Três anos passaram desde o fim de “Game Of Thrones” e, desde então, que só se pensa no que vem a seguir. Aliás, no que vem para trás. O primeiro dos dez episódios da primeira temporada de “House Of The Dragon” (HBO Max) estreia em Portugal a 22 de agosto. Este é também o primeiro dos spin-offs da série-mãe, dedicado, como o nome sugere, à Casa dos Targaryen, e aos anos no Iron Throne, ou seja, no poder. O centro é no início do fim do reinado, com ênfase na guerra civil que se dá dentro da família a propósito da sucessão. Poder, sempre o poder. E um bocadinho de Portugal, já que algumas cenas foram gravadas no Castelo de Monsanto no final do ano passado.

A ação decorre em Westeros, trezentos anos antes de “Game Of Thrones”. Alguns locais serão familiares, algumas tramas também, as caras nem por isso. “House Of The Dragon” surge com um novo elenco e novas personagens – algumas serão reconhecíveis pelo nome, por já terem sido mencionadas na história que já se conhece. Paddy Considine é o Rei Virserys I Targaryen, Emma D’Arcy é a Princesa Rhaenyra Targaryen a sua filha primogénita, Matt Smith é o Príncipe Daemon Targaryen – irmão do rei, com desejos do trono -, e o elenco completa-se com Olivia Cooker, Steve Toussaint, Eve Best, Sonoya Mizuno, Rhys Ifans e Fabien Frankel. No final de julho, o Observador esteve presente num evento virtual via Zoom que juntava Fabien Frankel e Matt Smith. Combinação curiosa, já que no primeiro episódio os vemos num desafio particularmente competitivo e violento.

Milly Alcock (Rhaenyra Targaryen em jovem) e Emily Carey (Alicent Hightower em jovem)

Mas nada disso se vê neste encontro com e a imprensa. Ambos até estão de acordo na forma como veem esta série. Em teoria, “House Of The Dragon” começa com uma base de fãs gigante, a que viu “Game Of Thrones” e quer continuar neste universo. Contudo, quase em simultâneo, a Prime Video também irá entrar neste verão no mesmo território do fantástico, com a sua série em volta de “O Senhor dos Anéis”, “Os Anéis do Poder”. Neste contexto, vá, competitivo, como é que uma série como “House Of The Dragon” cresce para lá do esperado, ou seja, a base de fãs que vem do passado e cresce para uma nova audiência? Matt Smith foi pronto na resposta – e Frankel assinou por cima: “A nossa história é diferente e localizada, é um drama familiar. “Game Of Thrones” acontecia em todo o lado, havia diversos e diferentes elementos. ‘House Of The Dragon” concentra tudo no continente de Westeros e numa só família, os Targeryen. Há novos atores, as personagens são vívidas, penso que a audiência vai adorar isso. Obviamente que o universo é reconhecível, mas também é original. E terá tudo – e não só – o que tornou “Game Of Thrones” popular até aqui: vingança, traição, guerra, amor, raiva, luxúria.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Fabien Frankel, que o espectador poderá lembrar-se de “The Serpent” (Netflix), ficou particularmente entusiasmado por ter conseguido um papel: “Enviaram-me cinco episódios. Li tudo numa noite, creio que comecei às dez e terminei às quatro da manhã. Achei incrível, estava mesmo excitado. E como já havia alguns nomes no elenco, consegui ler com alguns desses atores em mente. Foi surreal imaginar o que alguns deles iriam fazer.” Acredita que uma das valências da série é a forma como as personagens evoluem: “Mudam muito ao longo dos episódios. E, para mim, isso torna-as muito ricas. Entusiasmou-me interpretar uma delas. Eu venho do teatro, onde tudo acontece cronologicamente, e em televisão é tudo diferente. Começámos a filmar cenas do sexto ou sétimo episódio e, quando filmo cenas de episódios anteriores, tenho de pegar naquilo que já fiz e que irá acontecer no futuro.”

Fabien Frankel em “House of Dragon”

“Ele são seres humanos, com sentimentos normais. Experienciam um tipo de vida familiar normal.” Matt Smith reforça a ideia do familiar e de história em volta de uma família. Afinal, é isso que está no centro de “House Of The Dragon”. Ao longo de “Game Of Thrones” foi-se ouvindo muitas histórias sobre o reinado dos Targeryen, criou-se uma mitologia invisível, baseada em problemas de sucessão e reis loucos. O peso da história era tanto que não se imaginava que pudessem voltar ao Iron Throne. Até porque, achava-se, já não havia dragões. Em “House Of The Dragon” há muitos deles, cada Targeryen tem o seu. No primeiro episódio, há claros indícios dos desejos de poder de Daemon Targeryen, uma personagem violenta e desejosa de mostrar que pode ter poder. Matt insiste que Daemon é mais do que isso: “A audiência terá de descobrir por si mesma. O Daemon tem valores diferentes, ele é uma personagem diferente do que parece à primeira vista. É um homem complicado. Raramente sabes o que ele vai fazer, ou como reagir. Como ator, adorei interpretar uma personagem assim, porque me permitiu usar muito os meus instintos.”

Smith tem tido papéis importantes na televisão. Foi o Doctor Who entre 2010-2014, depois tornou-se o Príncipe Filipe em “The Crown”. Agora é outro Príncipe. Quais as diferença entre interpretar um real e um ficcional? “São ambos príncipes, loiros e ambos são mavericks. As semelhanças ficam-se por aí. Interpretar alguém real é todo um nível diferente de pressão. É um processo interessante, porque queres criar algo que te é único. Já o Daemon é material que vem da ficção. Ambos têm elementos desafiantes. E estou muito orgulhoso por ter interpretado o Príncipe Filipe, ele era uma autêntica rock star.” Em “House Of The Dragon” tem a pressão de “Game Of Thrones” e de vestir uma personagem que irá abalar um sistema. Será Daemon também uma rock star? Ficaremos a saber a partir de 22 de agosto.