Este artigo começou por ser escrito por um filho que está preocupado com o seu futuro e com o futuro do planeta. A sua preocupação leva-o a querer perceber os efeitos reais das alterações climáticas e a tentar ver para além da cortina de fumo com que diariamente se defronta nas conversas e nas notícias.

Mas os possíveis efeitos das alterações climáticas preocupam-nos a todos, não apenas aos jovens. Por isso também um pai escreve o artigo, porque tal como quer deixar uma herança que possa dar alguma segurança aos seus filhos, quer também deixar-lhes um planeta melhor e habitável.

O filho sabe que as emissões de Dióxido de Carbono estão a aumentar mais rapidamente do que os cientistas inicialmente previram. O aumento da temperatura média está a fazer o Polo Norte derreter mais do que o previsto. Mas os modelos também previam que o Polo Sul iria derreter, e a placa de gelo aumentou nos últimos anos.

O filho sabe que o nível do mar está a subir, mas que o ritmo de subida não está a acelerar, ao contrário do que regularmente lhe é dito. O filho ouve ainda que mais de 20% da superfície terrestre não terá água no final do século XXI, colocando em causa o acesso a alimentação e a biodiversidade, mas sabe que não há consenso sobre a dimensão da superfície terrestre que é hoje afectada pela seca.

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O pai lembra-se dos tempos em que era saudável temperar as saladas com óleo em vez de azeite, ou de como a gasolina poluía e por isso deveria ser substituída por gasóleo. Como em muitas outras coisas neste Mundo, o pai sabe que também isto mudou.

O pai recorda-se dos tempos em que era habitual haver pessoas a viverem na absoluta miséria, a passarem fome sem ter onde viver nem o que vestir, nem acesso a luz, água ou a condições de vida minimamente dignas. O pai sabe que nas economias que se desenvolveram com base no capitalismo tudo isto se tornou uma excepção.

O filho e o pai percebem, em conjunto, duas coisas muito importantes. Primeiro, que há um aumento da temperatura média no planeta e que esse aumento deve ser bem percebido e não ignorado ou exagerado, pois a ênfase em cenários extremos é sempre um mau princípio para propor soluções.

Ambos estão conscientes da incerteza que rodeia quaisquer previsões sobre o clima, seja para a semana seguinte seja para daqui a 100 anos, pois são muitas as variáveis que o influenciam: o sol, as nuvens, a órbita da terra, os oceanos, as marés, a lua ou a quantidade de CO2 e de Metano na atmosfera. O clima esta constantemente em alteração e o planeta Terra passou por diferentes fases glaciares e interglaciares nas últimas centenas de milhares de anos.

O filho e o pai percebem também que não é promovendo a pobreza que se vai lidar com os efeitos do aumento das emissões de carbono. Pelo contrário, é promovendo a riqueza que se conseguem criar as condições para evitar que os cenários radicais se tornem realidade.

O desenvolvimento é a forma de ajudar países pobres como Filipinas e Guatemala, que são os mais ameaçados pelas catástrofes naturais. Mais do que cortes drásticos na emissão de Dióxido de Carbono, estes países precisam, em primeiro lugar, da criação de riqueza e da redução da pobreza que as economias capitalistas possibilitam.

A biodiversidade é um bom exemplo disso. Os alarmistas dizem que estamos a caminho de extinguir 70% das espécies. Mas o que se observa é a recuperação das espécies que vivem em países com economias capitalistas porque são os que têm mais conhecimento, tecnologia e recursos para garantir a biodiversidade.

A ênfase na perspectiva alarmista que se tornou rotineira nos últimos 30 anos só dificulta o foco em soluções razoáveis e implementáveis. Quem propaga os alarmismos não tem coragem de explicar os efeitos que as suas propostas teriam para a vida das pessoas.

Pior ainda, quem propaga os alarmismos não consegue diferenciar as soluções inteligentes das soluções radicais, porque a retórica é que para um problema urgente não há soluções inteligentes, só há soluções radicais.

O filho e o pai sabem que há mais dúvidas do que certezas e que não devemos arriscar o nosso futuro comum. Sabem que há uma solução e que essa solução passa pela criação de riqueza. O filho e o pai sabem ainda que não devemos ficar encurralados num alarmismo dogmático, deixando que “melancias” populistas financiados por Rússia e China dominem o tema das alterações climáticas. Devemos, sim, mantê-lo no campo da ciência, pois só assim poderemos encontrar soluções inteligentes para resolver os problemas do presente e do futuro.