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Fundação Altice passa a ter morada fixa para uma coleção de arte avaliada em "cerca de um milhão de euros"

Este artigo tem mais de 1 ano

A empresa mudou de estratégia em relação às quase 200 obras que compõem um acervo de arte contemporânea portuguesa das últimas décadas. O Fórum Picoas passa a ser a casa da coleção.

Em desta na foto, uma obra de Júlia Ventura, que pertence à série "Geometrical reconstructions and figure with roses" (1987) e que faz parte da exposição “Todo o visível vem do invisível”
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Em desta na foto, uma obra de Júlia Ventura, que pertence à série "Geometrical reconstructions and figure with roses" (1987) e que faz parte da exposição “Todo o visível vem do invisível”

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Em desta na foto, uma obra de Júlia Ventura, que pertence à série "Geometrical reconstructions and figure with roses" (1987) e que faz parte da exposição “Todo o visível vem do invisível”

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Há um diálogo geracional entre artistas portugueses que se materializa desde a entrada no novo Espaço Coleção, apresentado esta quarta-feira, dia 29 de março, pela Fundação Altice, através da exposição “Todo o visível vem do invisível”. Uma obra de Pedro Cabral Santo, intitulada “Deep Blue (A Secret Emotion)” (1999), outra de Mafalda Santos, sem título, de 2006 e uma de Jorge Martins, de 1973, cujo o título dá nome à exposição. As três dão forma a uma narrativa sobre a atitude e ação de artistas com diferentes inquietações, mas que não deixam de suscitar as mais abrangentes forma de leitura e fruição. Perscrutando diferentes afinidades e preocupações estéticas, escolheram-se obras de artistas, todos portugueses, que ajudam a criar uma rede de diálogo e cumplicidade que explicam também a história da coleção, que começou a ganhar forma em 1997.

Situado no edifício sede da empresa, o Fórum Picoas, em Lisboa, o espaço passa a partir de agora a albergar exposições rotativas com o objetivo de dar a conhecer a Coleção de Arte Contemporânea da Fundação Altice, onde se incluem alguns dos artistas mais relevantes do panorama artístico nacional das últimas décadas. Trata-se de uma “mudança de estratégia”, como explicou Ana Estelita, diretora da Fundação Altice, na forma de apresentar a obras deste espólio constituído por cerca de 200 peças e com um arco temporal que vai desde a década de 1960 até à atualidade. Com curadoria de Adelaide Duarte, a presente mostra reúne cerca de 30 obras, “livremente selecionadas” no processo curatorial, mas que, em certa medida, apresentam as premissas e os valores mais importantes da coleção.

Para a construção desta primeira mostra, regressou-se então aos valores fundacionais que ajudaram a criar a coleção, através da qual é possível estabelecer paralelismos entre gerações de artistas que tiveram em comum o gosto de correr riscos e pugnar pelos valores de vanguarda. “Ao percorrer as obras que foram sendo adquiridas e o contacto com os dossiers, deu-se um processo de investigação que me fez surgir este conceito que respeita e regressa à matriz original de constituição do espólio. O que se fez foi, portanto, chamar os artistas iniciais, mas olhar também para os artistas mais recentes presentes no acervo”, explicou ao Observador Adelaide Duarte.

Devolver ao Fórum Picoas a sua vertente ligada à arte

Sem um meio definido ou uma linha de formalismo dominante, as cerca de três dezenas de obras vão desde a fotografia à pintura, passando pelo vídeo e pela instalação. “O objetivo é mostrar exatamente essa diversidade técnica que presidiu à escolha, colocando na mesma sala artistas que já eram referenciais à época e outros que eram ainda bastante desconhecidos quando foram adquiridos”, sintetiza a curadora. A partir do mote de tornar visível, a exposição inclui assim obras de Alberto Carneiro, Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, Cabrita, Diogo Pimentão, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, Helena Almeida, Inês Botelho, Joaquim Bravo, Joaquim Rodrigo, João Vieira, Jorge Martins, Júlia Ventura, Mafalda Santos, Maria José Oliveira, Pedro Cabral Santo, Rita Barros e Rui Sanches.

