Casa cheia para ver Gonçalo Peixoto. É aqui que estamos, no último desfile desta edição.

Gonçalo Peixoto já vai com 1h15 de atraso, mas a sala de desfiles cheira a flores. Um cheirinho do que estamos a ver enquanto esperamos.

Como em quase tudo na vida, boa parte do que acontece na ModaLisboa fica na ModaLisboa — mas a música que fornece ambiente perfeito a cada desfile não tem que ser um desses casos. Da pop à eletrónica, de Spice Girls a Nada Surf, servimos um conjunto de canções para embalar este resto de fim de semana. O posto de escuta está à curta distância desta nossa playlist.

Foi durante a apresentação Salsa Jeans X Luís Carvalho que encontrámos Gonçalo Peixoto no Pavilhão 4. O designer português vai fechar esta edição da ModaLisboa durante a noite (estava marcado para as 21 horas, mas está atrasado) — e aproveitámos a oportunidade para meter conversa.

Estás nervoso para hoje?
Olha, estou bem. Só me bate tipo 15 minutos antes que vai acontecer. Até lá, estou fixe.

Dá-nos por favor um cheirinho do que aí vem.
Muitas surpresas, mas não posso contar nada. O tema da coleção só sai no final, por isso até lá é surpresa total para toda a gente. Só a equipa é que sabe, até agora.

Não há primeiras mãos para nós, mas há uma fotografia do criador, com top e blusão da Prada.

Uma hora mais tarde, Dino Alves já está a apresentar.O desfile arrancou com crianças no palco e uma atuação do grupo das marchas populares da Bica.

Dino Alves estava marcado para as 20 horas mas, 55 minutos mais tarde, o sitting ainda está a decorrer na sala de desfiles. Felizmente, a lente da Melissa Vieira dá-nos acesso privilegiado ao que aí vem.

Este domingo, último dia de ModaLisboa, ficou a saber-se que o Portugal Fashion está a viver um momento de crise. O certame de moda que tem lugar na cidade do Porto ficou sem os fundos comunitários de que necessita para continuar a ser palco para as criações dos designers e marcas nacionais e ainda não se sabe se acontecerá em 2023.

Pela ModaLisboa, encontrámos Eduarda Abbondanza, fundadora do evento na capital nacional e pedimos um comentário à notícia que também marca a atualidade da moda nacional neste dia.

“Não sei do que está a falar. Não faço comentários. Não sabia de nada disso. Depende, também, como os projetos são desenhados, não é? Nós não temos fundos comunitários, nunca. Lamento. Não sabia. É estranho para mim falar de uma organização quando está a acontecer a minha, portanto não vou comentar.”

Esta poderá ser a última edição do Portugal Fashion. “Cabe ao Governo desbloquear esta questão”

Numa das salas da Lisboa Social Mitra, está instalada a exposição APICCAPS, que levou ao evento vários sapatos de marcas portuguesas que primam pela sustentabilidade.

Destacamos cinco que vimos por lá e que não nos importávamos de levar para casa.

Ténis d’As Portuguesas

Socas da ESC

Sapatos de plataforma da Reve de Flo

Mules da Gladz

Ténis da Sanjo

Há muitas caras que concorrem para que um evento como estes corra na perfeição. Uma delas é Irina Chitas, um dos elementos do gabinete de imprensa e comunicação da ModaLisboa. Apanhámo-la esta manhã, a poucos minutos de entrarmos no estúdio de João Magalhães.

Acabou de passar por nós o próprio designer com uma pá e uma vassoura na mão.

Os nossos designers são muito versáteis!

Entretanto conseguiram que aquela vela ali atrás não incendiasse um casaco do João…Têm acontecimento muitos percalços nesta edição?

Sim, mas faz parte, e é ótimo, o que torna as coisas divertidas.

Conta-nos um percalço que possas contar. Ou que não possas contar.

A verdade é que… com tão poucas horas de sono ao longo dos últimos dias eu nem me lembro do que aconteceu ontem! Não tenho memória. É péssimo para fazer debrief, mas é ótimo ao mesmo tempo. Acho que estou a recalcar, é bem possível.

Há alguém que não vias há imenso tempo e que reencontraste por aqui?

Várias pessoas, a ModaLisboa é ótima para isso. Isto parece sempre casa, vale muito por isso também.

E um momento que destacas até agora?

As fast talks foram ótimo conteúdo, com a sala muito cheia, o que para nós é mesmo bom, porque as pessoas vêm muito para ver desfiles e cocktails mas este é o nosso momento de pensamento e reflexão.

© Melissa Vieira

Já não vêm só pelo croquete?

Não, é bom saber que as pessoas não vêm só para beber copos, e temos muitos jovens e estudantes. Não se ficam pelas redes sociais e querem mesmo ouvir os outros.

Que hashtag resumiria bem esta edição?

Vou ter que ser básica e dizer “Oásis”. Sabes que começámos isto com outro tema…

Espera lá, o tema era para ser outro? Qual?

Tínhamos uma campanha que nos era muito difícil de definir e só nos fazia falar de transcendência de uma forma holística, da procura de significado. Faltava a palavra certa. O primeiro tema oficial foi ModaLisboa And Beyond. Tudo o que temos para além disso, mas faltava qualquer coisa, um termo mais visual.

E além de português é mais universal.

É igual nas duas línguas, faz-nos muito sentido, comunicamos sempre de forma muito fluída. A maior parte dos nossos seguidores nas redes fala português e inglês. Quando falámos em Oásis, iluminou-se algo. Estamos mesmo a sentir que chegámos aqui.

“Amanhã tenho alisamento do cabelo às duas e osteopata às cinco.”

Foi o vestido laranja que vimos há pouco nos bastidores que deu início a Nuno Baltazar, com quase 35 minutos de atraso. Já estamos a assistir.

Não está fácil para o staff resolver a situação do sitting, meia hora depois do suposto arranque de Nuno Gama. As pessoas continuam a entrar e nós continuamos à espera.

Valentim Quaresma ajuda-nos a descodificar a sua coleção em três pontos.

• O nome. “A coleção chama-se Invisible Maze. Porque é que escolhi este título? Quando comecei a fazer a coleção quis perceber o caminho que tinha de percorrer para chegar ao resultado que queria ter, e isso tem muito a ver com o meu processo criativo, que é tentativa/erro, experimentação. Foi este caminho que eu fui percorrer, como se fosse um labirinto.
• Os materiais. “Alumínio, nas joias. Nos tecidos, pele, camurça e algum poliéster, polipele, por aí. ”
• As formas. “Em termos de vestuário as linhas são muito simples, com decotes mais geométricos. Simples de vestir, porque também há que ter em conta a parte comercial, porque é disso que trata a indústria. Nas joias, claro que há o impacto do metal. E também há uma ligação ao meu trabalho como artista plástico.”

Captámos o momento em que uma modelo apareceu dos bastidores com um dos looks que vão ser apresentados por Nuno Baltazar. O desfile estava marcado para as 19 horas. E podemos dizer que o laranja é a cor do dia.