Albert Einstein já dizia: Insanidade é continuar a fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.

O paradigma corporativo é diferente, o desafio e exigências são diferentes e a nossa resposta tem também que ser diferente. Deixámos de trabalhar numa lógica de escala e âmbito, para uma de velocidade e fluidez. Agilidade é a palavra de ordem e não tanto a previsibilidade, que cada vez é mais difícil a longo prazo. E tudo isto só é possível em organizações menos rígidas, em que se assume o risco de falhar, onde a criatividade é valorizada e, claro, onde a informação é efetivamente sintetizada e deixa de ser uma buzzword. Estima-se que em 2021 se tenha produzido um volume de dados de cerca de 74 zettabytes! Porém, ainda não estamos a tirar o seu verdadeiro valor.

E como é que fazemos desta mudança algo possível? Da mesma forma que a humanidade sobreviveu até aqui. Trabalhando em conjunto, comunicando, tendo empatia, compreendendo, mudando e adaptando. Fazendo uma gestão muito mais centrada no ser humano, nas suas capacidades, potencialidades e necessidades. Não é trabalhar mais em formato fábrica, em piloto automático, mas sim em parar, dar espaço, dar ferramentas para que se possa pensar, comunicar, prototipar, testar, falhar, aprender, ter sucesso e celebrar. Somos sempre pessoas, a trabalhar para pessoas, com mais ou menos ajuda de sistemas, mas sempre pessoas.

E não é que funciona? Provavelmente há quatro anos atrás, não poderia estar a escrever este texto, nem entenderia a necessidade. Felizmente, o contexto onde trabalho permitiu-me fazer este caminho e, ainda que continue na área de desenvolvimento de sistemas, a minha visão mudou radicalmente.

Em termos de teoria sobre estas metodologias e frameworks, como o Agile, existe já muita informação documentada, pelo que partilho o que é o meu entendimento prático sobre as maiores vantagens desta forma de trabalhar e pensar. A aproximação entre as equipas, o terem uma visão de um mesmo objetivo comum, sem que sejam trincheiras entre IT, negócio e fornecedor, ver a agilidade que se ganha, a empatia, o colocarmo-nos nos sapatos dos outros, e focarmo-nos naquilo que é realmente a necessidade do nosso cliente. E aqui tanto pode ser o nosso cliente final como o nosso cliente interno. Nesta primeira parte de pensar, desenhar a solução, o Design Thinking, assume um papel crucial. É orientado à ação, ao experimentar, ao cruzamento multidisciplinar que nos faz trabalhar na resolução de um problema.

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É estar confortável com a mudança, não no sentido apático, mas de acompanhamento da mesma. Assume formas diferentes, mediante o desafio, mas sê sempre transversalmente human centric. Diminui o risco de falha, mas não a extingas e dá-lhe espaço. Se não o dermos, vamos sempre fazer com que o medo de errar nos bloqueie e bloqueie o nosso processo de transformação criativo. E tantos produtos inovadores ficariam então reféns desse medo.

Na Suécia, o Museum of Failure surge, segundo o seu criador, Samuel West, para contrariar isso mesmo: “O museu foi a forma que encontrei para estimular donos de pequenos e grandes negócios a lançar um novo olhar sobre o fracasso. O problema é que as empresas só gostam de falar dos sucessos. Também quero inspirar pessoas que não são empreendedoras a ver os erros como uma oportunidade de aprendizado, e não como uma tragédia”.

Felizmente, temos cada vez mais empresas bem-sucedidas, a ir nesta mesma direção, como por exemplo a Toyota, Apple, Microsoft, Nike, para nomear algumas. A Nike, com o Mark Parker como CEO, conseguiu duplicar o seu revenue, facto este atribuído ao seu gosto pela inovação do design, e também ao modo de trabalhar e pensar com equipas multidisciplinares.

Portanto, não podemos continuar a pensar da mesma forma, de uma forma, mas sim e idealmente de formas variadas. Deixem-se ir, mas conscientes. Pensem fora, ao lado, por cima da caixa, sem medo, e divirtam-se no processo!

Mafalda Costa tem um mestrado em Eng. Biomédica pela FCT da Universidade Nova de Lisboa, uma pós-graduação em Digital Enterprise Management da Nova IMS e este ano frequentará o curso Mastering Design Thinking do MIT. Iniciou a sua carreira através do mundo da consultoria, onde esteve cerca de 10 anos. Durante este período, participou e liderou projetos de IT, tanto em Portugal como em Espanha, onde viveu. Há 5 anos aceitou um novo desafio na EDP, onde está até hoje. Começou como Product Owner, geriu projetos digitais e está atualmente como manager de uma equipa de IT.

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.