“Pessoas felizes fazem mais, melhor e durante mais tempo”. Esta é a missão da minha primeira grande escola no mundo do trabalho, mas é também uma crença que permeia o meu percurso pessoal e profissional em recursos humanos. Parece uma frase cliché, mas se formos analisar os estudos de alta performance, verificamos que é a mais pura das verdades.

Quando estamos num processo de querermos e fazermos por atingir o nosso potencial — seja em que área da vida for — focamos a nossa atenção naquilo que realmente é importante e colocamos a nossa energia ao serviço desse mesmo propósito. Quem vê de fora pode achar que é um processo demasiado cansativo, mas quem está dentro dessa bolha de querer ser a sua melhor versão reconhece que, podendo exigir uma força interna superior, o que recebe em troca de preenchimento na vida é muito maior (perguntem a qualquer mãe/pai).

Neste sentido, querermos atingir o nosso potencial é um processo que nos leva para o caminho da felicidade, sendo que quando estamos felizes estamos também mais disponíveis para darmos o nosso melhor em qualquer área da vida. É um ciclo sem fim, mas que precisa de ter uma decisão pessoal de ter um início, porque o que fazemos com aquilo que temos, tende a ser muito mais importante do que aquilo que temos.

Mas então, se sabemos que quando estamos felizes fazemos mais, melhor e durante mais tempo e que o sucesso do que fazemos está relacionado com o próprio sentimento de felicidade, porque razão nos tentamos encaixar em versões mais pequenas de nós mesmos? Se ter pessoas felizes numa empresa significa que os resultados são os melhores possíveis, porque mantemos culturas organizacionais de medo, esforço e crítica?

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A resposta a estas perguntas reduz-se, segundo os estudos, a duas principais conclusões:

  1. alcançar a alta performance, ou seja, o “sucesso acima da média, de forma consistente e a longo prazo” exige novos hábitos que protegem o bem-estar, que promovem relacionamentos positivos e que garantem um serviço a um propósito maior e nem todas as pessoas/empresas estão dispostas a, verdadeiramente, mudar nesse sentido. A mudança implica destruturar internamente o que há e reconstruir numa nova forma e isso exige um dispêndio de energia que o cérebro humano tenta evitar ao máximo – porque o que quer é garantir energia para sobreviver, não para prosperar.
  2. muitas pessoas/empresas simplesmente sentem que não são merecedoras ou não estão prontas para avançar para o nível seguinte, isto é, não se sentem autorizadas a dar um primeiro passo para essa mudança e colocam o controlo do seu rumo nas mãos de algo externo. Questionam o seu próprio valor ou aguardam alguma validação externa antes de conseguirem entrar num jogo maior.

As consequências disto é que nos mantemos na ilusão de que estamos a crescer e a dar o nosso melhor quando, na verdade, sabemos internamente que o nosso potencial nos poderia levar muito mais além. O que podemos fazer então?

Para começar, devemos procurar perceber onde é que nos encontramos e para onde queremos ir. Seja procurando ajuda externa – através de Worklife Coaching, Coaching, Consultoria ou Formação – ou recorrendo às ferramentas internas que já adquirimos, é importante parar, analisar, organizar e, então depois, agir.

Os diferentes estudos já nos revelam que não é a falta de força que nos encerra neste ciclo de mediocridade – sendo que por mediocridade refiro-me exatamente a isso mesmo: estar na média, ser mediano (o contrário de alta performance). Em vez disso, é a falta de uma causa, de algo que valha a pena, de um objetivo ambicioso que anime os nossos corações e os nossos pés para andarmos em frente. O nosso desejo de ter uma vida com significado é um dos principais fatores associados ao bem-estar psicológico. Saber qual o nosso Norte e o porquê de caminharmos para lá com todo o afinco, é a base que sustenta a felicidade.

Quando estamos constantemente a fazer muitas coisas ao mesmo tempo, sem foco nem sentido, sentimo-nos esgotados e não pensamos no futuro. Estamos apenas a tentar sobreviver ao hoje e, portanto, começamos a perder a intenção clara da interação que queremos ter amanhã.

“A infelicidade é não sabermos o que queremos e matarmo-nos para o obter” (Don Herold)

Para mudar esta tendência generalizada (tanto ao nível pessoal como organizacional), é preciso realmente querer prosperar e não apenas sobreviver e, com isso, delinear e implementar novos hábitos e estratégias para uma mudança de mindset, sabendo que nem todas as montanhas valem a pena ser escaladas. O que diferencia as pessoas com alta performance é o seu olho clínico para descobrir o que vai ser relevante na sua experiência de vida. Saberem que os seus esforços estão alinhados com algo que lhes é importante, que o seu trabalho tem significado e que as suas vidas estão a criar um legado e a alimentar um propósito mais vasto, é o que lhes traz coerência à vida.

“A maioria das pessoas é tão feliz quanto decide ser” (Abraham Lincoln)

Tomar a decisão de ser feliz, escolher a sua melhor versão e criar os ambientes e culturas que priorizam isso mesmo, é o verdadeiro segredo para o sucesso. Por isso, para o bem de todos: façamos o favor de sermos felizes! Sim?