Histórico de atualizações
  • E, pronto, por hoje já chega. Já sabe, amanhã temos encontro marcado às 21h30 aqui, no site do Observador.

    Obrigado por nos ter acompanhado nas últimas quase oito horas de liveblog. Espero que tenha desfrutado da minha companhia em mais uma madrugada de política norte-americana — eu cá sei que foi bom pelo tê-lo desse lado.

    Bom descanso e até amanhã!

  • E é assim que chegamos ao fim do primeiro dia da Convenção do Partido Democrático, marcado pelas feridas abertas durante as eleições primárias e que ainda não tiveram tempo de sarar. Foi isso que se percebeu logo ao início — quando o nome de Hillary Clinton era referido por um orador, ou quando eram feitos pedidos pela união do partido, um bom número dos partidários de Bernie Sanders respondia quase automaticamente com assobios, apupos e vaias.

    Foi essa a banda sonora desta convenção? Sim, em parte, mas não só. Também houve os já esperados ataques a Donald Trump, que aqui ficou com a imagem de um candidato irrefletido, infantil e grosseiro. Muitas vezes, o tom contra Donald Trump foi mais pessoal do que político. Neste capítulo, o discurso de Michelle Obama foi mais do que a estrela da companhia: foi, objetivamente, o melhor discurso da noite, ponto final.

    Mas, não há como evitá-lo: os choques que agora existem no Partido Democrático são incontornáveis e serão sem dúvida um grande desafio para os três dias que ainda restam ao partido em Philadelphia. Até para Bernie Sanders será um desafio, uma vez que ele próprio foi timidamente vaiado pelos seus próprios apoiantes.

    Será que vai dar tempo para as feridas sararem? E será que o festival de desunião vai afetar a imagem pública dos democratas, afentado assim a perspetiva que o país tem deles?

    Amanhá, a primeira prova será na votação para escolher a nomeada do Partido Democrático às eleições presidenciais de 8 de novembro. Se pus “a nomeada” em itálico não foi por acaso: é que toda a gente sabe que será Hillary Clinton a escolhida, tratando-se aquele processo apenas de uma formalidade. Mas as formalidades não têm de ser aborrecidas ou, até, previsíveis. Será interessante seguir como é que os apoiantes de Bernie Sanders vão reagir quando, finalmente, e oficialmente, Hillaruy Clinton vencer a nomeação.

    Amanhã, há dois momentos a aguardar. Por um lado, Bill Clinton, ex-Presidente e que agora quer voltar à Casa Branca enquanto primeiro-cavalheiro, fará um dos discursos da noite. Mas o palco também será cedido àqueles que certamente serão protagonistas desta noite: familiares de afro-americanos mortos pela polícia ou outras autoridades. Será assim com a mãe de Eric Garner, a irmã de Trayvon Martin ou a mãe de Michael Brown.

    Depois de os republicanos terem passado os quatro dias da sua convenção a negar o slogan “black lives matter”, vejamos como é que os democratas saberão lidar com um dos assuntos mais prementes nos EUA atuais.

  • Bernie Sanders termina o seu discurso e sai do palco perante uma ovação. Bill Clinton, que está na plateia, aplaude-o de pé.

    Screen Shot 2016-07-26 at 04.44.31

  • “O nosso trabalho agora é conseguir que essa plataforma forte democrática seja implementada por um Senado democrático, por uma Câmara dos Representantes democrática e uma presidência de Clinton. E eu farei tudo o que puder para fazer isso acontecer.”

    “Eu já conheço Hillary Clinton há 25 anos. Eu recordo-a como uma grande primeira-dama, que quebrou os precedentes em termos daquilo que uma primeira-dama era suposto, fazer à medida que liderou a luta pelo sistema de saúde universal. Eu estive com ela no Senado e conheço-a com uma defensora acérrima pelos direitos das crianças, das mulheres e dos deficientes. A Hillary Clinton vai ser uma Presidente incrível e eu tenho orgulho de estar aqui ao lado dela.”

  • “Não é segredo que eu e Hillary Clinton discordamos nalgumas questões. É nisso que tem consistido esta campanha, é nisso que consiste a democracia! Mas eu estou feliz por vos dizer que no Comité da Plataforma Democrática houve uma aproximação entre as duas campanhas e nós criámos a plataforma mais progressiva na história do partido democrático, de longe. Agora, entre várias propostas, o Partido Democrático pede para que se desmantelem as maiores instituições financeiras de Wall Street e a passagem do Glasse-Steagall Act, do século XX. E também propõe a oposição a tratados que acabam com empregos de trabalhadores, como o TTIP.”

