Momentos-chave
- Protestos em Atenas
- Passos volta a falar sobre a Grécia
- Negociador grego diz que credores do país não parecem dispostos a um compromisso
- Sem acordo com os credores, não há dinheiro para pagar ao FMI
- Grécia está disposta a fazer concessões, mas não aceita cortes nas pensões
- Moscovici desmente propostas para cortes brutais nas pensões
- Tsipras desafia credores e diz-se pronto a assumir responsabilidades de recusar um mau acordo
- Banco Central: Sem acordo, a Grécia pode perder tudo o que alcançou nos últimos 30 anos
- Síntese da manhã
Histórico de atualizações
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O candidato presidencial Sampaio da Nóvoa considerou esta quarta-feira que a saída da Grécia da União Europeia é “contrária aos interesses” da Europa e que o projeto europeu “perdeu a visão política”, deixando-se “dominar por lógicas financeiras e interesses”.
O ex-reitor da Universidade de Lisboa alertou para a necessidade de Portugal voltar a ter “voz na Europa”, apontando como caminho a definição de um “projeto nacional consolidado”. Segundo Sampaio da Nóvoa, “o erro” de Portugal foi “abdicar” de um projeto nacional. “Julgo que tudo o que possa pôr em causa o projeto europeu, possa ser fratura, é contrário aos interesses da Europa. Não seria bom para ninguém, nem para a Grécia, nem para Portugal, nem para o mundo que essas fragmentações levassem a saídas de qualquer país seja da zona euro, da zona europeia”, respondeu.
Para o candidato independente à sucessão de Cavaco Silva, “o projeto europeu é um grande projeto, é um projeto de paz, solidariedade, de desenvolvimento, de convergência entre os países, mas infelizmente não está a ser nada disto”. Segundo Sampaio da Nóvoa, “o que está a acontecer hoje é que a prática europeia, concreta, económica, social, política é o contrário daquilo que são os elementos fundadores do projeto europeu”.
Interrompemos aqui o nosso liveblog de hoje sobre a Grécia. Obrigada por nos ter acompanhado.
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Protestos em Atenas
Milhares de gregos desfilam esta noite em protesto em Atenas, concentrando-se na Praça Sintagma, quando é quase meia noite no país. Nas palavras de ordem ouvem-se elogios ao governo grego de Alexis Tsipras e críticas à austeridade imposta pelos credores. Os apoiantes do Syria apoiam a posição do governo de não ceder às propostas de Bruxelas e do FMI e desvalorizam o facto de o país poder entrar em default.
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Passos volta a falar sobre a Grécia
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu ser “racionalmente importante” e “desejável para todos” na zona Euro que a Grécia encontre uma solução para não entrar em incumprimento. “Reafirmo que seria desejável para todos, para a Grécia e para a zona Euro, que qualquer incumprimento grego fosse evitado e a reafirmação disso significa que, nesta altura, Portugal não colocará nenhum obstáculo a que uma solução dessas possa ser encontrada”, afirmou, citado pela Agência Lusa.Passos Coelho, que falava numa visita ao Centro Comunitário São Cirilo, no Porto, salientou que, “racionalmente, era importante para todos que se pudesse chegar a uma solução que evitasse um incumprimento grego, mas isso não está só nas mãos do Eurogrupo”.“Eu não faço palpites, nem apostas nem tenho estados de alma em relação a estas matérias. Uma solução a ser encontrada tem de respeitar as regras que se aplicam a todos os países”, frisou. Passos assinalou que “ninguém tem nada a lucrar” com a continuação da instabilidade ou com “um precipício financeiro”, mas garantiu que, “aconteça o que acontecer, a resposta que a Europa está hoje em condições de executar é muito mais robusta que aquela que em 2010 ocorreu, quando o problema se manifestou pela primeira vez”. Portugal assegurou novamente que “Portugal não será apanhado desprevenido numa situação de emergência”, uma vez que tem “amealhado o suficiente para poder fazer face a essas situações”.
