Espero que sim. Espero que seja desta que Lisboa, a capital do país e uma das mais belas cidades do mundo, se livra de um presidente de Câmara que, tendo usufruído de um crescimento sem paralelo das suas receitas, fez muito pouco, mas mesmo muito pouco.

Claro que a imagem de um homem que faz coisas, cultivada nas tv’s onde esta gente tem sempre um lugar cativo, e apoiada por uma imprensa amiga (assim como por uma comunidade artística e cultural subsídio-dependente) será muito difícil de desmascarar/desmontar.

Note-se que, agora, até a ideia que se trata de um homem cordato e bom conversador se quer impingir (pasme-se que Marques Mendes alinhou nessa historieta). Não é assim. Estamos perante um pequeno ditador, arrogante, sem qualquer paciência para o debate, para o accountability. Para o que define uma democracia.

Só quem não assiste – e é uma pena que a comunicação social não o faça com regularidade – às sessões da Assembleia Municipal de Lisboa (AML) não entende as minhas palavras. Medina, aliás como o seu amigo e antigo “dono de Lisboa” Arqt.º Salgado, entendem as idas à AML como uma verdadeira chatice, um pró-forma que tem de ser cumprido. Só isso.

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Esta postura é igualmente replicada pelo “Zé” – o vereador Sá Fernandes – para quem ir à AML, é mais ou menos como ir assistir a uma peça chata no Teatro, ou seja, dá para dormir. Já a vereadora da Cultura – Catarina Vaz Pinto – consegue passar o seu estado de alma quando vai responder aos Deputados Municipais: Enfado. Mas até que percebo: É responsável por uma empresa camarária – a EGEAC – com centenas de funcionários, mas a Câmara mantém a sua Direcção Cultural com outras tantas centenas de funcionários! É que é muita cultura…

Se os munícipes – e a comunicação social – assistissem mais vezes aos plenários, podiam assistir a um familiar de Carlos César a secretariar a Mesa da AML. Talvez se assistissem a esse espectáculo deprimente, ganhassem interesse no que vai acontecendo em Lisboa…

É que, como passa entre os pingos do escrutínio democrático, a AML serve para porto de abrigo de “velhos” militantes de alguns partidos. E chega a ser deprimente (para ser simpático).

Se existisse atenção, percebiam que o vereador Manuel Grilo do Bloco, com o pelouro da Educação e dos Direitos (?) Sociais, percebe tanto dos assuntos e tem tanto jeito para os mesmos, como eu para a Física Nuclear. Catapultado para a Vereação no rescaldo da saída do empresário turístico e especulador imobiliário Ricardo Robles, anda por lá a fazer passar um mau bocado a quem com ele tem que tratar de algum assunto. Lá vai Lisboa!

A par de Ricardo Veludo – que lufada de ar fresco após Salgado! – Carlos Castro era um bom vereador. O que lhe aconteceu? Medina deixou-o cair após o “escândalo” de ter sido vacinado com as sobras. Que fique claro, que entendo que fez muito bem em ser vacinado face à sua posição e à situação de ter que se usar as vacinas sobrantes daquele dia. De Medina nem uma palavrinha… (assim se vê o espírito de solidariedade, de grupo, que a personagem tem). Fossem os outros vereadores pessoas com espírito solidário (e sem necessitar do ordenado…) e tinham apresentado a demissão em apoio a Carlos Castro.

Estou certo de que Carlos Moedas saberá desmontar o foguetório que Medina faz à volta das ciclovias pop-up, do dinheiro oferecido à Web Summit, das obras de fachada, das casas para renda acessível que não existem, de um Hospital de campanha que não foi usado, dos autocarros novos usados em carreiras sem passageiros e se esquece de falar de uma EMEL que não regula coisa nenhuma e apenas vive da coima – sem a qual falia – como se esquece dos milhões pagos em condenações e como gosta de se esquecer que: se Lisboa ganhou dimensão internacional, se o Turismo explodiu, se os congressos gostam de ser aqui realizados e se existiu uma recuperação fantástica do edificado, tal se deveu à Lei “Cristas” relativa ao arrendamento.

Por mim, lisboeta que sou, autarca que também sou, fico à espera que seja desta.