Se para os portugueses as semanas do meio de junho são sinónimo de Santos Populares e feriados, para o resto do mundo do entretenimento é a altura em que todos os olhos são virados para Los Angeles (EUA), onde decorre anualmente a E3, a feira de videojogos onde são anunciados os próximos títulos que farão furor nos próximos meses (e anos).

Ao nível de hardware já pouco havia a revelar, com a Sony a anunciar e lançar no ano passado a PS4 PRO e o PSVR, e a Nintendo a surpreender o mercado com a novíssima Switch no início de março deste ano. Restava à Microsoft anunciar o que era o Project Scorpio, aquele que era anunciada como a consola mais potente do mercado.

Revelado o verdadeiro nome da plataforma, que adicionou um singelo X à marca Xbox One e que é, sem dúvida, a consola doméstica mais potente do mercado.

Mas os jogos são o principal foco do evento, foram centenas os títulos anunciados e alguns vão merecer a atenção do público e da crítica. Deixamos de seguida os nossos destaques.

Electronic Arts

Para além dos jogos de desporto, entre eles o regresso do NBA Live e o FIFA 18que contará com a cara do nosso Ronaldo a publicitá-lo – as revelações da EA centraram-se numa mão-cheia de títulos. Star Wars Battlefront II a tentar redimir-se dos erros do primeiro jogo foi um dos temas que mais espaço ocupou na conferência do início da semana, com a expansão de Battlefield, o jogo sobre a Primeira Grande Guerra lançado no início deste ano a receber a sua primeira expansão, que leva o campo de batalha para perto da Rússia, em In The Name of the Tzar.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Payback é o regresso da franquia de corridas Need for Speed, que nos traz uma abordagem cinematográfica ao estilo de Fast & Furious e que demonstra grandes potencialidades visuais.

Mas os dois jogos de destaque foram Anthem, o jogo que a EA e a Bioware estão a desenvolver para competir com Destiny 2 no mercado dos jogos sci-fi multiplayer e captou a atenção de grande parte do público. O outro foi a grande surpresa de toda a conferência da EA: A Way Out, desenvolvido pelo pequeno estúdio indie que nos apresentou o genial Brothers: A Tale of Two Sons.

A Way Out é um jogo obrigatoriamente cooperativo, em que cada um dos jogadores controla um personagem em simultâneo, e juntos vão viver a trama de dois prisioneiros que se evadem da prisão, conhecendo os seus dramas pessoais e familiares.

Microsoft

Se a apresentação da Xbox One X não convenceu muita gente (onde me incluo), já os títulos apresentados pela Microsoft para a Xbox One (e também muitos deles para Windows 10) acabaram por causar impacto. Foram algumas dezenas de jogos, praticamente todos feitos por terceiros para as plataformas da gigante norte-americana, sendo que a tarefa de escolher alguns dos destaques é difícil mas não impossível.

Ao nível dos jogos independentes foi óbvio pelo burburinho que se gerou nas redes sociais que o trailer em exímia pixel art de The Last Night deixou todo o mundo de olho neste Blade Runner retro, e no que viria por aí. A sequela de Ori (com o nome Ori and the Will of the Wisps) é capaz de ser um dos poucos (mas emblemáticos) jogos publicados pela própria Microsoft. A par da grande surpresa que será o lançamento de Age of Empires: the Definitive Edition, a versão remasterizada do clássico de estratégia.

A rivalizar com Need for Speed Payback no segmento dos driving games está Forza Motorsport 7, ainda que este nos tenha deixado perplexos pela qualidade visual e a capacidade técnica que demonstrou nos primeiros vídeos, elevando a experiência de condução para um ambiente cada vez mais realista. Crackdown 3 é o regresso à série de acção que nos coloca num futuro distópico onde controlamos super soldados com habilidades muito peculiares, e cujo anúncio contou com um cameo de Terry Crews.

https://www.youtube.com/watch?v=Dokpy_KIuyA

https://www.youtube.com/watch?v=k_9fG8hPCi0

Para além de ser um dos jogos que mais aguardo para este ano, Sea of Thieves teve o seu momento de glória com o primeiro vídeo mais longo a demonstrar a jogabilidade deste jogo online com a temática de piratas. Basta vermos o vídeo seguinte para percebermos o porquê da veterana Rare ter nas suas mãos o desenvolvimento de um dos jogos mais promissores e divertidos do ano.

Bethesda

Um dos jogos mais aclamados (e mais vendidos) de sempre, The Elder Scrolls V: Skyrim vai ter duas “vidas” adicionais este ano: por um lado uma versão VR para PSVR e por outro uma versão portátil para a Switch.

O veterano Quake regressa em Quake Champions, na tentativa de penetrar no mercado competitivo dos eSports, para além da tentativa da Bethesda de se intrometer no segmento dos jogos de cartas online com The Elder Scrolls Legends.

Num ano em que a Bethesda veio a público anunciar sequelas de peso, e que começou por Dishonored 2: Death of the Outsider, a continuação do sucesso do final do ano passado e que nos coloca na pele de uma personagem secundária desse jogo, explorando as suas capacidades únicas. The Evil Within 2, na senda de desenvolver (como o seu antecessor) um regresso aos jogos de terror psicológicos que causem verdadeiro medo aos jogadores, facto que tomando em conta o trailer está muito próximo de ser cumprido.

A encerrar com chave de ouro, ou neste caso, de aço, é a sequela do reboot do clássico Return to Castle Wolfenstein, entitulado Wolfenstein II: The New Colossus, onde aprofundamos este capítulo de História alternativa em que a Alemanha de Hitler venceu a Guerra e ocupou todo o Mundo, o que inclui os EUA onde decorre a acção.

