Por hoje, as novidades ficam por aqui. Fazemos um breve resumo do que se soube nas últimas horas desta segunda-feira:

• O rescaldo da cimeira do Eurogrupo que se realizou esta segunda-feira mostra que a Grécia aceitou o princípio de acordo para a extensão do Programa de Ajustamento — que termina a 30 de junho.
• Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, disse estar confiante de que “haverá um acordo até ao final desta semana”.
• O conjunto de propostas apresentado pelo governo helénico aos líderes europeus foi considerado por François Hollande, presidente francês, como uma “base de entendimento”.
• Angela Merkel, chanceler alemã, sublinhou que há muito trabalho pela frente e que “o tempo é muito curto para a Grécia fazer o que é necessário”.
• Haverá nova reunião do Eurogrupo na quarta-feira.

O primeiro-ministro helénico enalteceu que, agora, “a bola está do lado da liderança europeia” e que as propostas formuladas pelo governo grego estão a “proteger os rendimentos das famílias de classe média”.

O primeiro-ministro grego disse que “as propostas são socialmente justas” e que as negociações com os credores vão continuar nas próximas 48 horas. Alexis Tsipras sublinhou que as medidas vão “poupar” os pensionistas.

Em boa hora escrevemos: parece que Alexis Tsipras já está a falar aos jornalistas.

@tsipras_eu sortant discretement de #Euco pic.twitter.com/NTY9zU3pGu

— Jurek Kuczkiewicz (@jujikucz) June 22, 2015

Sim, ainda falta alguém falar — é Alexis Tsipras. O primeiro-ministro grego ainda estará reunido com a sua comitiva e só depois falará à comunicação social em Bruxelas. Nós ficaremos por aqui a aguardar.

A reunião de quarta-feira deverá servir para fechar o acordo com o governo grego, tendo em conta o que já está a ser noticiado por vários correspondentes que se encontram em Bruxelas. Danny Kemp, chefe dos correspondentes da agência France-Presse na capital belga, escreveu há pouco que “90% das exigências” das instituições e líderes europeus constam na proposta de acordo enviada por Alexis Tsipras ao Eurogrupo.

Athens has fulfilled 90 percent of demands, rest not difficult. Hotel-restaurant VAT at 23% is price for deal, EU official tells @CSpillmann

— Danny Kemp (@dannyctkemp) June 22, 2015

A própria Angela Merkel já terá confirmado que o Eurogrupo voltará a reunir na noite da próxima quarta-feira, 24 de junho.

BREAKING – Chancellor Merkel says eurogroup mtg on Wed evening

— Tony Connelly (@tconnellyRTE) June 22, 2015

Passos Coelho também falou à saída da cimeira do Eurogrupo. “Estamos numa situação muito apertada. [Há] muito pouco tempo para que a solução possa ser encontrada”, disse o primeiro-ministro, revelando que “provavelmente” haverá nova reunião do Eurogrupo na quarta-feira. Passos Coelho confirmou que, nesta segunda-feira, os ministros das Finanças da Zona Euro “não tiveram tempo para avaliar as propostas”.

O primeiro-ministro lamentou ainda que a Grécia já tenha estado numa “situação em que podia encarar uma via de financiamento” nos mercados e com o apoio do Mecanismo Europeu de Estabilidade, mas que, agora, essa opção não parece exequível “devido ao risco de default admitido pelo governo” de Alexis Tsipras.

Voltemos às palavras de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia que explicou porque acredita que, até ao final desta semana, os líderes europeus chegarão a um entendimento com o governo da Grécia: “Estou convencido que chegaremos a um acordo durante esta semana pela simples razão de que temos de arranjar um acordo esta semana.”

Já François Hollande começou por dizer que as propostas gregas “foram bem-vindas” e adotou a mesma linha — apelar à pressa e à urgência — da maioria dos líderes europeus: “As negociações têm de avançar o mais rápido possível.” O presidente francês frisou que “agora existe uma base de entendimento” para um acordo e defendeu que “a Grécia não pode continuar a ser uma fonte de instabilidade”.

