Sim, eu sei que morreu Otelo Saraiva de Carvalho. E tenho noção que o debate sobre as restrições da COVID está acesso. Tal como estou consciente de que decorrem os Jogos Olímpicos. Ainda assim, desculpem, mas há prioridades. E, portanto, começo por abordar a polémica em torno da selecção norueguesa de andebol de praia feminino. Cujas atletas, no campeonato europeu da modalidade, quiseram jogar de calções, em vez do habitual biquini, e viram a sua pretensão negada pela organização do torneio. “Tenham paciência, minhas senhoras, mas esses calções não são nada convidativos a que adeptos lá coloquem notas de euro. Espera. Ainda estamos a falar de andebol de praia, ou já estamos a falar do meu clube nocturno? É que eu, às vezes, confundo um bocado as duas coisas”, terá dito, a propósito do assunto, um alto responsável pela referida competição de andebol. E pelo tal estabelecimento comercial. Cujo nome não era mencionado na imprensa. Nem a morada.

Com esta breve menção à polémica em torno das cuecas das jogadoras norueguesas, acabo por, de certa forma, aflorar também o tema “Otelo Saraiva de Carvalho”. Que, estou convicto, apreciava andebol de praia feminino. Modalidade talvez apenas preterida nas preferências do coronel pelo voleibol de praia feminino. Por acaso, em tanta coisa escrita nestes dias acerca do capitão de Abril, e não vi esta dúvida esclarecida. Ficam, assim, também tratados os assuntos “COVID” e “Jogos Olímpicos”. O tópico “COVID” fica resolvido pois é semelhante à polémica das cuecas: no andebol as autoridades mandam destapar as nádegas; por causa da COVID as autoridades mandam tapar a boca e o nariz. O item “Jogos Olímpicos” fica coberto, uma vez que andebol de praia feminino também é desporto. Ao contrário do popular concurso Miss Bumbum Brasil.

Feita a cobertura dos Jogos, deixo-vos uma cerejinha no topo do bolo Olímpico. Proporcionada pelo halterofilista chinês, Li Fabin que, depois de ganhar o ouro ao levantar 166kg com apenas um pé no chão, avisou: “Não sugiro que as pessoas tentem reproduzir”. Toda a gente pensou que o atleta se referia ao perigo que levantar pesos daqueles pode representar ao nível do partir de espinha. É aquela clássica ingenuidade dos adeptos do halterofilismo. Mas não. Quando Li Fabin avisava para não reproduzirmos aquilo era mesmo como quem diz: “Ai de vocês se ultrapassam esta marca e me tiram a medalha de ouro. Está aqui muito dinheirinho investido pelo Partido Comunista Chinês. Ouviram? Olhem que nós somos meninos para ir a vossa casa partir-vos a espinha. Ponham os olhos em Hong Kong.”

Já que falo em desporto, uma nota rápida para o caso de Luís Filipe Vieira. Nos últimos dias, a situação do ex-presidente do Benfica agravou-se de forma significativa. E não, não me refiro à recusa da forma de pagamento da caução proposta por Luís Filipe Vieira. Nem sequer a novos dados relativos aos financiamentos do Novo Banco. Refiro-me, isso sim, ao facto de José Sócrates ter saído em defesa do antigo líder do Benfica. Trata-se de um rude golpe para Luís Filipe Vieira. A solidariedade pública de José Sócrates é uma espécie de pior carta de recomendação de todos os tempos. É como um indivíduo candidatar-se a trabalhar na Norauto e apresentar uma carta de recomendação do Ministério da Justiça em que consta o registo criminal com furto de jantes, volantes e catalisadores.

E como um socialista nunca vem só, José Sócrates lembrou-me o ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos. Isto porque, há dias, o ministro anunciou a maior compra de comboios, de sempre, em Portugal: 117 comboios novos para a CP. Incrível. Mas o mais incrível é ainda nem se saber quando chegam os novos comboios e já se sentirem os efeitos do investimento deste governo na ferrovia. Então não é que já há uma cidade portuguesa servida por uma ligação ferroviária de alta velocidade. Sim, sim. Essa cidade portuguesa é Bragança. Já a linha ferroviária é espanhola. E passa a escassos 35 quilómetros da cidade transmontana, que está agora a menos de duas horas de Madrid. Quer dizer, Bragança ainda é portuguesa. Mas já meteu, de certeza, os papeis para obter a cidadania do país vizinho.

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