Em plena campanha para as eleições europeias só se diz que ninguém discute a Europa. Antes a Europa trazia-nos dinheiro e não havia muito mais a dizer; agora, traz-nos chatices e ninguém sabe o que se diga. É a crise migratória, o Brexit, o populismo na Hungria, Itália, em França e na Espanha. Estes três últimos países estão totalmente partidos ao meio, senão mesmo em várias partes, num processo de divisão a que a Alemanha se prepara para aderir. Há quem aponte Portugal como um exemplo de serenidade, uma excepção, esquecendo que a história nos mostra que assim costuma ser, que por cá as crises fazem um compasso de espera, parece que sustêm a respiração, antes de nos cairem em cima.

Como é costume são imensas as respostas para o que não se discute. Daí o Brexit, daí a coligação entre o extremista à direita, Matteo Salvino, e o extremista à esquerda, Luigi Di Maio; daí a Frente Nacional de Marine Le Pen, que é a que mais beneficia com os protestos dos coletes amarelos; daí o sucesso do que dá mais força ao extremismo: a insegurança, a inquietação, a sensação de que algo, que não sabemos definir o que seja, não está bem. Os dados económicos são bons, mas há qualquer coisa que nos inquieta e que nos diz que não.

É neste ponto que entra a dívida. A pública, que os Estados contraíram para servir os cidadãos, e a privada, que os cidadãos e as empresas contraíram para servir o Estado. Uma série de acontecimentos interligados que cercaram as economias ocidentais ao longos dos anos. A dívida pública e privada é de tal forma elevada nos países europeus que não há capital para investir. E sem investimento, a economia alimenta-se a si mesma e vive do ar como um planador que aterra (ou se despenha) logo que a força que o elevou termina. Porque sem investimento não há inovação, sem inovação não há tecnologia, e sem tecnologia não há crescimento. Só estagnação.

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