Depois de uma vitória, inesperada para muitos, desejada por outros tantos, depois da aprovação das listas de candidatos a deputados é importante redefinir o objetivo que agora não pode ser de A ou B, mas sim do PSD. Sobre as listas de deputados não posso deixar passar o facto de que ninguém pôde dizer que não estava avisado sobre a estratégia definida por ambos os candidatos e, livre e democraticamente, muitos foram os que se posicionaram contra o atual líder. Tudo bem se não fosse a forma vergonhosa (chamando os bois pelos nomes) como, mesmo não concordando com a estratégia, quiseram dela fazer parte, fazendo questão de integrar as listas. Não tem outro nome, menos ainda o de unidade. Adiante, cada um viverá com a sua consciência.

Considero que Rui Rio terá ganho pela forma clara com que expôs os possíveis cenários pré e pós-eleitorais, sendo que ontem ficou decidido no Conselho Nacional que o PSD irá a eleições sozinho, sem nenhuma coligação prévia.

Percebo que para algum eleitorado este posicionamento de Rui Rio, mais ao centro, possa não ser pacífico, até pelo receio que haverá de um regresso do bloco central. No entanto, esse cenário já foi negado pelo próprio Rui Rio. Não irá acontecer. O que não quer dizer que para se fazerem reformas estruturais não seja necessário encontrar acordo ao centro, com o PS. Ora sobre essa intenção, Rui Rio também foi bem claro.

Por sua vez, o que fez com que Rangel perdesse as diretas foi precisamente a pouca clareza do projeto, nunca definindo muito bem que reformas estruturais pretendia fazer ou mesmo como pretenderia garantir a governabilidade. Ao anterior acresce o facto de nunca ter apresentado as intenções de possíveis cenários pré e pós-eleitorais. Cada vez menos as pessoas estão para cenários indefinidos, precisamos todos de saber com o que contar, como aliás tive ocasião de aqui escrever.

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Estes foram os principais fatores que determinaram o resultado das diretas. O PSD, democraticamente, reforçou a legitimidade de Rui Rio e conferiu-lhe uma enorme responsabilidade: governar Portugal. Neste momento, Portugal é um país altamente colonizado pelo PS, com um Estado tentacular, regulador e asfixiador, um custo fiscal cada vez maior, ameaçando fazer de Portugal o país mais pobre da União Europeia. Há uma sensação globalizada de que em seis anos, e de mãos dadas com a esquerda, o PS não foi capaz de retirar da letargia todo um país. Muito pelo contrário, o que se conseguiu foi transformar-nos cada vez mais num país de pedintes e dependentes do Estado, estratégia que garante votos por uma questão de círculo vicioso. Isso foi notório com as eleições autárquicas que só não foram de maior perda para o PS precisamente por esta dependência que as pessoas e as empresas vão tendo do Estado e que consideram que sem ele não sobrevivem. No fundo é a venezuelização em curso. Todos pobres e dependentes do Estado é o que se quer. Piora quando usam a narrativa de que a direita não pode ir para o poder pois cortará os subsídios e não quererá saber dos mais vulneráveis. Obviamente que quem usa este discurso não refere que a social democracia tem como princípios a proteção social dos desprotegidos. O que não faz é empobrecer os demais para os poder ter sob a sua alçada.

O PS quer-nos fazer acreditar que sem os subsídios, e sem o PS a governar, não conseguimos sobreviver. Tal e qual a metáfora segundo a qual “um pássaro que nasceu numa gaiola acredita que voar é uma doença”. Rui Rio trará a recusa a ter de fazer o ninho nessa gaiola para que a dependência do Estado não seja o destino de todos nós e dos nossos filhos.

O PSD é o único partido à direita do PS que pode governar. É para essa governação que devemos apontar. É o momento, sem falsas modéstias, de pedir maioria, pedindo a focalização do voto no PSD. Só assim conseguiremos que a 30 de janeiro o país saia do marasmo a que o PS nos trouxe.

Uma governação a solo, com acordos parlamentares para as grandes reformas, mas um governo que dependa apenas de si. Tenho poucas dúvidas de que as reformas duradouras, como na justiça, SNS e, acrescento eu, na sempre esquecida Educação, só se fazem com um acordo que inclua o PS, mas é perfeitamente possível e desejável que o PSD governe sozinho.

Isso só é possível se conseguir captar os votos no espaço à sua direita, seja na IL, seja no CDS, seja no Chega. A luta não será fácil, mas o objetivo tem de ser ambicioso. O PSD tem de conseguir governar sem o PS. A mensagem tem de passar, sem confundir aquilo que se quer, governar, com aquilo que se tem de ter para as reformas.