Surgiu recentemente uma alteração às informações que haviam sido disponibilizadas para os exames nacionais 2021, especificando agora a sua estrutura de uma forma mais clara e percetível para os estudantes e professores.

As alterações não são muito significativas em termos práticos, pois traduzem-se numa redução, substancial, das questões consideradas facultativas e, consequentemente, um aumento, também substancial, das questões obrigatórias, onde, no caso particular da Geografia, se integram as perguntas consideradas de resposta extensa, ou seja, aquelas onde o grau de dificuldade poderá ser superior.

Contudo, o que deveríamos estar a considerar, em relação aos exames nacionais, era na realidade o potencial que este período apresenta para uma revigoração dos mesmos.

Começamos pela sua obrigatoriedade, que acontece todos os anos, exceto nestes últimos, ditos especiais, por causa da Covid e do ensino não presencial.

Para que serve o exame nacional?

Na realidade afeta uma percentagem da nota final da disciplina e contabiliza como prova de ingresso se estiver assim definida pelo curso de ensino superior pretendido pelo estudante.

Ora aqui está a grande questão. Muitos dos exames realizados pelos alunos não lhes servem de prova de ingresso, pois se um aluno pretende utilizar o exame de Português, não necessita de fazer o exame de Geografia e vice-versa.

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Assim sendo, a grande maioria dos exames apresenta uma finalidade limitada à afetação da nota final dessa disciplina.

Considero que isso é incorreto e que uma das grandes medidas tomadas em função da pandemia, tornar os exames facultativos e servirem apenas enquanto prova de ingresso ou melhoria da classificação interna, é, de facto, o caminho a seguir futuramente.

Vivemos num momento onde os estudantes começam a apresentar precocemente desgaste mental, onde confinamentos e doenças pioraram o seu bem-estar, e, portanto, devemos considerar que merecem a pequena benesse de poderem, desde o ensino secundário, fazer efetivamente apenas o caminho que lhes compete.

A pressão adicional de fazer outros exames nacionais, retira-lhes o foco daquilo que pretendem verdadeiramente, o derradeiro exame de prova de ingresso, e isso vai condicionar o seu desempenho nestes momentos verdadeiramente decisivos para o seu futuro.

Reparem que não estamos a falar de facilitismos, caso contrário manteríamos as questões facultativas na sua quase totalidade e a decisão do IAVE foi de fazer o inverso. Estamos, sim, a falar, aproveitando o momento onde se vão procedendo a alterações anuais, de focar os nossos estudantes no seu próprio caminho e aliviar pressão para seguirem esse mesmo caminho, garantindo que a sua atenção e o seu estudo estão focados no desenvolvimento pretendido por eles próprios.

Claro que devemos auxiliar uma correta escolha e incentivar a diversificação de opções, ou pelo menos garantir uma presença em dois exames nacionais, ao longo de todo o ensino secundário, contudo libertar os grilhões da obrigatoriedade e confiar que os nossos estudantes sabem o caminho que pretendem seguir e a alternativa mais viável para esse caminho.

Concluindo, vamos antecipar o direito das nossas crianças de terem a opção de especificar o seu próprio percurso e vamos continuar a apostar nos exames nacionais do ensino secundário facultativos e com finalidades únicas de prova de ingresso para o curso universitário pretendido ou de melhoria da classificação interna da disciplina.

Vamos alimentar e estimular o bem-estar nos nossos jovens, pois a sua qualidade de vida e a sua saúde mental devem ser uma máxima prioridade para o nosso sistema de ensino.