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A exposição inclui assim obras de Alberto Carneiro, Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, Cabrita, Diogo Pimentão, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, Helena Almeida, Inês Botelho, Joaquim Bravo, Joaquim Rodrigo, João Vieira, Jorge Martins, Júlia Ventura, Mafalda Santos, Maria José Oliveira, Pedro Cabral Santo, Rita Barros e Rui Sanches

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Um dos aspetos essenciais deste novo espaço expositivo é que o mesmo recupera algumas das vertentes que fizeram parte da história deste edifício, inaugurado em 1977. Muito mais do que um edifício ligado às empresas de telecomunicações, o enorme complexo, localizado no centro da capital, foi local de vários ciclos de cinema e de exposições ao longo da década de 1980, mantendo desde o seu começo uma ligação ao panorama cultural da cidade. O Espaço Coleção surge, aliás, como reformulação de uma antiga cantina do edifício e que passa a estar ao serviço da coleção de arte que, até agora, mantinha um carácter mais itinerante.

No conjunto em exposição, as obras geracionalmente mais antigas são de Joaquim Rodrigo, datadas da década de 1960, ainda que “o património da coleção seja muitíssimo mais vasto”, explica a curadora, sendo que, de alguma forma, evidenciam a própria evolução da arte contemporânea nacional, nomeadamente desde a exposição Alternativa Zero, organizada em 1977 por Ernesto de Sousa, e que foi um marco de viragem para muitos dos nomes aqui reunidos ou que serviu de inspiração para tantos outros que acabaram por se juntar ao espólio.

Coleção avaliada em cerca de um milhão de euros

A proposta para a constituição de uma coleção de arte contemporânea portuguesa, na altura da Portugal Telecom, foi aprovada a 4 de julho de 1996. As aquisições aconteceram de forma mais regular durante uma década, entre 1997 e 2007, sobretudo em galerias de arte, mas também junto de artistas e colecionadores privados. A criação desta coleção foi vista como forma de trazer prestígio à empresa como divulgadora e promotora no domínio da cultura e das artes. Atualmente, de acordo com Ana Estelita, diretora da fundação, a coleção está avaliada em “cerca de um milhão de euros”.

“Foram adquiridas para fazerem parte do património histórico, mas que vale a pena serem inventariadas e quiçá integradas neste espólio. A fundação, eventualmente, voltará a ter uma política de compra, mas para já a prioridade é avaliar o que existe.”

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

“É um pilar que sempre acompanhou a fundação, que herdou um património artístico gigante da antiga PT e que já estava constituído desde o ano 2000. Um dos seus desígnios era o de promover esse mesmo património, daí a constituição da coleção”, sustenta a diretora. Com este espaço, explica a fundação, recupera-se uma forma mais fixa de apresentar as obras ao grande público. “Até agora tínhamos uma estratégia de itinerância, para levarmos a coleção a diferentes lugares, mas ao mesmo tempo fomos perdendo esse conhecimento, tanto interno, da existência dessa coleção, como externo, uma vez que deixamos de a comunicar para o meio artístico e público em geral. Este espaço de permanência devolve essa condição”.

A prioridade é avaliar o que existe

Para os próximos tempos está desenhado um modelo de exposição rotativas, de seis em seis meses, com convite a diferentes curadores, que permita trabalhar os diferentes núcleos que espelham a diversidade do espólio. “Passa a estar em permanência neste edifico que é a nossa sede, mas que é também um local histórico, onde se realizaram algumas das primeiras feiras de arte de Lisboa”, acrescenta Ana Estelinha. O espaço vai estar – pelo menos para já – aberto nas terças e quintas-feiras ao público em geral, consolidando uma forma de “trazer novos olhares” para esta coleção de arte privada, que entra assim numa fase de maior escrutínio público.

Por outro lado, Ana Estelita salienta que não existe para já uma política de aquisição de novas obras, algo que não fazem desde 2015. “Neste momento, estamos a trabalhar na valorização do património que não pertence à coleção, mas que pode vir a ser incorporado”, explica a diretora, dando como exemplo um conjunto de núcleos de Manuel Amado, Noronha da Costa e Armanda Passos. “Foram adquiridas para fazerem parte do património histórico, mas que vale a pena serem inventariadas e quiçá integradas neste espólio. A fundação, eventualmente, voltará a ter uma política de compra, mas para já a prioridade é avaliar o que existe.”

Em declarações ao Observador, Ana Estelita salienta ainda que a Altice pretende continuar a investir no património artístico português, através do mecenato, adiantando que irão fazê-lo já na próxima Anozero — Bienal de Arte de Coimbra, com o patrocínio ao “solo show” do islandês Ragnar Kjartansson. No Fórum Picoas e de regresso ao mote da exposição, promete dar-se visibilidade a um conjunto de obras até então guardadas num espólio que raras vezes se viu trabalho num conjunto que potenciasse a sua fruição pública – o invisível está agora visível aos olhos de todos.

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