A pandemia ainda mal terminou e o mundo vive de novo em angústia. A invasão da Ucrânia pela Rússia e toda a sequência de acontecimentos que se lhe seguiu confronta-nos com uma escalada de preços, escassez de matérias-primas e uma profunda desconfiança sobre o futuro.

Nos últimos dois anos, os consumidores europeus tiveram sempre acesso a produtos seguros, de elevada qualidade e a preços acessíveis. As frutas e legumes estiveram sempre nas prateleiras e esta segurança é prova da enorme importância da Política Agrícola Comum.

Mas a valorização dos alimentos vai ter de crescer em toda a cadeia agroalimentar. Antes da guerra já registávamos recordes nos custos energéticos, nos combustíveis, nos transportes, na mão de obra. A situação de seca extrema fez disparar preços. Este cenário já era real. Agora, o movimento de subida nos custos acelerou a um ritmo galopante. E não nos podemos esquecer das abissais diferenças nos preços dos combustíveis face a Espanha – uma desvantagem competitiva que, agora, se acentua.

Num momento em que é fundamental garantir o acesso de todos os consumidores a bens de primeira necessidade e a preços acessíveis, alerto para que a justa distribuição do valor na cadeia alimentar seja uma prioridade para todos os agentes envolvidos. Produção, indústria e distribuição terão de trabalhar em estreita articulação para minorar a escalada de preços. E remunerar os produtores de forma justa é fundamental para garantir alimentos seguros e de qualidade.

Perante este novo contexto é urgente adaptar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português à nova realidade. Os apoios têm de ser bem canalizados, de forma a responder às reais necessidades das empresas e atenuar os graves efeitos que já estamos, todos, a sentir.

É ainda necessário rever a Política Agrícola Comum (PAC) e focar este instrumento no aumento da produção de alimentos e na garantia de uma autonomia estratégica alimentar na União Europeia, sempre com um equilíbrio adequado entre a sustentabilidade ambiental, social e económica. Portugal e a União Europeia têm de aumentar a produção de frutas e legumes e reduzir a dependência externa.

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