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Negociador grego diz que credores do país não parecem dispostos a um compromisso
O ministro adjunto dos Negócios Estrangeiros grego, que é o principal representante de Atenas nas negociações com os credores considerou, em entrevista a sair no Libération desta quinta-feira, que os seus interlocutores “não parecem dispostos ao compromisso”. Euclide Tsakalotos afirmou que, nas últimas reuniões com os representantes da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, apresentou “uma série de propostas sobre as questões orçamentais”, mas que, na realidade, os seus interlocutores “não pareceram dispostos ao compromisso”.Também na entrevista, Tsakalotos torna a abordar o tema das reformas, que é um dos pontos de divergência com os credores: “Os nossos interlocutores insistem sempre na baixa das (pensões de) reformas. É irrealista (fazê-lo) num país onde já foram consideravelmente reduzidas desde há cinco anos e onde dois terços dos reformados vivem abaixo da linha de pobreza”.
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Angela Merkel fará um discurso esta quinta-feira na câmara baixa do Bundestag onde a Grécia será um tema importante. Segundo a Bloomberg, o discurso da chanceler alemã deverá contornar os ataques de Alexis Tsipras aos credores e lembrar a Atenas a necessidade de cumprir com as reformas planeadas, que a Alemanha tudo fará para manter a Grécia no euro e que a Grécia também tem de fazer por isso.
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O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, terá ligado ao primeiro-ministro grego esta tarde. O Governo grego espera discutir uma nova proposta dos credores durante este fim-de-semana, noticia a televisão grega Mega TV.
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Yanis Varoufakis, em declarações à Reuters, afasta a hipótese de acordo no próximo Eurogrupo, que se realiza esta quinta-feira.
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Nikos Papas, ministro de Estado da Grécia, também ataca o Banco da Grécia depois dos comentários incluídos no relatório publica esta manhã: o governador do banco central “devia cingir-se ao seu mandato – de neutralidade”. Os comentários surgem depois da grande controvérsia criada em torno do relatório que dizia que sem acordo a Grécia poderia ter de sair da zona euro, com consequências severas para a economia e a sua população.
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Aplicar as regras à risca e tornar a situação pior do que ela já está, ou continuar a dar crédito aos bancos gregos e danificar a sua própria credibilidade? A análise ao dilema do BCE é do Wall Street Journal e explica os riscos que todas as opções trazem para a instituição liderada por Mario Draghi (a ler aqui).
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Sem acordo com os credores, não há dinheiro para pagar ao FMI
Se ainda restavam dúvidas, o chefe da equipa grega que está a negociar o programa com os credores tira-as todas: sem a próxima tranche, não há pagamento ao FMI.
Euclid Tsakalotos: “Não há financiamento, não temos acesso aos mercados, não temos o dinheiro que não foi transferido desde o verão de 2014, por isso obviamente não vamos ser capazes de ter o dinheiro para pagar isso [os 1,6 mil milhões de euros ao FMI]“.
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Também a Irlanda se prepara para o incumprimento da Grécia e para uma consequente saída do euro. Segundo a Bloomberg, que cita uma fonte não identificada, o Ministério das Finanças está a preparar-se, juntamente com outros ministérios e institutos públicos, para este cenário. Num comentário enviado por email à Bloomberg, o Ministério das Finanças da Irlanda diz apenas que os representantes do Ministério, e outros dentro do Governo, “fazem planos de contingência para várias questões”.
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O BCE voltou a aumentar o limite de empréstimos de emergência que o Banco Central da Grécia pode dar aos bancos nacionais e que não são cobertos pelo BCE, de 83 para 84,1 mil milhões de euros. Os bancos comerciais gregos começaram a usar em grande escala a chamada Emergency Liquidity Assistance (ELA) quando a 4 de fevereiro o BCE anunciou que iria deixar de aceitar que os bancos utilizassem dívida pública grega como garantia nos empréstimos que lhe pediam.
A decisão foi justificada pelo BCE com a impossibilidade de prever na altura a conclusão com sucesso da atual revisão do programa de ajustamento, pouco mais de uma semana após o Syriza ganhar as eleições legislativas na Grécia e depois de uma reunião com o ministro das Finanças da Grécia em Frankfurt, com Mario Draghi, presidente do BCE.
