Um, Braga remata ao poste. Dois, Fábio Martins remata ao poste. Três, Rafael Lopes remata para fora com a baliza aberta. Desculpe? Um, dois, três. Diga lá outra vez… Neste campeonato deve haver poucos momentos mais incríveis e entusiasmantes para um adepto do futebol do que o minuto 41 do jogo entre o Desportivo de Chaves e o Benfica deste sábado. Os flavienses cavalgaram o meio campo benfiquista com vontade e rapidez, sem grande esforço, e em três ocasiões, separadas por segundos, puseram o coração de Rui Vitória a bater mais depressa.

Já o tinham feito noutras três ocasiões. Uma, quando Rafael Lopes apareceu isolado na cara do guarda-redes do Benfica aos 17 minutos e marcou golo (anulado, havia fora-de-jogo). Duas, aos 35 minutos, depois de Battaglia ter inventado uma jogada de ataque sozinho que acabou outra vez nos pés de Rafael Lopes (outra vez em posição irregular). Três, um minuto depois da frase anterior, quando Braga teve tempo para fazer bem melhor do que aquele frouxo remate por cima da baliza. Uma, duas, três. Diga lá outra vez…

No regresso de um “grande” do futebol português a Trás-os-Montes, foi a equipa da casa que mostrou mais vontade em manter o título de invicta que era comum aos dois emblemas. O Desportivo de Chaves não teve medo do Benfica, que pareceu atarantado pela garra dos flavienses.

Um, remate de Mitroglou com força para bela defesa de António Filipe (18 minutos). Dois, golo anulado ao grego depois de a bola lhe ter ido parar aos pés sem ele perceber bem como (37 minutos). Três, outro golo anulado a Mitroglou, também por fora-de-jogo. O grego viu-se grego para marcar. Um, dois, três. Pouco mais se viu do Benfica até três quartos do jogo.

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Só que tantas vezes o cântaro vai à fonte… que à terceira foi de vez. Na primeira falta que cometeu depois de entrar para o lugar de Fábio Martins, o irritadiço João Mário deitou Nelson Semedo ao chão e deu a Grimaldo a hipótese de marcar um livre bem medido que foi direitinho à cabeça do inevitável Kostas Mitroglou. Um, dois, três. Em dois jogos, o avançado barbudo faz o terceiro golo e põe o Benfica no caminho da vitória.

Treze minutos mais tarde, novo livre, desta vez bem mais perigoso do que deu origem ao primeiro golo. Mesmo à entrada da área, Freire derruba Pizzi e dá a Grimaldo a segunda hipótese para chutar com classe. A classe é pouca, a bola bate na barreira flaviense e vem parar aos pés do mesmo Pizzi que sofreu a falta. Aí sim, com classe, o português ajeitou antes de rematar em jeito e em força para dar a tranquilidade definitiva aos rapazes da Luz. Dois.

Com menos bravura do que na primeira parte, o Chaves não baixou os braços e foi de novo lá para a frente provocar dores de cabeça à defesa do Benfica e a Ederson, que substituiu Júlio César na baliza e deu a Grimaldo a hipótese de ser o único jogador da Luz a ter feito todos os minutos desta Liga. Mas o resultado já não se ia alterar. Carrillo, entrado de fresco aos 87 minutos para o lugar de Gonçalo Guedes, ainda teve a oportunidade de fazer o terceiro para o Benfica, mas António Filipe negou o golo com uma grande defesa.

O Benfica volta, assim, ao primeiro lugar do campeonato. Tem mais um ponto que o Sporting e mais três do que o FC Porto. É também, a partir de agora, a única equipa que ainda não perdeu. Até quando?