O filme Velocidade Furiosa 7 chegou esta quinta-feira às salas de cinema portuguesas. A longa-metragem faz parte do franchise cinematográfico que começou há cerca de 14 anos. Tanto tempo depois, os desafios do realizador James Wan vão mais além do que manter o enredo interessante, sem repetições de maior, e alucinante, não fossem as estrelas da história os carros velozes e seus condutores. É que o último filme da saga foi também o último de Paul Walker. O ator norte-americano morreu a meio das filmagens, a 30 de novembro de 2013. Numa mórbida coincidência: ia ao volante de um carro desportivo.

Depois de o desaparecimento do ator de 40 anos, os estúdios da Universal viram-se forçados a tomar uma decisão: ou deixar a obra inacabada ou tentar terminar o filme com recurso à tecnologia disponível. Ganhou a segunda opção e o orçamento do sétimo Velocidade Furiosa aumentou cerca de 50 milhões de dólares (alcançou a quantia de 250 milhões de dólares, o equivalente a 230 milhões de euros). Mas para isso também terá contribuído o atraso de quatro meses nas filmagens.

Os que já puderam ver o filme — a estreia mundial aconteceu faz alguns dias no estado norte-americano do Texas — asseguram que é difícil distinguir as cenas rodadas pelo ator das que foram inseridas após o seu desaparecimento, escreve a BBC. Os críticos de cinema parecem concordar. É o caso de John DeFore, da Hollywood Reporter, que disse: “Qualquer espetador que não soubesse da morte prematura de Paul Walker nunca adivinharia que tal tenha ocorrido durante a produção de Velocidade Furiosa 7”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para conseguir “ressuscitar” Paul Walker, os produtores recorreram a imagens geradas por computador, também conhecidas pelas siglas CGI (computer-generated imaginery, em inglês). No comando de operações esteve o estúdio de efeitos especiais do realizador neozelandês Peter Jackson, que deu naturalidade aos gestos e expressões da personagem Gollum na trilogia do Senhores dos Anéis.

O uso desta tecnologia não é novidade, até porque foi ela que fez “voltar à vida” o ator Brandon Lee no filme O Corvo, estávamos em 1994; ou que ajudou a completar as cenas do ator Oliver Reed, que morreu enquanto o Gladiador estava a ser filmado, em 2000. Mas com o passar do tempo a técnica evoluiu e os especialistas asseguram que, atualmente, não se consegue distinguir com facilidade as imagens geradas por computador das filmadas com recurso a atores de carne e osso.

E como acontece a magia? Diz Mike Chambers, citado pela BBC Mundo, que é necessário utilizar um duplo com um aspeto físico semelhante ao do ator em falta e filmar a maioria das cenas. Depois, explica ainda o presidente da sociedade norte-americana de efeitos visuais, troca-se o rosto do duplo pelo do ator e, através de técnicas de animação, assegura-se que os movimentos do rosto têm um aspeto mais natural. Neste caso dois irmãos do falecido Paul Walker foram chamados a intervir enquanto duplos.

Mas também foram recicladas cenas de filmes anteriores pertencentes à saga, nunca antes usadas, que foram adaptadas ao guião de Velocidade Furiosa 7. O estúdio responsável pela longa-metragem ainda não quis revelar quais as cenas que o ator chegou, efetivamente, a rodar, mas isso não impediu a atriz Michelle Rodriguez, uma das protagonistas da história, de dizer “Quando as pessoas conseguem manipular o nosso corpo depois de morrermos é algo que muda completamente o jogo. É toda uma nova conversa a ter em Hollywood”.

Velocidade Furiosa 7 não deixa de ser uma homenagem a Paul Walker, o que faz com que o filme esteja nas bocas do mundo. Para isso também poderá ter contribuído o que disse Vin Diesel, outro dos atores protagonistas, à revista Variety: “A Universal vai ter o maior filme da história com este filme. (…) Provavelmente vai ganhar o Óscar de Melhor Filme, a menos que os Óscares nunca queiram ser relevantes”.