Em primeiro lugar, o aumento da incidência de todos os tipos de cancros de pele. Só nos últimos 20 anos, a incidência de melanoma maligno triplicou. O padrão de exposição solar, com períodos intermitentes de exposição intensa à radiação ultravioleta e o não cumprimento ou uso inadequado de proteção solar são importantes fatores para a referida tendência. É aceite que cerca de 90% de cancros da pele estão associados com a exposição à radiação ultravioleta a partir do Sol e à exposição aos solários.

Em segundo lugar, a modificação do perfil dos doentes com melanoma maligno. A idade média de diagnóstico de melanoma é de 59 anos. Todavia, as pessoas que estão expostas a grandes quantidades de radiação solar podem desenvolver cancro tão precocemente quanto os 20/30 anos. Alguns estudos recentes mostram o aumento da incidência de melanoma em indivíduos entre os 15 e os 39 anos, nomeadamente mulheres, de estratos socioeconómicos mais elevados e com hábitos lúdicos de exposição solar mais acentuados. O melanoma é, atualmente, o tumor maligno mais frequente nas mulheres entre os 25 e os 29 anos, ficando em segundo lugar, depois do cancro da mama, nas mulheres entre os 30 e os 34 anos.

Para melhor combater este problema de saúde pública, têm vindo a ser desenvolvidas novas terapêuticas dirigidas para alvos moleculares implicados na evolução dos cancros da pele. Estas novas armas terapêuticas, usadas como alternativas ou como complementos às terapêuticas ditas convencionais (nomeadamente a excisão cirúrgica) já estão a revolucionar o tratamento por associarem eficácia, diferentes perfis de efeitos secundários e comodidade para o doente. Estas irão, no futuro próximo, modificar os paradigmas do tratamento dos cancros da pele.

Salienta-se a imunoterapia e as terapêuticas dirigidas para alvos celulares. Na imunoterapia procura-se ativar o sistema imunitário do doente, usando-o para identificar e destruir as células neoplásicas. Garante-se, desta forma, que as células cancerígenas deixam de conseguir passar despercebidas ao sistema imunitário do doente sendo destruídas. Em paralelo, o aprofundamento do conhecimento da biologia do melanoma contribuiu para a identificação de moléculas celulares que estão modificadas e para o desenvolvimento dos seus inibidores específicos. Estes novos fármacos têm um impacto significativo na sobrevivência destes doentes e os efeitos adversos verificados com muitos deles são bem tolerados e de gravidade moderada. Atualmente, os estudos desenvolvem-se no sentido de tentar combinar e sequenciar as diferentes e novas opções terapêuticas, tentando aumentar as taxas de resposta.

A par das novas terapêuticas, tem sido dada crescente importância ao diagnóstico precoce de lesões pré-neoplásicas e neoplásicas. O diagnóstico e tratamento precoce do cancro da pele faz toda a diferença no prognóstico do doente. Salientam-se as ceratoses actínicas, lesão pré-neoplásica mais frequente, que afeta cerca de 40% da população portuguesa com idade superior a 50 anos. A demonstrar a sua importância clínica, temos a sua taxa de progressão para carcinoma espinocelular invasivo que varia, dependendo dos estudos, entre 0,1% a 6,5%. Foi recentemente demonstrado que 65% de todos os carcinomas espinocelulares surgem em lesões que anteriormente foram diagnosticadas como ceratoses actínicas.

O alerta das populações para a prevenção primária, promovendo o conhecimento sobre fatores de risco e incentivando melhores comportamentos de proteção solar, bem como a prevenção secundária fomentando o auto-exame de pele e rastreios, são estratégias fundamentais da luta contra o cancro da pele.

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