Chegou sexta-feira às lojas um novo jogo para a Nintendo 3DS com os famosos Pokémon como pano de fundo. Mas, ao contrário do que muito poderiam estar à espera, Detective Pikachu é um jogo num género completamente novo, uma história de aventura com aura light de policial, e a ter o famoso rato elétrico Pikachu como protagonista. Este jogo chega-nos às mãos a um ano do lançamento mundial da adaptação cinematográfica pela mão do realizador Rob Letterman, e com vozes de Ryan Reynolds, Bill Nighy e Ken Watanabe.

Para falar sobre esta aventura tivemos a oportunidade de entrevistar em exclusivo dois dos seus criadores, Hiroyuki Jinnai , produtor do jogo e que esteve envolvido na criação de todos os jogos de Pokémon, e com Naoki Miyashita, diretor de Detective Pikachu.

Hiroyuki Jinnai e Naoki Miyashita, os criadores de Detective Pikachu.

Detective Pikachu é um jogo inesperado num género surpreendente. Foi difícil convencer toda a gente que valia a pena fazer algo tão arriscado quanto isto?
Hiroyuki Jinnai: A primeira coisa que pensámos foi “o que faria um Pikachu detetive se o largássemos num mundo semelhante ao nosso?” Produzimos um piloto explorando o comportamento de um detetive Pikachu num jogo de aventura e, de seguida, explorámos como a tecnologia de motion capture nos poderia ajudar a criar um Pikachu totalmente diferente da nossa imagem habitual, cujo resultado, como sabemos agora, viria a ser o desenvolvimento deste Detective Pikachu. Depois de debater com um grande número de pessoas que incluiu o produtor executivo e presidente da Pokémon Company, Tsunekazu Ishihara, chegámos a um mútuo acordo: queríamos criar algo arrojado e novo com este jogo, portanto, neste aspeto, não foi particularmente difícil.

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Em termos canónicos e de continuidade, Detective Pikachu é o seu próprio universo ou é algo mais?
HJ: No mundo de Detective Pikachu, os Pokémon não saem de Pokébolas nem batalham outros Pokémon, portanto, sentimos que o que aqui acontece é distante do resto no mundo original. No entanto, tentámos adicionar muitos elementos ao jogo, que podem fazer o jogador pensar que afinal existe uma ligação entre os dois mundos. Queremos que os jogadores encontrem e identifiquem estes momentos.

Detective Pikachu tem um tom leve e é uma suave história policial. As suas fundações são, no entanto, o humor?
Naoki Miyashita: De início, queríamos que este jogo fosse direcionado para o público infantil, portanto não queríamos que tivesse o tom de uma aventura criminal típica. Além disso, queríamos que o nosso herói Pikachu fosse um personagem completamente novo do que conhecemos, e colocar esta vontade como o âmago da nossa história. Neste processo, o humor acabou por ser o pilar de todo o enredo.

A surpresa de todos ao verem o trailer é a voz do Pikachu, especialmente porque estamos habituados ao tom adocicado com que o personagem fala na série principal. Esta foi a vossa ideia desde o início? A de tê-lo a soar como um detetive durão de um pulp movie?
HJ: De início, sabíamos que queríamos criar um jogo de aventura com o Pikachu como protagonista. A série de animação de Pokémon, com Ash e Pikachu como protagonistas, existe há 22 anos e uma das nossas ideias seria a de desenvolver uma história completamente inédita com Tim e Pikachu no centro da narrativa. Esta ideia foi-se desenvolvendo gradualmente e percebemos que podíamos dar a Pikachu o papel de herói de uma história de detetives. Seria muito mais interessante se Pikachu conseguisse realmente falar e, ainda mais, se ele falasse como um tipo mais velho e durão.

Para que público está este jogo apontado? Para crianças e pais? O seu tom está orientado numa lógica familiar.
NM: Jogadores que estejam familiarizados com a marca Pokémon e que tenham jogado todos os jogos recentes como Ultra Sun/Ultra Moon vão certamente desfrutar do jogo. Por outro lado, temos a certeza que este jogo será divertido para novos fãs de Pokémon, assim como todo o tipo de fãs adultos que se reconetaram com Pokémon com o sucesso de Pokémon Go. Também incluímos um Easy Mode para permitir que os jogadores que não estão tão familiarizados com os jogos de aventura, ou que tenham problemas em resolver puzzles consigam igualmente divertir-se.

Apesar de ainda não ter jogado,a ideia que o trailer nos dá é uma aura dos buddy cop movies dos anos 1980 e início dos 1990s. Era esse o tom que queriam explorar no vosso jogo?
HJ: Foi exatamente nos buddy cop movies desse período que nos inspirámos, mas o resultado final acabou por ser a combinação dos interesses das pessoas que dirigiram, que criaram o ambiente e as sequências animadas de Detective Pikachu.

Ricardo Correia, Rubber Chicken