O que poderia ser o conteúdo de um conto tradicional de um qualquer povo xamanista que habita a Sibéria transforma-se num caso de polícia e de política não graças ao sacerdote, mas a Vladimir Putin que parece já recear os poderes do além ou à sua corte que tenta adivinhar os desejos do czar.

Alexandre Gabychev é um sacerdote xamanista da Iakútia, no Nordeste da Rússia, que decidiu ir a Moscovo a pé e, com a ajuda dos seus “poderes sobrenaturais”, “expulsar o mal do Kremlin”. O “mal”, neste caso Vladimir Putin, deve ter ficado com medo dos poderes sobrenaturais do xamã, pois foi utilizado um forte dispositivo policial para travar a marcha. O escritor Victor Iegorov, um dos que acompanhavam o sacerdote, descreveu assim a sua detenção: “A estrada foi cortada pelos serviços de segurança. Havia várias dezenas de pessoas, em numerosos automóveis. Elas rapidamente cercaram o acampamento e dirigiram-se para a tenda do xamã. Atiraram-no para o chão, arrastaram-no e meteram-no num carro. Todas estavam armadas com pistolas automáticas e cassetetes. Tudo foi feito em silêncio!”.

Aexandre Gabychev foi levado para parte incerta “ na direcção de Ulan-Udé, capital da Buriátia”, república da Federação da Rússia onde se situa parte significativa do Lago Baical. Segundo os seus apoiantes, ele pode ser acusado de “organização de uma comunidade extremista”, o que pode implicar uma pesada pena de prisão. Dois dos seus seguidores foram detidos, o que provocou manifestações de protesto em Ulan-Udé não só contra a sua prisão, mas também contra os resultados falsificados das eleições locais.

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