A Organização Mundial de Saúde define “saúde” como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de infeções e enfermidades”. A saúde masculina deve ser enquadrável nesta visão, com as particularidades inerentes ao género masculino. Durante a vida do homem, algumas patologias frequentes poderão diminuir a saúde em todas as suas vertentes, pelo que importa alertar para a vigilância e deteção precoce.

O cancro do testículo, por exemplo, tem um pico de incidência entre os 15 e os 35 anos de idade. A forma de apresentação mais frequente é o aparecimento de uma massa indolor. Dada a idade precoce em que se desenvolve há, por vezes, uma relutância em procurar ajuda médica por desconhecimento ou vergonha. É importante combater este atraso no diagnóstico, uma vez que altera significativamente o prognóstico. Quando detetado precocemente, tem uma taxa de cura muito alta, com mais de 95% de sobrevida aos 5 anos.

O prognóstico específico depende de vários fatores clínicos, mas em todos os cenários o diagnóstico precoce tem o maior impacto. Confirmando-se o diagnóstico, o tratamento será individualizado, mas na maioria dos casos passa pela remoção cirúrgica do testículo afetado, podendo eventualmente ser também realizada quimioterapia.

O cancro da próstata, por sua vez, é o segundo mais frequente em homens e a incidência aumenta continuamente com o avançar da idade, com mais casos diagnosticados a partir dos 65 anos, estimando-se que 1 em cada 8 homens o terá. Na grande maioria dos casos, não manifesta sintomas. A suspeita clínica é despoletada pela elevação do PSA (proteína produzida pela próstata) em análises sanguíneas.

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A medição do PSA está recomendada a partir dos 50 anos de idade ou a partir dos 45 se houver história familiar da doença ou se o doente for de descendência africana. O diagnóstico final é conseguido através da realização de uma biópsia. De acordo com o tipo de tumor, existem diferentes abordagens, da vigilância ativa à cirurgia, passando pela radioterapia, a quimioterapia e o tratamento hormonal. Esta abordagem multidisciplinar permite que os doentes vivam vários anos com a possibilidade de receberem várias linhas de tratamento.

O cancro da bexiga e o do rim, apesar de também atingirem as mulheres, afetam mais frequentemente os homens, principalmente entre os 60 e 70 anos de idade. O principal fator de risco é o tabagismo e, em ambos os casos, o principal sinal de alarme que deverá motivar uma procura médica rapidamente é o aparecimento de sangue na urina. Em ambos os cancros, o tratamento passa pela cirurgia, que será menos invasiva em casos diagnosticados precocemente. Em casos avançados poderá haver lugar a tratamentos sistémicos como a quimioterapia.

Não são só as doenças oncológicas que prejudicam a saúde masculina. Estima-se que a chamada hiperplasia benigna da próstata, uma doença em que ocorre o aumento do tamanho da próstata e manifesta-se sobretudo por disfunções urinárias – afeta 50% dos homens entre os 51 e os 60 anos, crescendo continuamente com a idade até atingir os 90% nos homens com mais de 80 anos. O tratamento inicial é feito com recurso a fármacos, mas em doentes que mantêm sintomas poderá ser necessária a realização de cirurgia. O tratamento atempado desta patologia é fundamental para promover a qualidade de vida do homem nesta faixa etária.

A disfunção erétil é também uma patologia frequente que retira qualidade de vida ao homem e, também nesta área, existe algum constrangimento em procurar ajuda médica. A abordagem inicial é realizada por um urologista, mas nestes doentes é frequentemente necessária uma colaboração multidisciplinar.

Várias outras patologias podem surgir durante a vida do homem. O diagnóstico precoce e a orientação célere por um urologista são, muitas vezes, cruciais. Por isso, é importante combater a resistência que a população masculina muitas vezes demonstra em procurar cuidados médicos.