Portugal é o eterno país “à beira-mar plantado”. Talvez a atualidade da expressão resida no facto das nossas raízes, a partir das quais podemos caminhar para um futuro sustentável, ecológico e de crescimento económico, estarem no mar.

A questão de fundo é saber se no nosso território há ativos que permitam desenvolver uma proposta de valor inovadora, diferenciadora, de qualidade. No campo do turismo de natureza, muito especialmente no turismo de mergulho, se podemos montar uma oferta que rivalize com os melhores destinos de mergulho do mundo. Valerá a pena olhar para mais longe e mais fundo?

Portugal Continental, os Açores e a Madeira – este “triângulo oceânico” – oferecem quase tudo o que se pode encontrar por esse “mar” fora. Diria que excluindo os ambientes como o do celebrizado “Nemo” não nos falta mesmo nada para quem gosta de respirar debaixo de água.

Portugal Continental tem disponível na sua costa uma moderna infraestrutura de suporte ao mergulho. Bem equipada, com colaboradores que enquadram quem nos visita, com competência e simpatia, surpreende invariavelmente o turista que quer experimentar o mergulho em Portugal.

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Estando em Portugal de férias, são muitos aqueles que por curiosidade procuram experiências de mergulho e são incontáveis as vezes em que uma visita ao centro de mergulho para fazer o chamado “batismo”, (experiência para não mergulhadores), acaba na compra de um curso ou na marcação de mais mergulhos.

Assistimos nos últimos anos a um crescimento acentuado da procura por turistas que estão em Portugal de férias e o impacto da pandemia não se fez sentir tanto neste universo.

Muitas vezes quem viaja para mergulhar, fá-lo acompanhado por pessoas que não mergulham. Este segmento é sem dúvida o que aporta mais valor e tem em Portugal uma alternativa que é mesmo mais interessante do que os destinos de mergulho tradicionais.

Primeiro, porque esses destinos acolhem um número muito grande de mergulhadores, estão algo “gastos”. A concentração de praticantes torna-se desagradável, indesejável e impacta a qualidade da experiência subaquática.

Segundo, Portugal oferece alternativas “à superfície” incomparavelmente mais interessantes. Na maioria dos destinos que consideramos concorrentes, não existem alternativas ao mergulho, ou as que existem são suplantadas pela nossa oferta. Ou não teria Portugal conquistado o reconhecimento que angariou nos últimos anos.

Em terceiro lugar, o nosso meio subaquático tem-se revigorado: a criação de reservas marinhas possibilitou o reaparecimento de inúmeras espécies, o nosso fundo do mar reserva-nos agradáveis surpresas cada vez que mergulhamos.

Por último, as contrariedades de alguns são oportunidades para outros. Estamos no rescaldo de quase dois anos de pandemia, mas estamos a conseguir sair de uma crise que impacta fortemente a recuperação de alguns destinos. Portugal pode ser uma opção segura para muitos: o risco sanitário percecionado é baixo, temos cuidados de saúde de nível europeu e o risco de expatriamento em caso de lockdown é claramente aceitável, estando na Europa. Hoje, são muitos os que nos visitam para mergulhar e que atestam que essa foi uma das razões por que vieram.

Da combinação destes quatro fatores resulta que somos efetivamente capazes de competir internacionalmente com os “melhores” destinos de mergulho.

Podemos não ter o “Nemo”, mas temos os ativos necessários para montar uma proposta de valor incomparavelmente mais interessante do que as tradicionais escolhas. Com algum esforço e a competência que sabemos que existe, conseguiremos erradicar do diálogo a exclamação: I didn’t know we could dive in Portugal.