A tecnologia está presente em todas as dimensões da nossa vida. E a saúde torna-se mais fundamental do que nunca. Neste campo temos assistido, especialmente nos últimos meses, mas também ao longo da última década, a uma evolução sem precedentes no que diz respeito às tecnologias da saúde.

O contexto da Covid-19 bateu-nos à porta com uma nova realidade e necessidade: um maior número de teleconsultas, de diagnósticos ou pré-diagnósticos, de acompanhamento do estado de evolução do doente por via remota. Esta alteração veio trazer, também a Portugal, alterações estratégicas estruturantes no investimento tecnológico no Serviço Nacional de Saúde (SNS), que revelam que intervenientes na saúde olham para ela como uma necessidade.

As consultas de telemedicina aumentaram cerca de 35% entre janeiro e abril deste ano, face ao período homólogo de 2019, e, só no mês de abril de 2020, aumentaram cerca de 50% face ao mesmo período do ano passado. Estes dados mostram que a telemedicina, enquanto facilitadora e otimizadora dos procedimentos do SNS, pode vir a tornar-se num sinónimo de equidade no acesso aos cuidados de saúde e de um tratamento adequado, garantindo assim que todos os doentes têm acesso aos mesmos cuidados e acompanhamento, independentemente da classe social ou do local onde vivem.

Contudo, para ser possível garantir a diminuição da desigualdade nos acessos a cuidados de saúde, é importante aumentar a literacia em saúde e tecnologia, isto é, criar condições para que qualquer pessoa consiga ter acesso a uma consulta à distância e o que isso implica, como por exemplo, ter acesso a internet, a um computador ou telemóvel. Temos de promover a interajuda das gerações para todos conseguirmos acompanhar a evolução que estamos a viver na área da saúde.

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É salutar que Portugal seja um dos quatro países no mundo com um plano estratégico nacional dedicado aos cuidados médicos e de saúde à distância, que irá permitir ultrapassar as barreiras geográficas no acesso (equidade geográfica) a consultas de especialidade, algo que infelizmente continua a ser um constrangimento no nosso país. Esta evolução digital, necessária para uma melhoria dos cuidados de saúde, sai reforçada da pandemia causada pela Covid-19 e traz grandes benefícios, permitindo um diagnóstico mais atempado em alguns casos e com um grande impacto na monitorização e acompanhamento do doente crónico, que possibilita ainda a redução de algumas despesas em saúde diretas e indiretas das famílias portuguesas.

A pandemia da Covid-19 obrigou-nos a reequacionar o tipo de acompanhamento que é dado aos doentes, bem como as formas mais sustentáveis de dar respostas na área da saúde. Os profissionais de saúde tiveram de se adaptar ou aumentar a sua atividade no mundo digital.

Na indústria farmacêutica, a tecnologia é nossa aliada como forma de inovar na área da saúde, seja a nível de variedade e tipo de medicamentos, seja nos serviços de saúde e acompanhamento prestados aos doentes. O investimento na digitalização da saúde, tal como nos medicamentos inovadores, biológicos e biossimilares, contribuem para a sustentabilidade dos sistemas de saúde a longo prazo e são um benefício da evolução global (bio)tecnológica.

A resposta portuguesa dada à emergência nacional foi completamente válida e a possível dentro daquilo que é uma situação de saúde pública global muito grave e inesperada. Ainda há um caminho a percorrer, relativamente à telemedicina em Portugal, no sentido de ser feita de uma forma mais organizada no dia-a-dia clínico. Devido à crise de saúde pública, muitos profissionais de saúde não tiveram o apoio, nem o tempo necessário para adaptarem a sua atividade ao mundo digital.

Para capacitar todos os intervenientes na área da saúde para a utilização das ferramentas digitais, o apoio da indústria farmacêutica torna-se muitíssimo relevante. Surgem plataformas e estudos para saber a opinião de médicos e doentes, averiguar a viabilidade do novo formato como alternativa no futuro e, ainda, novas plataformas, como a Virtual Healthcare, que pretendem apoiar os profissionais de saúde na adaptação a este novo contexto laboral, orientados para a prática clínica, e que procura ser um local de informação, formação e partilha no âmbito de áreas como a Telemedicina, Ferramentas Digitais, E-Consulta e E-health.

O ensino na área da ciência também ficou comprometido com a pandemia e foi necessário criar plataformas educativas online, como a LabXchange, onde professores e alunos podem recorrer a laboratórios virtuais, ou a Khan Academy’s, uma plataforma online de e-learning, onde também estão disponíveis conteúdos e ferramentas para ajudar os estudantes a continuar a sua investigação.

Estes são exemplos de como otimizar as ferramentas digitais para melhorar a articulação entre as estruturas de saúde, o que se traduz em ganhos ao nível da otimização de recursos, com uma resposta mais célere, de forma a colmatar consultas perdidas e cumprir a lista e os tempos de espera. Tudo isto será mais benéfico para o doente, tornando a saúde mais próxima e inclusiva de todos.