Portugal está estagnado há mais de 20 anos. Os salários são baixos, mas ao invés de se discutir porque são baixos a maioria dos partidos promete simplesmente subi-los. Não interessa que os salários não sejam pagos pelos partidos. Não interessa que um aumento por decreto dos salários na função pública obrigue à subida dos impostos. Perante esta fuga da realidade não é difícil perceber por que razão o país está estagnado há mais de 20 anos.

O fechar dos olhos à realidade não é de agora. O país exercitou o feito no século XIX, repetiu-o na Primeira República e no Estado Novo. Por alguma razão os regimes estavam podres quando caíram e poucos mexeram uma palha para os salvar. A única diferença desta vez é que existe uma União Europeia a segurar as pontas. Porque não devidamente aproveitada esta permite-nos viver sem dificuldades de maior, mas alimenta ainda mais a fuga da realidade.

O país estagnou porque tem um Estado pesado e desorganizado. Tem demasiados funcionários. Pior: estão mal distribuídos ao ponto de existirem áreas onde fazem falta. Como consequência o Estado é ineficiente na Justiça, que é uma das suas funções essenciais. É ineficiente na Saúde, por não colaborar com os privados e demais associações. É injusto na Educação por impedir que os pais escolham a escola pública dos filhos. Esta proibição prejudica muitos alunos porque os prende a estabelecimentos com mau ambiente escolar. Mas também impede a concorrência entre escolas o que desmotiva a que estas melhorem.

O Estado gosta demasiado das grandes empresas. Do grande capital. Esta tendência pode ser estranha entre os socialistas, mas é incontornável. Por alguma razão para se singrar na vida é mais fácil trabalhar para o Estado ou numa grande empresa. É muito mais difícil enriquecer por se ter um negócio e ter criado uma empresa. Ao iniciar o seu negócio é muito provável que o pequeno empresário passe mais tempo a tratar da burocracia e a enfrentar dificuldades financeiras que a contar o lucro obtido. Também terá muita dificuldade em contratar trabalhadores. Não só lhe custa assumir um compromisso legal que pode não cumprir, como a maioria dos trabalhadores não quer trabalhar para receber um salário baixo. Prefere emigrar. E é o que muitos fazem.

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O último sector em que houve iniciativa foi o turismo. Mas os governos socialistas não descansaram enquanto não lhe colocaram entraves. Para explicarem a sua vontade não se pouparam em justificações. Foi a protecção das lojas históricas, dos bairros tradicionais (que até ao crescimento do turismo estavam degradados) às taxas e diversas outras dificuldades, entraves burocráticos, surpresas contabilísticas e por aí em diante. Os governos socialistas não descansaram um segundo até que a pandemia fez o resto. O que veio a seguir é de todos conhecido: perante as dificuldades, o Estado socialista decidiu ajudar e ficou satisfeito pois, com essa ajuda, colocou debaixo da sua asa protectora um sector até então dinâmico. Como resultado os jovens já não investem nem querem trabalhar no turismo. Preferem emigrar e é o que muitos fazem.

Querem que os salários subam? Liberalizem as diversas actividades económicas; não dêem tratamento preferencial às grandes empresas. Não são as grandes empresas que criam riqueza, mas a livre concorrência. Reduzam a despesa pública para que se possa baixar os impostos e acabar com muitas das taxas; desburocratizem. Concentrem-se no que deve ser da competência do governo fazer: reorganizar do Estado e colocar os funcionários onde estes fazem falta. Não contratem mais funcionários públicos com o intuito de aumentar a base eleitoral do governo; repensem o sistema de financiamento do SNS e permitam que os alunos escolham a escola que querem frequentar.

Querem pôr termo à estagnação? Deixem de proibir e concentrem-se em deixar que as pessoas trabalhem. Ponham as touradas e a pena de morte de lado e foquem-se no essencial. É isso que a maioria da população quer e precisa. Daqui a uns anos é isso que fica.

P.S.: sou candidato a deputado da IL pelo distrito de Lisboa. Por este motivo esta coluna fica suspensa até depois das eleições legislativas.