  • “Esta eleição é sobre os milhares de jovens que eu conheci ao longo deste país, os milhares que eu conheci que saíram da universidade profundamente endividados e, tragicamente, alguns que nem puderam lá entrar. Durante as eleições primárias eu e a Secretária Clinton falámos deste assunto, embora com abordagens diferentes. Mas recentemente, unimo-nos numa proposta que vai revolucionar a educação superior na América. Vai garantir que os filhos de qualquer família neste país com um rendimento anual de 125000, 83% da nossa população vai poder ir a uma universidade estatal sem pagar propinas.”

    Quando Bernie Sanders deu os detalhes desta última medida, uma jovem que está na plateia e que segura um cartaz com o seu nome gritou “isso não chega!”, lavada em lágrimas. Não é a única, há vários jovens, fãs de Bernie Sanders, que agora choram durante o discurso em que ele dá, sem rodeios, o seu apoio total a Hillary Clinton.

  • “A Hillary Clinton entende que se alguém neste país trabalha 48 horas por semana, essa pessoa não deve viver em pobreza. Ela entende que nós devemos aumentar o salário mínimo para um salário do qual se possa viver. E ela está determinada a criar milhões de novos empregos ao reconstruir as nossas infraestuturas em más condições, as nossas estradas, os nossas pontes, sistema de água e estações de tratamento de água.”

    “O nosso adversário Donald Trump tem um ponto de vista muito diferente. Ele não apoia que se levante o nosso salário mínimo federal de $7,25, um salário de fome. E enquanto ele acredita em enormes cortes fiscais para milionários, ele acredita que os estados devem ter o direito a baixar o salário mínimo abaixo dos $7,25.”

  • Bernie Sanders: "Qualquer observador objetivo concluiria que Hillary Clinton tem de ser a próxima Presidente dos EUA"

    “Estas eleições são sobre onde nós estávamos há sete anos e meio, quando o Presidente Obama tomou posse depois de oito anos de economia do topo para a base. Os republicanos querem que nos esqueçamos que em resultado da ganância, descuido e comportamento ilegal em Wall Street, a nossa economia atingiu o ponto mais baixo desde a Grande Depressão. 800 mil pessoas perdiam os seus empregos por mês. Tínhamos uma défice 1.3 bilhões de dólares e, já agora, o sistema financeiro estava prestes a colapsar.”

    “Bom, nós andámos muito desde essa altura em sete anos e meio — e agradeço ao Presidente Obama e ao vice-Presidente Biden. Eu agradeço-lhes pela sua liderança e por nos terem tirado dessa recessão terrível. Sim, fizemos progressos, mas eu acho que podemos todos concordar que muito, muito mais tem de ser feito. Esta eleição é sobre qual candidato percebe os verdadeiros problemas que este país encara e que muitas vezes têm soluções reais. Não é só medo, insultos ou divisão. Nós precisamos de liderança neste país que melhor a vida das famílias trabalhadoras, as crianças, os doentes, os mais velhos e os pobres. Precisamos de um liderança que una o nosso povo e nos torne mais fortes, não uma liderança que insulta latinos e mexicanos, insulta muçulmanos, mulheres, afro-americanos, veteranos e sikhs para nos dividir.”

    “Vendo tudo isto, qualquer observador objetivo concluiria que, tendo como base as suas ideias e os seus objetivos, que Hillary Clinton tem de ser a próxima Presidente dos EUA.”

  • “Estas eleições são sobre perceber que se não transformamos a nossa economia, as nossas gerações mais jovens vão provavelmente ter um nível de vida mais baixo do que os seus pais. Esta eleição é sobre acabar com o nível grotesco de desigualdade salarial. Não é moral, não é aceitável e não é sustentável que os 10% mais altos do 1% tenham hoje quase tanto dinheiro dos 90%. Ou que os 1% nos últimos anos têm vencido 85% de todos os rendimentos novos.”

  • “Acho que é justo dizer que não há ninguém mais desiludido do que eu. mas para todos os meus apoiantes aqui e em todo o país, eu espero que se orgulhem extremamente em todos os feitos que conseguimos. Juntos, meus amigos, começámos uma revolução política para transformar a América, e essa revolução, a nossa revolução, continua. Os dias de eleições vão e vêm, mas a luta do povo para criar um governo que representa-nos a todos e não só o 1%, um governo baseado nos princípios de igualdade racial, social, económica e ambiental, essa luta continua. E eu estou ansioso para fazer parte dessa luta convosco.”

    “Deixem-me ser muito claro convosco: esta eleição nunca foi sobre Hillary Clinton, Bernie Sanders ou Donald Trump (…)
    Não é sobre as coisas que os media perdem tanto tempo a discutir. Estas eleições são e têm de ser sobre as necessidades do povo americano e do tipo de futuro que criamos para os nossos filhos e os nossos netos.”

