É rara a casa que não tem uma despensa. Umas que guardam produtos alimentares essenciais para a confeção de refeições e outras cujo propósito é maioritariamente esconder bolachas e guloseimas em demasia, mas não há nenhuma que garanta sempre todos os produtos como se de um mini supermercado se tratasse. Bem, pelo menos dentro de casa, já que as cidades começam a ser invadidas deste tipo de despensas, mas que adotaram outro nome.

São cada vez mais em número e em adeptos. Já não são tão desconhecidas da população, embora dificilmente sejam vistas por alguém. Guardam consigo todos os produtos e mais algum e mesmo assim não param de adicionar novidades à sua oferta. Chamam-se dark stores, mas querem ser conhecidas como as despensas que vivem nas cidades. E como é que funciona uma despensa à distância? A resposta está no poder do digital que consegue aproximar as necessidades e desejos dos consumidores.

Estas despensas “da moda” não estão organizadas de forma a despertar os sentidos de quem lá procura determinado produto e a conquistá-los pela variedade de cores e sabores que guarda consigo. Pelo contrário, foram feitas para estar longe da vista do consumidor, mas sempre perto dele e preparado a dar resposta às suas necessidades. São novas formas de consumo e aquisição de produtos que potenciam ao máximo o uso da tecnologia para fazer crescer o setor do retalho.

Reforçando a ideia de que todas as casas têm uma despensa, há que relembrar também que há quase sempre algum produto que falha e que obriga quem lá vive a deslocar-se até ao supermercado ou mercearia mais próxima e a perder, talvez, uma fatia de tempo considerável em deslocações e filas. São 30 minutos e uma série de constrangimentos, e tudo por um artigo básico. Ora, as dark stores surgiram exatamente para combater esses constrangimentos e garantir que nada falta nas despensas.

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A necessidade de última hora de comprar determinados produtos calha a todos e essa é, habitualmente, a mais urgente e difícil de cobrir. Para ajudar, há agora alternativas digitais para suprimir essa procura, através de estafetas que recolhem e entregam ao domicílio tudo o que o consumidor precisa em poucos minutos. Estas soluções chegaram então para cimentar a tendência do “comércio rápido” (ou quick-commerce, em inglês) e trazer para o quotidiano do consumidor aquilo que mais precisam: comodidade e tempo.

Todas as casas devem continuar a garantir sempre um espaço de armazenamento de alimentos e produtos alimentares, mas o que muda é o facto de não houver problema se algum estiver a faltar. Se falhar na despensa de casa, há agora o complemento destas despensas que vivem fora dela, e que garantem a ajuda necessária quando, à última hora, se dá pela falta de algum produto essencial. As duas opções coexistem, cobrem as mesmas carências em momentos diferentes e dão a oportunidade ao consumidor de tirar partido do melhor dos dois mundos: a magia da despensa tradicional com a comodidade da que está à distância de um clique no digital.

O futuro do retalho evolui consoante as necessidades e desejos do consumidor e apesar do que se possa pensar, estes vão além dos bolos e doces guardados na despensa. Cada vez mais encontramos uma população que vive no imediato e que se alimenta sobretudo de comodidade e tempo. Por isso, quando a nossa despensa vive fora de casa, o truque é aproveitar tudo o que nos dá sem ser preciso ir até ela. É deste tipo de alternativas que se faz o futuro e se aconchega o estômago.