informação pessoal está segura. Para ajudar neste desafio, desenvolvemos muitas das primeiras ferramentas da Internet para gerir essa informação, como o Privacy Checkup, o local onde é possível a um utilizador rever as suas principais configurações de privacidade, e o Takeout, que permite a um utilizador descarregar ou eliminar os seus dados na Google. Estamos também a trabalhar com a indústria e reguladores para fazermos mais mudanças transversais, dando prioridade à privacidade e à segurança dos utilizadores.

3As pessoas querem compreender a incerteza económica – e pretendem economizar

Como disse recentemente o nosso CEO, “enfrentamos uma perspectiva económica global incerta”. As tendências de pesquisa mostram que as pessoas querem entender melhor o que está a acontecer e o que fazer para se ajustarem a esta realidade.

Por exemplo, Portugal é o sexto país da Europa onde mais se tem pesquisado por “poupança” este ano. Temas como inflação e as taxas de juro voltaram a entrar no léxico dos portugueses. Pesquisa por “o que é a inflação” subiu 140% em 2022 face a 2021, enquanto que as pesquisas por taxas de juro cresceram 110% face ao ano anterior.

Os portugueses estão também a pesquisar sobre “como poupar energia”, que subiu 40% no corrente ano quando comparado com 2021, enquanto que as pesquisas por “como poupar água” aumentaram 20%.

Estas tendências que observamos mostram que as pessoas se sentem inseguras sobre o que está para vir mas, independentemente do caminho, tenho esperança que a tecnologia faça parte da solução.

Durante as várias vagas de incerteza a que já assisti nos últimos anos, empresas, indivíduos e o governo trabalharam de forma a proteger empregos e acelerar a retoma económica, com uma espécie de “rede de segurança digital” capaz de apoiar o ecossistema. Em Portugal, o interesse por cursos de marketing digital, por exemplo, continua forte – só o Atelier Digital já formou mais de 100 mil pessoas no país. Estamos também a trabalhar em parceria com governos e outras organizações para criar e apoiar programas que ajudem as empresas a digitalizar e crescer dentro e fora de Portugal.

Temos consciência que a nossa missão na Google de tornar informação acessível e útil nunca foi tão importante: e estamos cá para ajudar.