Seria útil que a União Europeia aplicasse à sua acção política o princípio da navalha de Ockham (nome herdado do seu autor, um dos mais destacados pensadores europeus).

Assim e aplicado à questão do Estatuto de Economia de Mercado da China, este princípio, que propõe privilegiar as posições mais simples mesmo face a problemas complexos, levaria a Europa a recusar o estatuto sem alimentar controvérsias jurídicas sobre o que diz ou não o Protocolo de Adesão da China à Organização Mundial do Comércio.

Quinze anos após a sua adesão a esse Protocolo, a China ainda não efectuou voluntariamente as reformas necessárias para cumprir os cinco critérios definidos pela União Europeia.

E é por este motivo que recusamos considerar automática a concessão deste estatuto à China. Enquanto deputados ao Parlamento Europeu, defenderemos os interesses das empresas e os postos de trabalho europeus.

As pressões da China, bem assim como a urgência da decisão, que a Europa deve tomar antes do mês de Dezembro, não devem contudo levar a Europa a aumentar a vulnerabilidade da sua economia.

Com efeito, a concessão do Estatuto de Economia de Mercado à China modificaria os nossos métodos de defesa comercial e enfraqueceria as nossas empresas. Assim, deixaríamos de ser capazes de combater a concorrência desleal, numa altura em que, para proteger o emprego e as empresas europeias em diversos sectores, estão em vigor na Europa mais de 50 medidas anti-dumping contra a China.

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Exortamos, por conseguinte, a União Europeia a agir de forma concreta e o mais rapidamente possível. Nada fazer e continuar à espera seria dar provas de inconsciência!

A União Europeia deve falar a uma só voz e desenvolver uma verdadeira estratégia para preservar os seus interesses económicos.

De forma mais geral, os debates em torno do Estatuto de Economia de Mercado da China recordam a necessidade de a União Europeia relançar uma política comercial mais agressiva.

Devemo-nos dotar de meios para defender as nossas empresas e os nossos postos de trabalho face a qualquer dumping, seja este de natureza fiscal, social ou ambiental.

É portanto urgente que a Comissão e os Estados-Membros acelerem o processo de modernização e o reforço dos nossos instrumentos de defesa comercial.

A União Europeia deve também assumir uma atitude mais ofensiva sobre o acesso das suas empresas aos mercados externos.

A Europa deve, de uma vez por todas, deixar de abrir os seus mercados aos Estados que não respeitem os princípios da reciprocidade e do equilíbrio das relações económicas.

É adoptando uma posição clara e determinada nestes domínios que a União Europeia se tornará uma verdadeira potência económica e política respeitada na cena internacional.

Este artigo foi subscrito pelos seguintes eurodeputados, membros do Grupo Parlamentar do Partido Popular Europeu (PPE): – Salvatore Cicu (Itália), Lara Comi (Itália). Santiago Fisas Ayxela (Espanha), Elisabetta Gardini (Itália), Alain Lamassoure (França), Franck Proust (França), Fernando Ruas (Portugal), Tokia Saïfi (França), Massimiliano Salini (Itália), Antonio Tajani (Itália), Jarosław Walesa (Polónia), Iuliu Winkler (Roménia) e Pablo Zalba Bidegain (Espanha)