Refiro-me à greve dos enfermeiros, está bom de ver. É grave porque já levou ao cancelamento de milhares de cirurgias. Tem groove porque recorre a uma forma de financiamento em estrangeiro, o crowdfunding. Forma de financiamento, aliás, que levou o PCP a insinuar que seriam grupos privados de saúde a pagar a greve para beneficiarem da transferência de cirurgias. A ser verdade o PCP devia adorar este modelo de greve. Exactamente. Adorar. Porque, comparada com as clássicas paralisações promovidas pelo PCP, esta também beneficia os privados, mas tem a vantagem de os obrigar a abrir os cordões à bolsa: sempre é um tipo de greve que dá um pouco menos de lucro aos capitalistas selvagens.

Para António Costa estas paralisações dos enfermeiros são, elas sim, “selvagens”. Agora, desconfio que o primeiro-ministro se referiu a “selvagens” no sentido que a palavra tem na frase: “São selvagens, estas greves, mas depois de devidamente adestradas isto é montada para eu cavalgar a toda a sela”. E Costa tem naturalmente razão, porque se as cirurgias continuam a ser canceladas a este ritmo durante mais uns meses, lá para o Verão já não há ninguém vivo para ser operado. Pumba! Acabam-se as listas de espera e temos um SNS a funcionar na perfeição para o líder do PS exibir na campanha para as legislativas de Outubro.

Por falar nas eleições de Outubro, Rui Rio colocou uns cartazes novos nas ruas com um número de telefone para as pessoas ligarem a dar ideias. Assim que colocou o primeiro cartaz recebeu logo uma chamada. Era da Polícia Judiciária. Queriam saber do paradeiro do líder da oposição, porque há imensos militantes do PSD em pânico à procura dele vai para mais de um ano. E imediatamente a seguir recebeu outro telefonema. Desta vez era o Presidente Marcelo. Enganou-se no número. Queria telefonar para o novo programa da manhã do João Baião.

A verdade é que estes novos cartazes do PSD são uma imitação escandalosa. A Brisa já tinha inventado algo mesmo muito semelhante: aqueles postes SOS nas auto- estradas. Tal como o novo cartaz do PSD, os postes SOS também são cor-de-laranja e brancos. E exactamente como acontece com o outdoor social-democrata, os postes de socorro também têm um número para as pessoas ligarem. A única diferença é que enquanto no caso dos postes SOS quem precisa de socorro é quem liga, no caso dos cartazes do PSD quem precisa desesperadamente de auxílio é quem atende a chamada.

Aliás, esta semana política ficou marcada pelo plágio. No congresso do Aliança, Santana Lopes anunciou que uma das suas vice-presidentes é a advogada da Madonna. O que não veio a público é que esta nomeação foi a condição que a artista colocou para não processar o líder do Aliança. A Madonna preparava-se para levar o político a tribunal sob a acusação de que vários movimentos de cintura e contorções de espinha que celebrizaram Santana Lopes na política portuguesa são uma cópia da coreografia do seu teledisco Material Girl. O que é obviamente absurdo. Basta acompanhar um pouco da política portuguesa para saber que são uma cópia do Like a Virgin.

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