France's Hollande says 'moving towards a deal' on Greece

— Danny Kemp (@dannyctkemp) June 22, 2015

O líder gaulês disse que a reestruturação da dívida helénica será “o segundo passo” das negociações, embora tenha indicado também que “o financiamento do Estado grego tenha de ser planeado”. Hollande esclareceu ainda que “um alívio da dívida grega não será decidido nos próximos dias”.

Angela Merkel seguiu a mesma linha de Christine Lagarde e realçou que os trabalhos que se seguem nos próximos dias têm aumentar de intensidade. “Não negociámos ao detalhe, esse é o papel das instituições. Há um certo nível de progresso, mas ainda há uma grande quantidade de trabalho pela frente”, disse a chanceler alemã. Merkel garantiu que os líderes europeus não discutiram “cenários de extensão” do Programa de Ajustamento, frisando que a Grécia não pretende um terceiro programa de resgate.

Merkel deixou também um aviso — “o tempo é muito curto para a Grécia fazer o trabalho que é necessário.”

We didn’t speak about a third program, just the completion of the second program, says Merkel regarding Greece Euro Summit.

— James Kanter (@jameskanter) June 22, 2015

Não tão otimistas foram as palavras de Christine Lagarde. A líder do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que o acordo “ainda é curto” e que lhe falta “tudo o que devia ser esperado”. Portanto, prosseguiu, “haverá espaço para negociar e trabalhar”. Lagarde esperou que a a troika, o Eurogrupo e a Grécia possam ser “construtivos num período de tempo muito curto”.

A chefe do FMI resumiu tudo numa frase: “Estamos curtos em tempo e longos em trabalho.”

Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, também elogiou o conjunto de propostas helénicas. Considerou-as “um passo importante” e disse acreditar que este processo “seja finalizado esta semana”. O luxemburguês afirmou estar “confiante” de que os resultados vão aparecer.

Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, disse que Alexis Tsipras garantiu ao Eurogrupo que o governo grego “está disposto a trabalhar” e confirmou que as propostas “têm de ser analisadas nas próximas horas”.

O presidente do Eurogrupo já falou. Jeroen Dijsselbloem classificou o novo pacote de propostas do governo de Alexis Tsipras como “um passo na direção certa”, ressalvando, contudo, que os ministros das Finanças da Zona Euro precisam de tempo para estudarem todas as medidas. “Esta cimeira serve para o primeiro-ministro grego aceita a sequência de acontecimentos, para ouvir que, primeiro, se tem de chegar a um acordo ao nível técnico para, depois, ser aceite pelo Eurogrupo”, explicou.

Aqui poderá haver problemas, pelo menos tendo em conta o que tem sido dito por membros do Parlamento grego. Um deles, Alexis Mitropoulos, já terá até sublinhado isto: “O acordo que têm em mãos não pode passar no Parlamento.” E esta declaração veio de um deputado do Syriza, partido de Alexis Tsipras, o primeiro-ministro grego.

#Syriza MP & VP of Parliament Mitropoulos: "The package you have in your hands cannot actually pass in the parliament." #enikos

— The Greek Analyst (@GreekAnalyst) June 22, 2015

Angela Merkel e o Eurogrupo terão exigido que a Grécia aprove no seu Parlamento as propostas que incluiu no acordo. E que o faça até 30 de junho, dia em que o Programa de Resgate termina. Quem o escreveu foi Aurelia End, correspondente da agência France-Press em Bruxelas, citando uma fonte não identificada.

https://twitter.com/AureliaEndAFP/status/613089608033796097

Parece que alguém não gostou das propostas que o governo de Alexis Tsipras apresentou ao Eurogrupo. Dalia Grybauskaité, presidente da Lituânia, já afirmou, segundo a Bloomberg, que “não [está] impressionada” com os pontos que a Grécia incluiu no acordo. A meio desta tarde, aliás, a líder do país balcânico já escreve na sua conta de Twitter que o governo helénico “ainda queria fazer a festa” e “as contas têm de ser pagas outra pessoa qualquer”.

The Greek government still wants to party but the bills have to be paid by somebody else #EUCO

— Dalia Grybauskaitė (@Grybauskaite_LT) June 22, 2015