Confesso que pensei um pouco antes de escrever isto.

Sabem aquela tendência egoísta de guardar o melhor só para nós, muito presente em cada um de nós, mas mais visível nas crianças?

Pronto, foi isso que, inicialmente, me levara a não querer escrever isto. Custara-me encarar a minha natureza terrena, e partilhar com os demais coisas que tive a sorte de poder descobrir.

Mas cá estamos. Parece que neste caso outra parte de mim levara a melhor.

Aquela verdade que vos quero, agora, partilhar, é que o Parque da Cidade do Porto tem capacidades curativas.

Não, a sério, não dispersem, isto cura mesmo! Isto é tão medicinal como um brufen ou algum fármaco desses, se calhar até é mais.

Já algumas vezes vim aqui meio “ de rastos”, cansado da vida “lá fora”, e do frenesim dasociedade, e em todas essas vezes me foi possível encontrar alento para continuar, me foi possível eliminar o que estava a mais, e me recordar quem sou.

Se isto não é medicina, então não sei o que é.

Estamos a falar de um parque magnífico, com uma extensão enormíssima, são vários hectares de vivacidade, caracterizados por um tratamento especial, repleto de carinho, carinho esse que depois surte um grande efeito nas pessoas que cá vem. À parte isso, também se encontra praticamente virgem, não demonstrando grandes mazelas de uma sociedade caótica que sedesenrola “lá fora”. Sim, isto é uma espécie de cápsula espacial especial, que nos faz viajar atéao nosso centro, e depois até ao nosso passado, e a nele descobrimos quem eramos, como crescemos, e o que escolhemos esquecer, e, por fim, de volta ao futuro, que neste caso é presente, e que começara, agora, com um novo ânimo, a ser construído.

Nisto, questiono-me como é possível não existirem mais pérolas destas, e como é possível o mundo ser o caos que todos nós evidenciamos. Um desligamento total, um aprisionamento terrível.

Porque será que nestes ambientes, de natureza, de estabilidade, nos sentimos assim?Tão livres, tão nós, tão ligados…

Observemos a nossa natureza, e a natureza em si, que é como nós. Talvez esteja ai a chave para o fim do sofrimento que tanto ansiamos, e em que vivemos dia após dia.

Escrevo isto contemplando um sol penetrante que se vai extinguindo por entre as árvores altas, preparando-se para se pôr. Está na altura de fechar o caderno, e de ir lá para fora. Mas eu não me esqueço disto aqui.

Não te esqueças!

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