Durante décadas, democracia rimou com défices orçamentais. Até ao ano 2000, o crescimento económico disfarçou os desequilíbrios orçamentais e o aumento da dívida pública em termos absolutos. No início dos anos 2000, quando chegou a maré baixa do crescimento, Portugal viu-se de “tanga”. A despesa pública, os impostos e a dívida não paravam de aumentar. Porém, foram poucos os que, à época, vislumbraram “a tanga”. Até à crise financeira internacional de 2008, a exuberância dos mercados financeiros, com o acesso fácil ao crédito, permitiu ‘gerir’ a dívida pública.

Na verdade, a Comissão Europeia foi desencadeando sucessivos Procedimentos de Défices Excessivos. Esta pressão de Bruxelas obrigou à tomada de medidas para conter o défice, e, ao mesmo tempo, levou ao uso da imaginação contabilística. Nessa altura, as críticas ao espartilho das regras europeias vinham de todos os quadrantes políticos. Poucos eram aqueles que tinham a coragem ou a lucidez de defender contas certas.

A crise financeira internacional, a política orçamental ultra expansionista de 2009 e 2010 e a crise das dívidas soberanas resultaram no aumento das taxas de juro. O acesso do Estado e do sistema bancário aos mercados financeiros internacionais foi-se tornando mais difícil. Para acalmar os investidores, seguiram-se cortes da despesa e aumentos de impostos em 2010 e 2011. Infelizmente, não bastaram para nos livrar do terceiro pedido de resgate em democracia. Está ainda muito fresca na memória de todos a crise que se seguiu, a mais severa desde a Segunda Guerra Mundial.

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