Se uma pessoa ou um grupo de pessoas com nomes e apelidos árabes ou muçulmanos atacam alguém à facada numa cidade europeia, ninguém duvida que se trata de um acto terrorista. Sendo assim, então como classificar o que aconteceu em Alcochete?

Claro que estamos perante a mesma coisa. Posso ser acusado de exagero, mas volto a insistir: estamos perante um ataque terrorista incentivado, consciente ou inconscientemente, por dirigentes desportivos, e não venham agora com justificações aberrantes e irresponsáveis do tipo “o crime faz parte do dia a dia”. Por esta lógica não precisamos de importar pregadores extremistas, já os temos cá que cheguem.

Agora resta esperar para ver o que de mais grave ainda tem de acontecer para que as autoridades tomem medidas para travar a violência e o terrorismo no futebol. Na Etiópia um árbitro é agredido no campo e a federação de futebol local suspende o campeonato, mas num país europeu como Portugal receio que as agressões em Alcochete se percam no meio de longos e enfadonhos discursos de comentadores desportivos ou de bancada. Afinal amanhã haverá outros escândalos, dentro e fora do desporto, para continuar as conversas e discussões.

Se, entretanto, não forem tomadas medidas reais e eficazes para travar a violência, para não deixar impunes os seus autores, arriscamo-nos a ser vistos como um país onde as pessoas não se podem sentir seguras, porque um qualquer grupo de arruaceiros pode actuar sem temer represálias.

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Todos nós sabemos o quão importante é para a nossa economia o turismo, e não é segredo para ninguém que Portugal é hoje muito procurado porque os estrangeiros esperam encontrar aqui a segurança que deixou de existir na Tunísia, no Egipto, na Turquia, etc. E também não querem correr os riscos a que podem estar sujeitos noutras grandes metrópoles europeias.

Até a este bárbaro ataque em Alcochete podíamos pensar assim, mas o ataque terrorista aconteceu e o mais grave é que ele não veio de extremistas islâmicos ou outros, mas de dentro do país e de um meio previsível. A situação no Sporting indicava que o desfecho só poderia ser a violência, pois ela estava a ser incentivada ao mais alto nível desportivo e só não ouviu e viu quem andava muito distraído.

Repito: poderão acusar-me de exagero, mas isso não passará de mais uma forma de fugir à solução do problema. Vivemos num mundo em que as notícias chegam de um extremo ao outro do globo em segundos ou minutos. Por isso, o ataque cobarde aos jogadores e técnicos teve enorme repercussão internacional. Leiam a imprensa de outros países e digam-me: será que depois de incidentes como este poderemos esperar a organização de grandes eventos futebolísticos no nosso país? Vão por exemplo perguntar aos holandeses que nos visitam se vão querer assistir a jogos com claques de vândalos nas bancadas. Espero que não seja necessário explicar porque é que falo de holandeses.

Se querem matar a “galinha de ovos de ouro” que é o turismo para a nossa economia, continuem as conversas e debates acalorados e não tomem medidas para travar a violência! Os resultados serão visíveis em breve.

Caros apoiantes da seleção portuguesa que vão à Rússia para assistir ao Campeonato do Mundo não fiquem surpreendidos se a polícia russa dispensar particular atenção aos portugueses. Os organizadores do evento leem também jornais e veem televisão, particularmente no que respeita à segurança. E farão muito bem se não acreditarem na fábula do “povo de brandos costumes”.