Nós, os pais, estamos habituados a escutar que se fôssemos, por uma vez, mães a demografia mundial ficaria comprometida, para sempre. Porque os pais não suportariam estar grávidos. E, sobretudo, porque se passassem – uma vez! – pela experiência de parto nunca mais seriam “mães”. Na verdade, a forma “Ai!, que não suporto ver sangue!”, com que muitos pais reagem à sua presença eventual numa sala de partos, ajuda a compor esta “imagem de marca” do pai. Mas – desculpem se pareço devolver o “cumprimento” – eu gostava de ver muitas mães a fazer de pai, por algum tempo. Porque, acho que não estou enganado, as mães não aguentariam ser pai, logo a seguir.

Como é que uma mãe, que adora ser “a primeira figura” d’ “o seu bebé”, aceitaria que ele fosse, sobretudo, “o bebé do pai”? Pois é assim que um pai se sente: “segunda figura”, todos os dias. Completamente enternecido para aquele bebé. Mas com a convicção que ele é, sem sombra de dúvidas, “o bebé da mãe”.

Como é que uma mãe, que não tolera outra alternativa que não seja que o bebé tenha olhos para ela, viveria se ele lhe fizesse (durante meses a fio) aquilo que algumas pessoas nos fazem, a seguir a cumprimentarem um amigo que converse connosco, e depois de nos terem ignorado, repensam e, condescendentes, nos esticam a mão, enquanto nos dizem: “Já agora…”. Pois é isso que um bebé faz ao pai, durante muito tempo. Qualquer coisa do género: “Ai, estavas aí?… Que engraçado! Não te tinha visto…”. E nós, o que é fazemos? Sorrimos. Com bondade!

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