  • Bernie Sanders, o homem mais aguardado da noite, começou a discursar

    Screen Shot 2016-07-26 at 04.00.40

  • Elizabeth Warren: "Quando nos viramos uns contra os outros, não nos podemos unir para lutar contra um sistema engendrado.

    Screen Shot 2016-07-26 at 03.35.25

    Agora falou Elizabeth Warren, senadora pelo Machassusets, figura destacada do setor mais à esquerda do Partido Democrático, que tanto é ideologicamente próxima de Bernie Sanders como tem apoiado publicamente Hillary Clinton quando o senador do Vermont já não tinha esperança de ser nomeado. Eis algumas citações do seu discurso

    Sobre Trump

    Depois de referir as causas defendidas pelos democratas no Congresso… “Onde é que estava Donald Trump nestas lutas todas? Nem uma vez ele levantou o dedo para ajudar os trabalhadores. E porque é que ele haveria de fazê-lo? Toda a sua vida ele tem tirado partido destes sistema.”

    “Que tipo de homem é que age assim? Que tipo de homem é que festeja um crash que custou a milhões de pessoas o seu emprego, as suas casas e as suas poupanças. Que tipo de homem engana estudantes, investidores e trabalhadores? Eu digo-vos que tipo de homem é esse: um homem que nunca pode ser Presidente dos EUA.”

    Dividir para reinar é uma história antiga na América. Martin Luther King conheceu-a. Depois da marcha de Selma até a Montgomery, ele explicou como a segregação foi criada para manter as pessoas divididas. Em vez de aumentar os salários para os trabalhadores, King explicou como os brancos pobres no Sul eram convencidos dos méritos de Jim Crow ao acreditarem ‘por muito mau que fosse, ao menos ainda era branco’. As desigualdades raciais foram criadas para manter os poderosos no topo. Quando nos viramos uns contra os outros, os banqueiros podem gerir a nossa economia a partir de Wall St., as petrolíferas podem lutar contra a energia limpa e as empresas gigantes podem amdnar os últimos empregos para o estrangeiro. Quando nos viramos uns contra os outros, tipos ricos como Donald Trump podem baixar os impostos para eles próprios e nós nunca teremos dinheiro suficiente para apoiar as nossas escolas, reconstruir as nossas auto-estradas ou investir no futuro dos nossos filhos. Quando nos viramos uns contra os outros, não nos podemos unir para lutar contra um sistema engendrado. Mas eu tenho notícias para Donald Trump: o povo americano não está a cair nisto.”

    Sobre Hillary

    Já na fase final do seu discurso, Elizabeth Warren referiu todas áreas em que acredita que Hillary Clinton poderá ter um efeito: redução da desigualdade, aumento salário mínimo, refinanciamento de empréstimos para estudantes e propinas mais acessíveis, assistência após a reforma, recurso a energias renováveis, igualdade salarial entre géneros, maior regularização da banca, oposição a tratados de comércio internacionais e, por fim, impor regras que promovam a transparência no financiamento a campanhas políticas. A seguir a cada um destes itens, Elizabeth Warren dizia, e pedia ao público que se lhe juntasse, a dizer “I’m With Her!”. Isto é “Eu Estou Com Ela!”, o slogan da campanha de Hillary Clinton.

  • Michelle Obama: "Hoje, posso acordar numa casa que foi construída por escravos"

    E, por fim, Michelle Obama terminou com um emocionado testemunho pessoal, em que falou do passado de escravatura que fez parte da vida dos afro-americanos nos EUA:

    “Esta é a história deste país. É a história que me trouxe a este palco esta noite. A história de gerações que foram amarradas, a humilhação da servidão e o estigma da segregação, mas que continuaram a lutar e a ter esperança e a fazer o que era preciso fazer para que eu pudesse, hoje, acordar todos os dias numa casa que foi construída por escravos. E eu vejo as minhas filhas, duas raparigas negras lindas, a brincar com os seus cães no relvado da Casa Branca. E por causa de Hillary Clinton, as minhas filhas, todas as nossas filhas e filhos, dão por garantido que uma mulher pode ser Presidente dos EUA.”

  • Michelle Obama: "Um bom Presidente Presidente sabe que questões não podem ser resumidas a 140 caracteres"

    E de novo à carga contra Donald Trump, no meio de uma série de elogios a Hillary Clinton:

    “Aquilo que eu admiro mais na Hillary é que ela nunca cede sob pressão, nunca vai pelo caminho mais fácil. Hillary Clinton nunca desistiu de nada na sua vida. E quando eu penso em alguém que quero que seja Presidente das minhas filhas, e dos nossos filhos, eu penso nela. Penso nalguém que leva o seu trabalho a sério, alguém que entende que as questões que um Presidente encara não são a preto e branco e que não podem ser resumidas a 140 caracteres. Quando se tem os códigos para um ataque nuclear na ponta dos dedos e o exército na mão, não se pode tomar decisões a quente, não se pode ter um fusível curto e uma tendência para explodir. É preciso ser contido e bem informado.”

