1. Nas eleições internas do PSD, contra Santana Lopes, Rui Rio passou a campanha a dizer que o PSD não era um partido de direita, mas sim do centro, e a distanciar-se da liderança e do governo de Passos Coelho, considerando que havia estado demasiado à direita. Mais, garantiu aos militantes do PSD que seria o melhor candidato para ganhar as eleições contra António Costa e que sabia como ganhá-las ao centro. No Congresso que o consagrou como líder do PSD, no discurso de encerramento, Rio afirmou de novo que o PSD era um partido social democrata, no sentido europeu, e declarou-se como um discípulo intelectual e ideológico de Helmut Schmidt, um líder histórico do centro esquerda alemão.

No ano e meio que se seguiu, nunca defendeu o legado do governo de Passos Coelho. Pelo contrário, com uma cumplicidade silenciosa, deixou as esquerdas atribuírem a esse governo todos os problemas do país. Continuou, juntamente com os seus apoiantes mais próximos, a atacar as ideias liberais e conservadoras, considerando que não tinham lugar no seu PSD. Muito do eleitorado de direita, que se considera naturalmente liberal e conservador (ou simplesmente de direita), sentiu-se hostilizado e mesmo mal-tratado. Durante ano e meio, Rio nada fez para conquistar esse eleitorado, o qual, obviamente, não se sente representado pela liderança do PSD.

Um ano e meio depois, Rio sofreu uma derrota enorme nas eleições europeias e todas as sondagens dão o PS a crescer, o Bloco de Esquerda e o PAN igualmente a subirem, e o PSD a descer. Se o PS e o BE crescem simultaneamente, é evidente que o PS está a conquistar votos no centro, e não à esquerda. E é também evidente que o PSD não está a conquistar votos ao centro e está a perdê-los à direita para a abstenção. Em suma, a falência da estratégia centrista de Rio está à vista de todos. Até os mais próximos de Rio o começam a abandonar, como Salvador Malheiro (a quem Rio deve a liderança do partido) que neste momento só se
preocupa em encontrar um militante que possa derrotar Luís Montenegro.

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