Ubisoft

A gigante francesa veio a público revelar duas mãos-cheias de jogos, nos quais alguns se tornaram de imediato títulos mais esperados para os próximos tempos. O primeiro a merecer destaque é Mario + Rabbids: Kingdom Battle, o inesperado crossover entre a mascote da Nintendo e os insanos coelhos da Ubisoft, num género também ele surpreendente: a estratégia por turnos. Do que vimos de jogabilidade tornou-se instantaneamente um dos dois jogos de Mario mais antecipados do ano.

Revelado na conferência da Microsoft mas aprofundado no da Ubisoft, Assassin’s Creed Origins é o episódio deste ano da famosa série, e que nos leva ao Egipto, onde cremos (ou não seja o título indicativo disso mesmo) vir a conhecer o berço do Clã dos Assassinos, que como conhecemos de toda a série se mantem em atividade por diversos períodos da nossa História.

Completamente na ordem do dia, Far Cry 5 desenvolve o seu mundo aberto no coração dos EUA, no meio de uma facção de extremistas religiosos e nacionalistas, onde vivemos o papel do xerife do condado onde este culto apocalíptico e terrorista se instalou.

Mas a grande revelação da conferência (e uma das maiores da E3) foi Beyond Good & Evil 2, a sequela de um dos jogos de culto (ainda que um fracasso comercial) e que foi por década e meia aguardado pelo seu lançamento. No meu caso, como acredito que tenha acontecido com muitos dos espetadores, houve uma lágrima de alegria que se quis soltar. E basta ver o trailer para perceber porquê.

Sony

Sem novo hardware para apresentar, a conferência da Sony PlayStation centrou-se na apresentação de jogos. Muitos títulos foram apresentados para a PS4, aquela que ainda é a consola doméstica actual de maior sucesso. Não foi uma conferência de surpresas, especialmente porque quase todos os títulos apresentados já tinham sido revelados antes. Mas foram os seus vídeos de desenvolvimento o que mais nos deixou entusiasmados, e o facto de percebermos que quase todos estes jogos estão quase ao virar da esquina, com muitos títulos a serem apresentados para PSVR a lembrar que o dispositivo não é um mero gimmick.

Uncharted Lost Legacy e a expansão de Horizon Zero Dawn marcaram uma parte da conferência, onde se lhe seguiu o vídeo de desenvolvimento de Days Gone, do qual pouco ou nada sabíamos, e que esperamos que traga uma viragem aos saturados jogos de zombies.

É possível que a única grande surpresa (e que surpresa!) tenha sido o anúncio do remake do magistral Shadow of the Colossus, cujo vídeo de revelação demonstrou as potencialidades de trazer um dos grandes jogos da História para o poder gráfico actual.

Pudemos ver mais das mudanças que o novo título de God of War trará à série que tantos fãs tem pelo mundo fora. Detroit: Being Human, o novo jogo de David Cage, que nos promete trazer a sua tónica de filmes interactivos com múltiplas ramificações dependendo das nossas escolhas, e que demonstrou aqui mais deste mundo também ele inspirado em Blade Runner, onde vemos o actor de Grey’s Anatomy Jesse Williams a assumir um papel de destaque.

Para encerrar a conferência ficou aquele que muitos consideram ser o melhor jogo da E3 2017 (e possivelmente é) Marvel’s Spider-Man, onde toda a acção traz para a realidade tudo o que sonhámos que um jogo do famoso super-herói deveria ser.

Nintendo

Com uma consola ainda fresca no mercado, a Nintendo trouxe para o seu habitual modelo de Nintendo Direct (e longe vai já o último ano em que a Nintendo fez uma conferência na E3), e aproveitou para trazer uma série de trailers e anúncios para a sua nova consola (e não só) a demonstrar o tremendo sucesso comercial que a consola está a ter, apostando numa série de grandes títulos para os próximos meses.

Já é certo que existirá num futuro próximo um título principal de Pokémon na Switch, assim como o lançamento ainda este ano para essa plataforma de Fire Emblem Warriors e de Xenoblade Chronicles 2. Kirby e Yoshi têm novos títulos anunciados (como seria de esperar) e ambos seguem a linha cada vez mais familiar e “fofinha” dos seus antecessores.

Bastou apenas um ecrã escuro de onde emergiu um gigantesco “4” para que a respiração fosse suspensa a quem assistiu à apresentação. Metroid Prime 4 foi assim anunciado após anos de pedidos dos fãs. Mas como uma boa notícia nunca vem só, a Nintendo decidiu anunciar outro jogo da série Metroid, no caso Samus Returns, a ser lançado para a 3DS. Depois de anos de ausência de Metroid e da sua protagonista Samus Aran, receber o anúncio de dois jogos distintos é mais do que qualquer um esperaria da E3 2017.

Já falámos de um dos mais promissores jogos do Mario deste ano na parceria entre a Nintendo e a Ubisoft, ficando apenas faltar o grande título na série Super Mario Bros. e que nos chega mais cedo do que esperado. Ao contrário do que é habitual no mercado dos videojogos em que as datas de lançamento quando são mudadas são para as atrasar, Super Mario Odyssey chegará mais cedo à Switch do que esperado, e será lançado a 27 de outubro. Faltam portanto alguns meses para podermos por as mãos num dos grandes concorrentes de melhor jogo do ano, e a julgar por este trailer, poderá mesmo vir a arrebatar o prémio.

Ricardo Correia, Rubber Chicken