Então parece que há problemas lá para o Afeganistão, é? Quer dizer, problemas, ou motivos para forte regozijo. Depende se estamos a falar do ponto de vista de um ser humano probo, ou de um qualquer comunista. Mas que linda festa, hein, a que os adeptos da profícua doutrina estão a levar a cabo, mercê da retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão. E, atenção, a esmagadora maioria dos afegãos parece concordar com os comunistas. Pelo menos é vê-los a dançar, ininterruptamente, desde há dias. Ah, espera. Vai-se a ver e aquilo talvez não seja uma dança. É possível que estejam é a tentar desviar-se dos tiros dos talibãs. Pois, é mais isso, de facto.

De entre os que festejaram, efusiva e antecipadamente, a vindoura matança do povo afegão, destaque para o saudoso Yanis Varoufakis. Lembram-se do Yanis Repugnantakis? Sim, esse, o antigo ministro das Finanças grego e sempre actual herói da esquerda indígena, o Yanis Ignobilakis. Então, o Yanis Imundakis saudou “o dia em que o imperialismo liberal-neo-conservador foi derrotado de uma vez por todas”, e às mulheres afegãs lançou o repto “aguentem-se aí, irmãs!”. Isto é como diz o ditado, para o Yanis Desprezivelakis pólvora no rabo dos outros é vinho branco fresquinho numa varanda com vista para a Acrópole enquanto a Grécia arde. Não está cá para enganar ninguém, o Yanis Filhodaputakis.

Entretanto, a ligeira maçada que a saída intempestiva das tropas norte-americanas causou aos afegãos e aos estrangeiros residentes naquele país, gerou o caos no aeroporto de Cabul. As imagens que chegam da capital do Afeganistão são chocantes. E só são um bocadinho menos chocantes do que seriam em circunstâncias normais porque, ainda há dias, voltámos a visionar daquelas imagens, já costumeiras, de absoluta barafunda na zona de desembarque do aeroporto de Lisboa, cortesia de mais uma greve do SEF. Para quem ainda tinha dúvidas, mais difícil do que embarcar num avião em Cabul só mesmo desembarcar de um avião em Lisboa. Aliás, neste momento, o pior voo do mundo é um voo com partida de Cabul e chegada a Lisboa. Seguido, a grande distância, daqueles voos de Atenas para Vilnius com escala-surpresa em Minsk para tortura dos passageiros dos lugares 4A e 4B.

Aqui chegados, importa responder à questão fundamental: de quem foi a culpa de toda esta maravilha afegã? E a reposta tem tanto de evidente quanto a questão possui de fundamental. Como é óbvio, a culpa foi do Passos. Ainda que, desta feita, do novo Passos Coelho norte-americano. Também conhecido como Donald Trump. Tal como por cá, com a culpa do Passos, também nos Estados Unidos a culpa do Trump terá um prazo de validade maior que o do sal embalado em vácuo. É que, neste caso, se o Trump tem começado a Terceira Guerra Mundial — como quase toda a imprensa mundial previu, e quase toda a esquerda mundial parece ter desejado —, por estes dias, quem é que queria saber do Afeganistão? Estaríamos era na expectativa dos talibãs rebentarem com Alfornelos. Ninguém estaria preocupado cá com Afeganistões. Sacana do Trump, pá.

Quem, definitivamente, não tem a culpa disto é Joe Biden. Ou se tem, não se lembra onde a meteu. Agora, que o homem conduziu este processo de forma exemplar, conduziu. Quer dizer, conduzir não conduziu, porque se esqueceu de onde guardou a chave. Mas que estamos na presença de um grande estadista, é indubitável. Quem não se lembra daquelas medidas todas que ele tomou enquanto vice-presidente do Obama? Sem contar com o próprio Joe Biden, toda a gente se lembra. Olha, por exemplo, aquela medida do… do… do coiso, pá… do… do… não, e mesmo aquela outra medida muito boa, relacionada com a… com a… com a… Raisparta, isto pega-se.

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