Ideal para fazer uma caminhada, praticar um pouco de desporto ou mesmo para passar algum tempo com amigos e conhecer novos locais, o Geocaching é uma atividade praticada em todo o mundo e que tem vindo a ganhar novos adeptos. O objetivo é encontrar caixas escondidas nos mais variados sítios e que levam a conhecer novos pontos de interesse, proporcionando aventuras e bons momentos para todos os gostos e idades.

São milhões as caixas espalhadas pelo mundo e cada uma mostra um local, uma paisagem ou um monumento digno de visita. Cada geocache, ou simplesmente cache (nome dado às caixas que são escondidas para o jogo), é colocada num determinado local com um objetivo. Conta sempre com um trabalho prévio por parte de quem a coloca (owner) para que possa ser feita uma descrição trabalhada e cuidada sobre o objetivo e o local da cache.

Se quiser tirar todas as dúvidas sobre esta atividade, leia o nosso Explicador sobre Geocaching.

O importante é sair do sofá

Pedro Santos é geocacher (praticante de Geocaching) desde 2008, é conhecido pelo username Peter! e já encontrou mais de 2700 caches. Considera que “o Geocaching é uma aventura, uma caça ao tesouro do século XXI, devido à tecnologia que normalmente precisamos”. Com um smartphone ou com um aparelho GPS, os praticantes “conseguem procurar caixinhas que estão escondidas por todo o mundo. A ideia é saírem, levantarem o rabiosque do sofá, literalmente [risos], e ir para a rua procurar caixinhas que estão escondidas.”

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Ao abrir uma cache na aplicação ou site, “normalmente, existe uma dica associada a cada cache para ajudar a encontrar a geocache. Depois de encontrada, os geocachers abrem o container e lá dentro encontram o livro de registos [logbook]”, explica Pedro, dizendo ainda que, após o registo físico, podem efetuar trocas de pequenos objetos seguindo a regra de “troca por troca”.

Além de geocacher, Pedro Santos é ainda um dos membros administrativos do GeoPT, “um portal que nasceu em 2010 e que é uma referência nacional”, até porque promove e organiza vários encontros entre geocachers. A equipa do GeoPT organiza ainda os Prémios GPS, prémios esses que servem para destacar as melhores caches de cada ano. O GeoPT “é um portal com um fórum onde se pode encontrar toda a informação necessária sobre a atividade e onde podem ser trocadas informações com outros membros e praticantes”.

Apesar de ser uma atividade de lazer e bastante saudável, o Geocaching pode ser perigoso quando praticado sem os cuidados necessários. “Acho que se as pessoas tiverem bom senso, lerem as descrições das caches e virem quais são os atributos necessários, conseguem sair de casa para praticar Geocaching sem qualquer tipo de problema ou dificuldade acrescida”, diz Pedro, amante de aventuras que vão desde saltar de aviões a descer por grutas abandonadas e desfiladeiros. Pedro acrescenta ainda que, para tudo correr da melhor maneira, “basta não inventarem e não irem sozinhos, principalmente quando são terrenos mais difíceis”.

Pedro diz que o Geocaching mudou a sua vida a todos os níveis, “desde 2008 que os fins-de-semana, que é quando tenho mais tempo livre, nunca mais foram iguais”. As férias e os passeios são planeados com base nas caches que estão por descobrir. “Podem-lhe chamar vício, gosto, o que quiserem, mas que mudou o meu estilo de vida isso sim, sem dúvida que mudou para melhor.”

Nem todo o divertimento é feito no terreno

A aventura faz parte da atividade, nem todos vivem o Geocaching da mesma maneira. Há quem prefira o trabalho de criação de uma cache. Exemplo disso é Beto Pinho, que encontrou pouco mais de 650 caches. É conhecido pelo usernamebetopinho” e pelos containers fora do comum, aos quais dedica muito tempo no processo de construção. “Eu não sou viciado em procurar caches, gosto, claro, mas prefiro criar containers. Vou ao local e fico logo a imaginar, dia e noite, ‘que tipo de mecanismo vou criar para aquele sítio?’”

Claro que gostar de criar não impede que goste de procurar, até porque “é um guia turístico, porque onde houver uma cache há um ponto importante para visitar”. O Geocaching entrou na vida de Beto Pinho por diversão, mas agora admite que, “para onde quer que vá, vou sempre a pensar nas caches que podem existir”. Membro desde 2009, já viveu e já viu muitos acontecimentos relacionados com o Geocaching e assume que não existe qualquer perigo associado à prática. Apesar de algumas caches estarem em locais perigosos, “se a pessoa ler a descrição da cache está lá tudo indicado. Tem a dificuldade do terreno e os owners indicam se é preciso cuidados a mais ou não”.

Aventuras à parte, Beto Pinho aconselha a que “façam uma ou duas com um amigo e, depois, a partir daí, é só ir ganhando autonomia. Ao início, vão ter alguma dificuldade em fazer os logs online, mas depois ganham o jeito”. Apesar de parecer pouco importante, quem coloca uma cache espera sempre receber registos elaborados para ficar a saber como foi toda a experiência na cache e se a mesma é do agrado dos geocachers ou se algo pode ou deve ser alterado.

É uma “caça ao tesouro” que não cansa

Com mais de 25.500 caches encontradas, António Valente é um praticante nato desta atividade. Conhecido como “Wolfraider”, é praticante desde 2008 e afirma que o jogo trouxe benefícios para a vida pessoal. “Dá-me gozo, dá-me prazer!”, diz António, “faço exercício físico, dá-me desafios, é sempre giro ter enigmas para resolver. É o gozo de descobrir uma coisa que está escondida. É uma caça ao tesouro!”

António Valente não considera a atividade um perigo, desde que as pessoas tenham atenção ao que está indicado em cada cache. Cada geocache “indica se é preciso material especial, se o terreno é perigoso”. Nem todas as caches são feitas para todas as pessoas as poderem fazer, é uma questão de ter atenção aos atributos de cada uma.

Como veterano da atividade, António aconselha a que “não comecem a colocar caches sem experiência!”. Devem fazer algumas caches, de várias dificuldades e de vários tipos, até saberem ao certo no que consiste uma boa cache. Depois, “tentem não ficar deslumbrados com alguns que estão no topo. Tentem perceber quem é que anda um bocadinho mais a sério no meio desta brincadeira, porque aqui não é para ganhar nada”, conclui “Wolfraider”.