Um dia espero que na freguesia onde vivo, as Avenidas Novas, possa haver políticas novas, diferentes das usuais, tratando os fregueses como indivíduos adultos e não como crianças ou simples números que só contam na hora do voto.

Assim, para ilustrar a falta de administração elementar com qualidade para adultos, dou como exemplos:

• Não haver obras nas ruas e em equipamentos apenas no ano anterior às eleições, que para mim, adulto, é quase ofensivo;
• Ter melhor atenção com os passeios que, tirando os meses anteriores às eleições, costumam estar sujos, com falta de manutenção e desarranjados;
• Não existirem semáforos e sinais de trânsito cobertos por vegetação ou apagados (quando não é no asfalto) até aos oito meses anteriores às eleições;

Enfim, coisas simples, mas importantes.

Porém, na freguesia das Avenidas Novas, o freguês é tratado de uma forma infantil em questões bem mais sérias, como poderão perceber através dos seguintes exemplos:

1. A Junta considera que os fregueses não têm capacidade para decidir por si, se querem deslocar-se de bicicleta, de transportes, a pé, ou de carro, entrando numa violenta luta contra o direito que o lisboeta tem ao seu automóvel, pensando assim pela cabeça destas criancinhas.

Desta forma, a Junta decide suprimir estacionamento e faixas de circulação automóvel para dificultar a vida ao automobilista. A Junta toma a decisão de que o freguês não deve ter automóvel e o freguês, ou deixa de ter automóvel, ou não o consegue estacionar em lado nenhum. O que não ocorre, porém, à mente destes papás e engenheiros sociais é que o problema com o trânsito em Lisboa se deve ao número de carros que entram em dias de trabalho na cidade e nunca devido aos veículos dos lisboetas. Qualquer pessoa que venha ao domingo a Lisboa, percebe exatamente o que quero dizer.

Mas é mais fácil resolver os problemas proibindo ou obrigando as crianças, ups, os lisboetas fregueses nas Avenidas Novas, do que resolver o problema do excesso de carros que entra em Lisboa por deficiência de uma política séria de transportes públicos e parques de estacionamento.

Espero um dia viver numa freguesia mais liberal onde os fregueses são respeitados nas suas opções de transporte e têm mais lugares de estacionamento para os seus automóveis.

2. Por outro lado, não tratar os fregueses como crianças é não lhes contar uma mentira e esperar que acreditem como, por exemplo, o conceito de “grátis”. O gratuito não existe, é sempre pago por alguém. E não é justo que esse alguém que ganhe 800 euros tenha que pagar desporto, atividades, colónias ou viagens sénior, gratuitas, tendencialmente ou quase gratuitas, a pessoas de agregados que ganham cinco mil euros, por exemplo. Assim, determinados serviços deviam ser pagos consoante o escalão de IRS, a bem da justiça social.

Numa freguesia onde não se tratam os fregueses como crianças, não se contam mentiras e o “grátis” ou gratuito não é a história do Pai Natal para crianças, mas também é uma enorme mentira.

3. Por último, é também tratar de forma infantil os fregueses ao não acreditar que é possível cada um deles poder viver de uma forma independente e livre.

Especialmente depois da Covid, muitos negócios ficaram de rastos e muitos outros fregueses desempregados, mas com vontade de alterar esta sua situação.

Assim, a Junta deve tratar estas pessoas como adultos, aproveitar a sua energia e ter um gabinete de apoio à criação de novos negócios, direcionando os empreendedores da freguesia para as instituições públicas e privadas que deverão contactar para criarem o seu negócio de uma forma rápida e eficaz. Este apoio não económico mas estratégico visa apoiar a ultrapassar os obstáculos burocráticos à criação de novos negócios.

Este paternalismo exacerbado dos autarcas será uma infeliz realidade por esse país fora. Esta é a realidade que conheço, em que vivo. E como não é suficiente ficar apenas a falar ou a teclar, arregacei as mangas e sou candidato. Quero nos próximos quatro anos defender estas ideias na minha freguesia. Quero dar o meu contributo ativo para que a realidade mude, para que todos sejamos mais respeitados e a qualidade de vida melhore.

Um dia pode ser que na freguesia das Avenidas Novas se acredite mais nos fregueses e não os tratem como crianças. Desde as obras imediatamente antes das eleições até à luta ao automóvel do freguês, passando pelo apoio à criação de riqueza e justiça social, um dia pode ser que viva entre adultos livres, numa Junta de Freguesia mais liberal.

Um dia pode ser que viva com políticas novas nas Avenidas Novas.