Pedro Costa, deputado à Assembleia Municipal de Lisboa pelo PS e presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, assinou na semana passada, aqui no Observador, uma descrição argumentada da política de mobilidade do partido dele. Pressupondo agressões injustas, chamou ao exercício Três mitos sobre uma visão de mobilidade. Vamos examinar cada um desses pontos e o que eles nos indicam vistos em conjunto.

1 “O PS acha que todos devem andar de bicicleta”

A palavra bicicleta só aparece no título; para descrever o “mito”, ele usa o horrível eufemismo “mobilidade suave”, que só é suave enquanto as pessoas não partem a boca ou as rótulas dos joelhos. Pedro Costa explica que a bicicleta melhora a circulação de automóveis, pelo seguinte expediente de álgebra elementar: quem vai de bicicleta não vai de carro. É uma boa observação, convenhamos: quando uma criatura, em determinado dia, faz de bicicleta um determinado trajecto, essa criatura tendencialmente deixa de o fazer de carro, por não ser costume multiplicar-se em duas criaturas: uma, mais velhaca, ao volante, contaminando o ar; e outra de bicicleta, rosada de saúde física e cívica, largando atrás dela irrespiráveis vapores de virtude. É desta maneira engenhosa que, na visão do PS, as bicicletas deixam espaço livre nas faixas de rodagem para “quem precisa” de utilizar o carro.

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