Não tenho dúvida que as Infraestruturas de uma grande cidade, têm que ser estudadas como um todo, sem corporativismos, ou com cada um a puxar a brasa à sua sardinha.

A grande cidade a que me refiro, estende-se de Santarém a Setúbal, tem polos industriais a Norte, na Marinha Grande/Leiria e Torres e um grande porto de Mar a Sul, em Sines, além dos dois grandes portos de Lisboa e de Setúbal, praticamente dentro da própria Urbe,  já sem mencionar os quatro ou cinco portos de pesca que a deliciam; tem dentro espaços verdes do tamanho da Serra de Sintra, dos Candeeiros, ou da Arrábida; tem canteiros no Oeste e lezírias a preservar e melhorar nas salinidades que as sufocam; tem um perímetro hídrico fluvial invejável de riqueza; espaços lúdicos não lhe faltam, marítimos entre os demais;  há centros de uma cultura espantosa nas redondezas, como sejam Évora, ou Tomar, alargando um perímetro já denso em si mesmo; e espaços de uma espiritualidade Universal enorme, desde Fátima, ao Cabo Espichel, Alcobaça, Mafra ou Batalha, entre tantos outros com lastro e vistos por dentro, ao dobrar de uma esquina; e o Mar!… que Deus quis que unisse e não separasse.

O que nos falta fundamentalmente nesta cidade em termos estritamente técnicos?

  • melhorar o funcionamento dos seus portos;
  • completar a sua rede rodoviária;
  • modernizar toda a ferrovia;
  • ultimar o aeroporto.
  • bastar-se em energia limpa.

Tudo está interligado e o desenho tem que ser simples, usar o que existe, reabilitando e respeitar regras elementares, denominador comum de entendimento.

Assim, no novelo das auto-estradas e vias rápidas que abraçam todo, ou qualquer espaço urbano, o comboio será sempre a agulha que perfura esse novelo e atinge o centro da cidade, o centro histórico, o casco velho que se quer manter vivo.

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Tudo o que sejam soluções tangentes, em ferrovia, estão fora do comum e dificilmente podem ser vistas como excelentes. Não estamos a falar dos Apeninos (Nápoles/Milão), tangentes a Roma, mas sempre “Termini” como destino central. Nem tão pouco de Charles De Gaulle, tangente a Paris, mas concebido como centro geográfico de uma Europa toda.

Deus queira que nunca venham a construir a ponte Barreiro/Chelas, tangente à Península de Setúbal e tangente à Península de Lisboa, num perfeito disparate, para não falar nos exorbitantes custos e no tremendo impacto que terá, retirando monumentalidade ao que temos. Para dar um exemplo, a cúpula de Santa Engrácia, terá, acanhada, um quarto da altura de um dos colossais pilares que lhe fica relativamente próximo. Inaceitável.

Depois, como é que os corredores do Atlântico e do Mediterrâneo (e do Norte de Africa, pois o túnel de Gibraltar está a ser feito nas mentes de Europeus e Magrebinos e um dia será uma realidade que não nos pode ser alheia), se encontram em Lisboa?

Não terá mais sentido, a Sul, usarmos o Poceirão como estaleiro, exploração e manutenção e o Pinhal Novo como fantástico “Centro de Distribuição” ferroviário, sabiamente concebido em finais do século XIX; e porque não trazer o TGV daí até ao Pragal; um terceiro carril na ponte sobre o Tejo e na circular, resolvem da forma mais barata possível a travessia; e quando houver dinheiro, o túnel Pragal/Sta Apolónia, há-de ultimar o encontro do TGV Atlântico, com o TGV Mediterrâneo/Norte de Africa, num “double deck” a dar vida ao antigo e soberbo edifício, carregado de escala e centralidade.

O Aeroporto pode vir a ser em Alcochete, mas o sítio certo, irrefutavelmente certo, seria no Bugio; os aeroportos fazem-se no Mar; já fizemos dois (Macau e Madeira) e o de Lisboa não deveria fugir a essa regra; a ilha que havia no Bugio, desapareceu e estamos a segurar a Caparica com toneladas de pedra todos os anos e sem custo controlado; repor a ilha que lá estava e ali instalar o nosso aeroporto, é o que faria qualquer Coreano, Japonês ou Britânico.

Naturalmente que o fecho da CRIL, (a CRIL da grande Cidade de Santarém a Setúbal), terceira travessia do Tejo entre a Sobreda da Caparica e Algés, daria todo o sentido urbanístico ao conjunto, bem como ao acesso rodoviário a este aeroporto, já que o ferroviário estaria assegurado desde o Pragal.

Em complemento disto tudo, gostaria que fosse ponderada a possibilidade do aproveitamento da energia de maré na foz do Tejo (coloquei a questão num recente Seminário na Ordem dos Engenheiros), já que os caudais que diariamente enchem por duas vezes o Mar da Palha, representam um potencial energético enorme, fiável, constante e limpo.

Este tema daria por si só para um debate interessante, onde um conjunto vasto de outras valências estariam igualmente interessadas. O Norman Foster, num desenho feito para Londres, ilustra em anexo o que poderia ser feito aqui em Lisboa.

Sempre disponível, a bem da Cidade e de Portugal.