Só uma nota, muito rápida, porque sei que estão ainda bastante ocupados a escalpelizar a passadeira vermelha dos Globos de Ouro da SIC, mais os discursos arrepiantes da cerimónia, e as sentidas homenagens que marcaram o evento. Sucede que, a juntar ao conflito na Ucrânia, agora foi a Coreia do Norte a disparar um míssil que sobrevoou o Japão. Sim, sim, em algumas cidades nipónicas foi até lançado um alerta para as pessoas se protegerem. Enfim, nada de especial. Bem ao contrário do visual da Clara de Sousa na última noite de domingo! Viram? Bota especial naquilo!

Desculpem, podemos avançar. Isto do bem-sucedido teste com o míssil norte-coreano, a juntar à vitória do Lula da Silva na primeira volta das eleições brasileiras, imagino que tenha consubstanciado uma semana em grande para o PCP. Foi só alegrias. Faltou só aos comunistas receberem um Globo de Ouro para termos semana de sonho para a agremiação de Jerónimo de Sousa. E talvez uma estatueta para melhor actor secundário, ou terciário, por conta do soberbo desempenho nos anos da geringonça fosse muito merecido.

Falando deste saudoso arranjo governativo, e em contrapartida, acredito que a vantagem de Lula sobre Bolsonaro esteja a preocupar o Bloco de Esquerda. Aliás, neste preciso momento, os bloquistas devem estar a trabalhar non-stop para a eventualidade do que seria uma desastrosa vitória de Lula. Nomeadamente no sentido de elaborarem uma nova letra para entoar nos próximos festejos do 25 de Abril sempre com a direcção de coro a cargo de Mariana Mortágua, como é óbvio –, que substitua o imorredoiro Ó meu rico Santo António! Ó meu Santo Popular! Leva lá o Bolsonaro para ao pé do Salazar”. Ficamos a aguardar com incontida expectativa. Somos nós e a Giorgia Meloni, para aí, cheira-me.

Quem também veio, prontamente, parabenizar o ex-quiçá futuro-em todo o caso corrupto-Presidente do Brasil, Lula da Silva, foi o Partido Socialista. Com a seguinte declaração: “O PS saúda Lula da Silva (…) e formula votos para que o Brasil rejeite as derivas autoritárias e antidemocráticas. Ora aí está. Para o PS não há cá autoritarismos. Nem autoritarismos, nem quaisquer excessos de autoridade. E mesmo não sendo em excesso, atenção a como é aplicada a autoridade. Por exemplo, se for autoridade aplicada mesmo por agentes da autoridade, autorizados por autoridades superiores a encarceram Lulas, pára tudo. Que o PS não admite isso.

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Já entre as coisas que o PS admite, destaque para o reconhecimento de que a ligação de comboio entre Lisboa e Porto em pouco mais de uma hora não será uma realidade antes de 2030. Sendo que esta conversa de TGV começou em 1999, pela mão do mesmo PS. Portanto, em 31 anos, nem Guterres, nem Sócrates, nem agora Costa conseguiram resolver o assunto. Donde se conclui que o TGV, além de veloz, é esperto: o sacana do comboio não se deixa apanhar por socialista nenhum.

A propósito de grande estadistas e de meios de transporte modernos. Imagino o tipo de debate que existiria hoje, em 2022, nos Estados Unidos da América, se o visionário Presidente Kennedy, que lançou as bases para a chegada do Homem à Lua, fosse, também ele, socialista. Seria algo do género.

– Ouve lá, estou-te a dizer: eu, se aquecer um bocadinho os músculos, chego à Lua com um salto.

– Tu? Alguma vez? Não chegas nada. Vou mas é buscar o escadote para chegarmos à Lua.

– Não precisamos de escadote nenhum, pá. Ora deixa-me lá pôr às tuas cavalitas.

– Cavalitas? É que nem penses. Então eu ando à rasca da lombar. Até trago para aqui um emplastro e tudo.

– Ah, estou a ver. Então nesse caso é só esperar até estares bom. Quando é que tiras o emplastro?

– Hum. Nunca antes de 2030.