Ultimamente tem-se assistido a uma discussão – boa – sobre o que deve ser a direita em Portugal.

A divisão que alguns propõem – particularmente Aguiar-Conraria no Observador — é que, na direita, deveria existir um género de cisma entre conservadores e liberais.

No entanto, parece-me cedo para esse cisma. Tal divisão, neste momento, tenderá a favorecer a esquerda que gosta e deseja, ver a direita fracturada. Para mais, a ideia subjacente neste conservadorismo que se propala, tem a haver com os costumes (vide textos de Morais Vaz e António P. Barreiro em o Observador). Ou seja, uma reacção – tardia – à agenda do Bloco.

É óbvio que existem grandes diferenças – no que aos costumes diz respeito – dentro do universo da direita. Mas também existem à esquerda. O PCP é naturalmente conservador e dentro do PS coexistem correntes conservadoras, liberais e mesmo ultraliberais.

Aliás, como é bom de ver, se quiséssemos forçar a uma clarificação dentro da Direita, poderíamos provocar as seguintes – no mínimo – consequências:

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Neste momento da vida em Portugal, é mais necessário correr com comunistas, trotskistas e a camarilha que subsiste dos tempos de Sócrates, do que gastar energias em guerras intestinas.

Cabe à direita continuar a combater as ideias forjadas pela esquerda, sobre o que é ser de direita, aceitando no seu seio os liberais e os conservadores.

Mas, o que é ser de direita, costumes à parte? Ser de direita, implica ser a favor de um Estado pequeno, mas forte. Que deixe a iniciativa privada respirar e prosperar. Que seja particularmente duro no ataque à corrupção. Que não desculpe o criminoso, pelo seu percurso de vida. No fim, o responsável, é quem prime o gatilho e não o Pai, a Mãe, a escola, os transportes e mais não sei o quê.

Ser de direita é ser por um Estado que não infantilize os cidadãos, deixando-os saber como poupar para a sua reforma, como tratar da sua saúde. Que os deixe escolher a escola onde os seus filhos devem estudar.

É não esquecer a história do seu país e a tradição – judaico-cristã – do seu povo.

É não abdicar de ter umas Forças Armadas que defendam a soberania no seu território e os seus interesses, onde quer que existam.

É defender a nossa língua. É defender o património e não os caciques que fazem espectáculos que ninguém vê, filmes que não chegam aos cinemas e outras pérolas de um Estado que acha que deve fazer tudo, controlar tudo, mas que acaba por dar sempre aos mesmos. Aos amigos.

É ser a favor de uma justiça, que corra célere e não seja manietada por procedimentos criados à medida do faltoso – mas proclamada como defensora dos direitos individuais – permitindo que os casos morram de velhice.

É defender que os direitos de uma sociedade, não podem ser tomados de assalto pelos interesses de pequenas minorias.

É querer que o país não gaste mais do que aquilo que ganha

Ser de direita é não ser internacionalista, o que é muito diferente de ser nacionalista. É acreditar na globalização e no livre comércio, mas ser contra a abolição dos direitos dos estados. É ser Patriota.

Assim, não vejo como não aceitar na Direita, quem – defendendo o acima exposto – seja a favor, ou contra o casamento homossexual, a despenalização das drogas leves ou a eutanásia.

A pergunta que se pode fazer é quem é que não tem lugar nesta direita. Quem não deve entrar são os reaccionários que querem voltar atrás no tempo, que acham que o sexo só serve para reprodução, que entendem que a homossexualidade tem “cura” e que não entendem que o cristão prima pelo exemplo, por aquilo que é a sua vida política e não por impor aos outros a sua maneira de ser.

Sim, nesta direita, cabem Adolfo Mesquita Nunes, Francisco Rodrigues dos Santos, Assunção Cristas, Santana Lopes, Passos Coelho. Rui Rio ainda não sei.