Fiz o check-in, no telemóvel, na noite anterior ao voo.
Adicionei o bilhete eletrónico à app Wallet. Facilitava-me a vida e protegia o ambiente.
Consultei o AccuWeather para finalizar a mala de viagem. No telemóvel. Apanhei mais um casaco.
De seguida ativei o despertador do telemóvel para as cinco da manhã. Tinha de estar às seis no aeroporto.
Pus o telemóvel a carregar ao mesmo tempo que dei a última vista de olhos na agenda, para mentalmente organizar o dia seguinte, antes de o deixar em cima da mesa de cabeceira.
Dormi. O despertador do telemóvel tocou. Acordei.
Vi o mail no telemóvel e respondi a um colega sediado nos Estados Unidos.
Depois de tomar o pequeno-almoço e fazer a higiene pessoal, chamei um Uber, no telemóvel.
Durante a viagem de carro, no telemóvel, consultei a porta de embarque e de seguida as redes sociais.
Precisava dinheiro. Já no aeroporto gerei um código MBWay e levantei 50€. Pedi um café e paguei via QR code. No telemóvel.
Estava a tempo, tranquilo e li as principais notícias. Aquelas que o telemóvel, com base no meu perfil de utilizador, me apresentou primeiro.
Recebi uma mensagem a informar que a gate estava aberta. No telemóvel.
Depois de sentado, dentro do avião, liguei o spotify, pus os phones e peguei na última folha do caderno digital das TIC que estava a meia leitura. Os principais temas eram cloud e 5G. No telemóvel.
Aterrámos. Ainda dentro do avião falei com a minha família via WhatsApp.
Fiz boa viagem. Os miúdos estão bem. Tudo no telemóvel.
Para clarificar desde já a minha posição, defendo na integra a proteção dos dados pessoais, individuais ou coletivos. Grande parte das nossas atividades são hoje desenvolvidas em cima de tecnologia. Isto significa que deixamos um rasto digital em tudo o que fazemos. Ao mesmo tempo permitimos antever parte do nosso futuro e adivinhar ações planeadas.
Para além da atividade comercial direcionada, gestão de preferências, informação, divertimento e trabalho, também a segurança pública e justiça pode ser fortemente melhorada com base na identidade digital. Não estou a falar de cibersegurança. Falo de uma arma de defesa das nações para as pessoas. Não o cibercrime.
Trata-se de trazer mais dados como fontes de análise e sobretudo ter coragem de atuar com os mesmos. Torná-los válidos.
É preciso pensar estruturalmente sobre a identidade digital. Criar grupos multidisciplinares de trabalho. Estamos numa nova era. Temos obrigação moral, social e jurídica de progredir.
Tudo no telemóvel.
Head of Telecoms, Portugal & Global Engineering Center, Altran