Com esta decisão, os bancos deixaram de ter garantias suficientes para pedir o dinheiro que necessitam emprestado ao BCE, e viraram-se para o Banco da Grécia, que está ajudar a cobrir o valor que falta. O valor máximo da liquidez dada através deste mecanismo é decidido pelo BCE. Este tipo de liquidez é usada normalmente em último recurso, é suposto ser temporária e só pode ser usada para bancos com problemas de liquidez, e não de solvência. Uma linha cada vez mais ténue à medida que a fuga de depósitos aumenta.
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Controlo de capitais na Grécia? Como último recurso e apenas para ganhar alguns dias, defendia um dos diretores do Open Europe em março. Uma análise que pode ajudar a perceber melhor as implicações desta medida (pode ler aqui).
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Na Macedónia, país vizinho e com históricas ligações à Grécia, também já se fazem contas à saída de Atenas do euro. Segundo os analistas do ICBC Standard Bank, o Governo da Macedónia necessitaria de 250 milhões de euros (cerca de 3% do PIB do país) para recapitalizar os bancos no pior cenário antevisto, algo que o banco considera comportável. Neste cenário mais negro, as unidades dos bancos gregos no país entravam em colapso devido à fuga de depósitos, o Governo tomaria controlo dos bancos e os bancos já não teriam capital nessa altura.
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Perda de acesso ao financiamento do BCE, bancos fechados ou controlos de capitais imediatos, com consequências diretas na melhor altura do ano para o turismo na Grécia, do qual muito depende a sua economia, são algumas das consequências imediatas do incumprimento grego ao FMI no final do mês, segundo Jacob Funk Kirkegaard, do Peterson Institute for International Economics (pode ler aqui), um think tank norte-americano. Na análise, alguns cenários sobre o futuro da crise grega.
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A Presidente do Parlamento da Grécia, Zoi Konstantopoulou, atacou esta tarde o relatório do Banco Central da Grécia que diz que sem acordo, a Grécia pode vir a sair do euro e que as consequências dessa eventualidade seriam dramáticas. Para Konstantopoulou, o relatório é “antidemocrático”, e será devolvido ao Banco Central como “inaceitável”.
O relatório deveria ser apresentado no Parlamento pelo governador Yannis Stournaras, ex-ministro das Finanças do anterior Governo da Nova Democracia, partido que considerou no Parlamento que os comentários da Presidente do Parlamento eram envergonham o órgão de soberania.
Não é a primeira vez que Zoi Konstantopoulou surge nas notícias pelas piores razões. Numa dessas ocasiões foi notícia por banir os polícias que asseguram a segurança dos deputados de usar as casas de banho do Parlamento.
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Frans Timmermans, o primeiro vice-presidente da Comissão Europeia (uma espécie de braço direito de Jean-Claude Juncker) defende em Bruxelas que ainda há tempo para se chegar a acordo com a Grécia. O prazo para a conclusão do programa já foi alargado por duas vezes, uma no anterior Governo da Nova Democracia, e outra a 20 de fevereiro, já com o atual Governo. Prazo termina dentro de 13 dias.
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Um olhar agora para a dívida pública grega. Desde a entrada no euro que a dívida pública (em percentagem do PIB) tem aumentado consideravelmente, mesmo com o crescimento do PIB associado às melhores condições de acesso ao crédito. Mesmo com a reestruturação profunda operada em 2012, a dívida continua muito elevada, superior a 174% do PIB grego, quando o valor máximo exigido pelo Tratado de Maastricht é de 60% do PIB. Os números são da OCDE:
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Jack Lew, secretário de Estado do Tesouro dos EUA, defende agora as ações do FMI na Grécia, dizendo que essas ações do Fundo não foram erros. Algo que o Governo grego já demonstrou publicamente que está longe de concordar.
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Grécia está disposta a fazer concessões, mas não aceita cortes nas pensões
Depois de muitas trocas de acusações, o chefe da equipa grega que está a negociar os detalhes técnicos do resgate – que substituiu Yanis Varoufakis após o Eurogrupo de abril em Riga -, diz que a Grécia está disposta a fazer concessões para conseguir um acordo com os credores antes do final do programa, no final deste mês.
Euclid Tsakalotos mantém no entanto a posição essencial do Governo: cortes nas pensões não estão em cima da mesa.