Esta semana veio a público que José Sócrates está a viver numa casa de luxo na Ericeira. A casa de Sócrates tem vista para o mar, várias suites e
banheira jacuzzi. Quer dizer, a casa não é de José Sócrates. A casa é do primo de José Sócrates. Desde outubro. Antes era de um indivíduo angolano. Que a cedeu ao primo de José Sócrates. Que a emprestou a José Sócrates. Ou seja, é muito provável que, além de ter o melhor amigo do mundo – Carlos Santos Silva -, José Sócrates tenha também, em José Paulo Pinto de Sousa, o melhor primo do mundo.

Mas ao contrário de Carlos Santos Silva, que emprestava dinheiro a José Sócrates, o primo José Paulo prova ser mais perspicaz e empresta coisas. Faz lembrar aquelas velhinhas que quando são abordadas na rua por alguém a pedir dinheiro dizem logo: “Dinheiro não dou que você vai gastá-lo no vício, mas se quiser vamos ali ao café e compro-lhe uma sandes de fiambre.” Não sei se o primo de José Sócrates foi ou não testa-de-ferro do ex-primeiro- ministro nos subornos que é acusado pelo Ministério Público de ter recebido, mas a verdade é que, ao emprestar uma casa em vez de emprestar dinheiro, José Paulo mostrou ter dois dedos de testa-de-ferro.

Agora, também é preciso má vontade para apontar a José Sócrates o facto de, aparentemente, fazer toda a sua vida à base de coisas emprestadas. Se o têm deixado trabalhar sossegado nos esquemas para controlar o BCP e a CGD, e a orquestrar maroscas com o BES, muito provavelmente hoje em dia ele não precisava de pedir nada emprestado a ninguém.

Em reacção à notícia sobre a casa onde está a viver, José Sócrates explicou: “decidi aceitar um convite de um familiar que me é muito próximo, que me é muito querido”. Ah! Foi o Querido que ofereceu a casa a José Sócrates. Então a irritação de Sócrates quando questionado sobre este assunto deve vir daí: eu já vi o Querido várias vezes na televisão e eles remodelam a casa toda sem conhecimento do proprietário. Portanto, ao contrário do que aconteceu com a casa de Paris, desta vez José Sócrates não pôde escolher o chão. E isso aborrece.

Por estes dias não foi só em relação à casa da Ericeira que se discutiram direitos de propriedade. Desde o início da semana o YouTuber Wuant e a representante da Comissão Europeia em Portugal, Sofia Colares Alves, trocaram pontos de vista acerca da nova directiva da União Europeia sobre direitos de autor. A Sofia Colares Alves diz que a Internet não vai desaparecer; o Wuant garante que é o fim da Internet; a Sofia Colares Alves afirma que a União Europeia é um lugar de liberdade de expressão; o Wuant afiança que o seu canal vai ser apagado; a Sofia Colares Alves assegura que os memes não vão desaparecer; o Wuant garante que não vai haver mais memes. Como é evidente não faço ideia quem tem razão. Mas enquanto a Sofia Colares Alves se apresenta com um insípidíssimo “Caros YouTubers”, o Wuant começa todos os seus vídeos com um “Sup doods, o meu nome é Wuant”. É tudo meio em estrangeiro, semi-incompreensível, e com erros ortográficos. É óbvio que é o puto quem percebe mais de Internet.

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