Os Portugueses querem contribuir para um planeta sustentável. Planeiam as suas compras procurando produtos que respeitam as normas ambientais. Projetam instalar painéis solares para tornar as suas casas mais ecológicas. Evitam desperdícios e participam na revolução “inteligente” tendo em vista a neutralidade carbónica, construindo um futuro sustentável.

Mas há um problema que tem de ser encarado como uma oportunidade: as infraestruturas ecológicas, a tecnologia digital e a vida inteligente dependem de mão de obra qualificada para as concretizar.

Até 2030, a UE precisará de mais de um milhão de trabalhadores no sector da energia solar para cumprir os seus objetivos e compromissos em matéria de energias renováveis. Para isso, precisamos de engenheiros para as turbinas eólicas e de especialistas em TIC. Em matéria de cibersegurança, num momento particularmente sensível com uma guerra a assolar a Europa, temos um défice de quase 300 000 peritos. Até 2030, a UE precisa, nestas áreas, de 20 milhões de trabalhadores.  Neste momento, mais de três quartos das empresas têm dificuldade em encontrar trabalhadores qualificados. Parece que o nosso mercado de trabalho deixou de estar em contacto com as nossas aspirações e perdeu capacidade de absorver talento.

Esta “perda de contacto” traduz-se num custo real e palpável: corremos o risco de ficar para trás em termos de produtividade e competitividade. Temos de valorizar as pessoas, não podemos perder oportunidades. As mulheres, por exemplo, estão atualmente sub-representadas nos cargos de chefia e os seus vencimentos são inferiores aos dos homens.

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É essencial ouvir e envolver os empresários para que a formação profissional e as qualificações estejam de acordo com as necessidades de mercado. Sem uma articulação efetiva entre empregadores e empregados as nossas aspirações europeias irão fracassar.

Tendo tudo isto presente, o Grupo PPE, no Parlamento Europeu, impulsionou o Ano Europeu das Competências, na esperança de que a agenda da União Europeia se focasse e priorizasse a capacitação e formação dos novos e dos já estabelecidos trabalhadores para os empregos do amanhã. Os trabalhadores do futuro precisam de encarar o mercado de trabalho de uma forma flexível e cumpre à UE garantir-lhes os meios possíveis para que se dotem das competências necessárias. Nós, no Grupo PPE, estamos determinados a garantir que o Ano Europeu das Competências inclua todos os cidadãos: pessoas que não estão atualmente a estudar, em formação ou a trabalhar; pessoas com deficiência; pessoas de meios desfavorecidos e também pessoas que vivem em zonas rurais. O mote do PPE passa sempre por garantir que ninguém fica para trás.

A competitividade tem de ter presente a coesão social e territorial. Precisamos da ajuda de todos para inverter as tendências atuais. E falar de inclusão não é suficiente. Apenas através do apoio efetivo à iniciativa da melhoria das competências, da requalificação e da aprendizagem ao longo da vida poderemos manter a UE competitiva e atrativa para os trabalhadores. A UE só será próspera se for um local de trabalho atrativo para todos os talentos mundiais.

Viver de forma responsável já não é uma escolha, é uma necessidade e nós, no PPE, insistimos para que a UE faça tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que toda a nossa força de trabalho esteja preparada para enfrentar os novos desafios. Nas nossas casas e no nosso trabalho, estamos prontos para uma revolução inteligente.

Uma revolução inteligente precisa de pessoas com as competências necessárias e estas devem estar ao alcance de todos os Portugueses.

É por isso que reforço que a formação profissional em Portugal não pode ser um instrumento que sirva para reduzir artificialmente o desemprego. Devemos manter uma visão estratégica virada para o futuro. A formação profissional e a melhoria das qualificações têm de ser encaradas como um catalisador que permita a cada cidadão desbloquear o seu potencial.

A UE competitiva, coesa e sustentável que tanto ambicionamos depende de uma força de trabalho qualificada e bem remunerada.

A competência na área da educação e formação é dos Estados-Membros. O orçamento da UE disponibilizou para este objetivo uma tempestade de milhões que tem de ser bem aproveitada. Os nossos governantes têm tudo para não falhar.