  • Michelle Obama: "Quando Hillary perdeu a nomeação há oito anos, ela não ficou furiosa ou desiludida"

    Michelle Obama também deixou uma (curta) mensagem para os partidários de Bernie Sanders que se recusam a apoiar Hillary Clinton: “Quando ela perdeu a nomeação há oito anos, ela não ficou furiosa ou desiludida. A Hillary não fez as malas e foi para casa. Porque ela, como alguém que trabalhou em serviço do público, sabe que isto vai muito para lá do seu desejo e das suas desilusões”.

  • Michelle Obama: "O nosso lema é 'quando eles vão abaixo, nós vamos acima'"

    Michelle Obama começou a sua intervenção falando das suas filhas e de como foi criá-las nos últimos anos, em que viveram na Casa Branca e, por isso, altamente expostas. “Durante o nosso tempo na Casa Branca, tivemos o privilégio de vê-las crescer, começando como raparigas alegres e agora como jovens mulheres”, diz.

    “Eu apercebi-me de que a Casa Branca iriam formar as bases de quem elas são hoje”, disse, para depois fazer uma clara alusão a Donald Trump, embora nunca lhe tenha dito o nome. “É nisso que eu e o Barack pensamos todos os dias e tentamos proteger as nossas filhas dos desafios desta vida pouco usual na ribalta. Como as istamos a ignorarem quem questiona a cidadania ou a éf do sue pai, como insistimos que a língua odiosa que elas ouvem das personalides na televisão não representam o verdadeiro espírito do nosso país. Como explicamos que quando alguém é cruel ou age como um bully não nos devemos baixar ao nível deles. O nosso lema é ‘quando eles vão abaixo, nós vamos acima’.”

  • Michelle Obama, primeira-dama, já fala

    Screen Shot 2016-07-26 at 03.08.38

  • Cheryl Lankford: "A Trump University estava a desrespeitar o legado do meu marido"

    Tem-se ouvido falar muito da Trump University durante os últimos meses, e os democratas não quiseram desperdiçar essa oportunidade. Cheryl Lankford, viúva de um militar norte-americano que morreu em combate, acaba de falar sobre a sua experiência na universidade de Donald Trump, que tem sido acusada de fraude e que atualmente está num processo de tribunal. Eis o que disse:

    “Depois de ficarem com o dinheiro que o exército que me deu depois de o meu marido ter morrido, eu senti que a Trump University estava a desrespeitar o legado do meu marido. Eu estava assustada, irritada e, na verdade, envergonhada. Mas descobri que não era a única. Ele jogou com pessoas vulneráveis, como viúvas de militares ou dos mais velhos. Ele fez milhões de pessoas como eu. Milhões. Ele enganou mais de 5 mil estudantes, gente trabalhadora da classe média. Professores, polícias, até veteranos de guerra. Isto eram pessoas tal como eu, que não tinham muito dinheiro mas a quem lhes foi dito que se pagassem pelo programa de Donald Trump talvez conseguissem viver melhor. Aqui está um tipo que nasceu rico e que nasceu com todo o dinheiro do mundo — e não há nada de errado nisso. Na verdade, eu entrei na Trump University porque pensei que podia aprender alguma coisa com ele. Mas ele depois decidiu tornar-se ainda mais rico ao enganar pessoas que não tinham mais nada. Que tipo de homem faz isso?”

  • Eva Longoria: "O meu pai não é um criminoso ou um violador"

    Screen Shot 2016-07-26 at 02.34.06

    “Eu sou americana de nona geração. A minha família nunca passou a fronteira, foi a fronteira que nos passou a nós. Por isso, quando Donald Trump nos chama criminosos ou violadores, ele está a insultar as famílias americanas”, começou por explicar a atriz Eva Longoria, celebrizada pela série Donas de Casa Desesperadas. “O meu pai não é um criminoso ou um violador. Na verdade, ele é um veterano dos Estados Unidos. Quando Trump gozou cruelmente com um jornalista com deficiência, ele também estava a gozar com a minha irmã com necessidades especiais, Lisa, e muitos como ela. Quando ele disse que uma mulher que trabalho é algo muito perigoso, não só me insultou a mim como à minha mãe, que trabalhou como professora de crianças com necessidades especiais durante 30 anos e criou quastro crianças”, disse.

    Por fim, referiu Hillary Clinton como a “candidata que acredita em todos nós” e também como a “mais qualificada de sempre numas presidenciais”.

  • Aqui está o momento em que Sarah Silverman chamou “ridículos” aos apoiantes de Bernie Sanders que se têm feito ouvir por forças de apupos e assobios durante esta noite.

1 de 3