Desde que foram reportados à Organização Mundial de Saúde, em 31 de dezembro de 2019, os primeiros casos de infecção por coronavírus, muitos artigos científicos foram escritos e inúmeras teorias sobre a origem do vírus continuam a ser discutidas.

Fazendo uma análise retrospectiva sobre os pontos chave da pandemia, podemos verificar que o distanciamento social voluntário e a quarentena obrigatória em doentes infectados e nos contactos mais próximos foram importantes para o controlo da infeção.

Há outros protagonistas que continuam a ser fundamentais na pandemia: os desinfetantes, as máscaras, os testes, o equipamento de proteção individual (EPI), os ventiladores e as vacinas.

O gel para as mãos ou a simples lavagem com água e sabão fazem parte dos cuidados de assepsia, sem dúvida cruciais para a diminuição da propagação do vírus. Estes produtos foram importantes na fase inicial da pandemia em que havia poucas máscaras à venda em Portugal.

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Na ausência de máscaras cirúrgicas, foram inventadas máscaras sociais, que foram muito úteis na tentativa de controlo da infecção pelo coronavírus.

Testar todos os doentes suspeitos e os contactos mais próximos era a melhor forma de diagnosticar precocemente potenciais portadores de Covid-19 e, deste modo, travar a propagação da doença. Foram feitos poucos testes no início. A factura pagou-se mais tarde com a subida exponencial de casos, com repercussões sobre a vida pessoal e profissional de cada Português.

Os EPIs foram escassos na fase inicial da pandemia, tendo feito muita falta aos profissionais de saúde que tiveram de lidar com a avalanche de doentes infectados nas enfermarias e nos cuidados intensivos. Por falta do EPI, muitos médicos, enfermeiros, auxiliares de acção médica foram infectados e, infelizmente, alguns não conseguiram recuperar, fazendo parte da lista dos mais de 17 mil mortos que foram vítimas do SARS-CoV-2. O EPI apareceu mais tarde e, actualmente, ninguém se pode queixar que este material esteja ausente nas unidades de cuidados intensivos espalhadas pelo país.

Os ventiladores foram poucos para tantos doentes que necessitaram deste tipo de apoio. Na fase negra da pandemia, com Portugal a bater o recorde mundial de número de novos casos diários, chegou-se a pensar que os profissionais de saúde teriam de escolher se o doente A iria viver e o B morrer por falta de ventiladores nas unidades. Felizmente, não foi preciso chegar a uma situação tão dramática, completamente contra o código deontológico que o médico jurou cumprir quando tirou a licenciatura em Medicina. Os ventiladores chegaram com atraso, alguns até não funcionaram por falhas técnicas, mas aos poucos foram preenchendo os espaços que faltavam para que os doentes fossem melhor tratados e seguidos.

Finalmente, as vacinas apareceram em dezembro de 2020 e antes da data prevista. Surgiram falhas importantes na entrega de doses e no cumprimento das datas acordadas. Os efeitos indesejáveis, com casos graves de trombose e mortes em diversos países, trouxeram o medo às pessoas e a insegurança de serem vacinadas pela vacina da AstraZeneca.

Independentemente destes percalços, a chegada das vacinas criou uma sensação de esperança nas pessoas. Foi o culminar de uma corrida contra o tempo para a produção da vacina contra a Covid-19. Este momento pode ter mudado a história da pandemia, mas, só por si, não será suficiente para a erradicar!

Tal como numa equipa de futebol, um jogador pode ter uma influência importante na equipa, mas não é a equipa! A vacinação é muito importante para todos nós, mas sozinha não resolve tudo. Em conjunto com as restantes medidas, aos poucos, a tão esperada erradicação do vírus será uma realidade.