Rui Rangel a avaliar um recurso da Operação Marquês? Será que a Justiça portuguesa quer destruir de vez a sua credibilidade? É que se não quer, parece.

Vamos por partes, que só indo por partes é possível esclarecer o ponto a que chegámos. Ou melhor, a desvergonha a que estamos a assistir, sem garantias que alguém lhe ponha rapidamente cobro.

Primeiro temos de começar por Rui Rangel. Há muito, muito tempo que o histriónico juiz deveria ter sido mandado ir descansar para casa, colocar os pés de molho ou dedicar-se ao Benfica, às televisões ou aos amigos. Mas sempre longe dos tribunais. Há muito que o estatuto daquela profissão devia inibir os seus membros de se passearem pelos órgãos de informação a comentarem assuntos de Justiça, mas Rui Rangel exorbitava. Nunca esquecerei a noite em que, em má hora, aceitei participar num debate televisivo sobre o processo Casa Pia em que Rui Rangel também esteve presente: ele começou por dizer que nada diria sobre o caso em concreto pois ele podia acabar por lhe cair nas mãos e depois não fez outra coisa senão zurzir na juízes de instrução e primeira instância. Por hábito higiénico trocava de canal sempre que o via aparecer, fosse para falar de futebol ou de Justiça, mas isso não me impediu de saber que ele não perdeu esse hábito de fazer o que dizia que não iria fazer, continuando a comentar processos que um dia, como juiz da um Tribunal da Relação, poderia ter de julgar. Nunca teve pudor, nunca deu sinais de conhecer limites, nem sequer se preocupava muito em escondê-lo.

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