É ótimo quando se tem uma boa relação amorosa, um bom namorado(a), um bom marido, uma boa mulher. Mas, se este não for o seu caso, por que há de sentir-se num desassossego permanente para encontrar alguém? É claro que é difícil estar sozinho, sem viver a cumplicidade a dois de uma relação amorosa. É bom sentir-se amado(a), cortejado(a), cuidado(a), desejado(a). É muito importante e necessário para se sentir satisfatoriamente narcisado. Mas, se não encontrou ainda correspondência num par amoroso, deixe por favor de se esforçar para encontrar à força. A energia que despende à procura de alguém gera um significativo nível de ansiedade e, pior ainda, leva-o(a) a desperdiçar energia que podia guardar para si. Afinal, quem é que tem mais valor se não você mesmo(o)a? Pergunta retórica! Resposta óbvia!

Pense nos pilares da sua vida: pessoas de família, filhos, amigos, trabalho, prática de desporto, estudo, viagens, atividades de lazer… Já são realidades suficientes para ocupar a cabeça e alimentar a alma, não?

Às vezes, é-nos difícil ficarmos contentes com a nossa realidade e simplesmente aproveitarmos os bons momentos que acontecem no momento atual da nossa vida. E, que tal lembrar-se de como aqueles amigos comprometidos com um casamento, um namoro ou uma relação se lamentam de não terem tempo livre para si mesmos?

Primeiro, não é uma fatalidade estar-se sozinho, sem companheiro amoroso. Segundo, a maior probabilidade é encontrar alguém quando menos o espera. E, se é verdade que a espera é difícil, quando tal acontece, o mais provável é dar por si a desfrutar, depois a suspirar… e a consciencializar-se de que, afinal, não estava assim tão mal quando tinha tempo para se dedicar às suas “coisas”.

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O grande desejo de encontrar alguém é consequência da angústia de se sentir só, de lhe ser insuficiente a imagem de si apenas reflectida pelo seu olhar e de acreditar que só o olhar apaixonado do outro o fará sentir-se bem consigo. Na verdade, deve aprender a gostar de si mesmo sem legitimações externas e ser uma boa companhia para si é a regra fundamental para o atingir! Os outros podem complementar esse bem-estar, mas nunca deve depender desses outros para a validação do seu amor próprio.

Faça um balanço dos seus planos individuais e do que sempre desejou para si. Aproveite o tempo que dispõe para se dedicar a si, com respeito e orgulho pelo seu percurso individual, gozando de todos os momentos e experiências da sua vida como uma aprendizagem contínua, um acréscimo ao seu valor como pessoa. Não se esqueça vez alguma de que a prioridade é equilibrar o seu bem-estar pessoal e o daqueles que dependem de si. Precisa de tempo para alimentar  as relações  com os sempre presentes pilares que sustentam a sua vida (filhos, trabalho, familiares, amigos e pessoas que lhe fazem bem).

E, é verdade que quanto melhor se sentir só, melhor se sentirá acompanhado. Faça uso das suas boas companhias internas.

anaeduardoribeiro@sapo.pt