Em 1999 a cidade de Belgrado foi bombardeada pela NATO e a população foi obrigada a proteger-se em casa durante a primavera. Não era um vírus, mas eram bombas que caíam do céu. E matavam.

Uma vez um jovem sérvio rececionista de hotel contou-me que durante esses dias as famílias juntaram-se em alegres churrascos dedicados às crianças. A música aumentava de volume para que os mais novos não se apercebessem das explosões provocadas pelos ataques aéreos. E, no final, era assim que ele recordava aqueles dois meses de isolamento.

Vinte e um anos depois, a Europa está outra vez em guerra. As pessoas têm novamente que se esconder em casa e nem o contacto com vizinhos é permitido. Neste caso, o inimigo é silencioso e ataca o mundo inteiro. Não basta aumentar o volume da aparelhagem como na Jugoslávia.

Não sabemos quanto tempo vai durar a clausura, mas não podemos deixar que o nosso medo passe para as crianças. Porque, quando a tormenta passar e o último infetado curar, serão as memórias dos mais pequenos que nos dirão, um dia, quem venceu realmente esta guerra.

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