A artista plástica Joana Vasconcelos foi considerada uma das 28 pessoas mais influentes em 2019 pela edição europeia do Politico. Num grupo com outros “fazedores” e “disruptores” — e onde cabem também o ministro italiano do Interior, a ministra norueguesa dos Negócios Estrangeiros ou o filósofo de 102 anos Mihai Sora —, Vasconcelos é apresentada como a sexta “sonhadora” mais influente do próximo ano.

Essa é a grande diferença desta edição da lista do Politico: os nomes que, na perspetiva da publicação, vão marcar o ano seguinte e que são sempre revelados em dezembro foram, desta vez, organizados em três categorias distintas. O trabalho de Joana Vasconcelos mereceu-lhe a distinção pelo impacto internacional que a artista plástica já alcançou e por conjugar nas suas peças um misto de capricho e de “subversão política”.

Vasconcelos — a “Valquíria” da lista, como  apelidam — diz, em declarações ao Politico, que o facto de trabalhar com materiais intimamente ligados à cultura plástica portuguesa, como os têxteis, a cerâmica ou os metais, é secundário. “O que importa é que consigo comunicar com pessoas de todo o mundo e consigo ser uma voz vinda do seio do espaço europeu — é isso que me interessa”, refere.

Aos 46 anos, a artista não sente que a sua forma de comunicar seja influenciada pelo facto de desenvolver trabalhos a partir de um armazém na zona oriental de Lisboa. “A Europa é um espaço cultural uno” e “já não vivemos em cidades, mas entre cidades”. E é isso significa que significa “viver no espaço europeu”, sobretudo em momentos de maior turbulência política, social ou económica. “Como artista que sou, posso mover-me em culturas diferentes, sou um exemplo de que uma Europa unida nos permite crescer”, diz, numa passagem que tem como pano de fundo o processo de desvinculação entre o Reino Unido e a União Europeia.

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Numa breve entrevista que acompanha o artigo do Politico sobre Joana Vasconcelos, a artista recupera os princípios em que assentou a Revolução Francesa — igualdade, liberdade, fraternidade— e cola-os àquilo que considera serem os valores de base da União Europeia. Se pudesse mudar alguma coisa nesse contexto, Vasconcelos começaria por colocar um ponto final na disparidade social entre mulheres e homens. “Faria dos direitos das mulheres uma prioridade”, diz. Depois, atuaria sobre a política europeia para a imigração.

Salvini, o “disruptor” Jeremy Corbin e a “fazedora” Ine Eriksen Søreide

O Politico dá um lugar de destaque a Matteo Salvini. É sobre ele, figura destacada de um Governo italiano eurocético da direita ultra-conservadora (e, na mesma linha, sobre Marine Le Pen), que poderá depender muito daquilo que venha a ser o futuro da União Europeia. Salvini já disse que espera ajudar a criar o maior grupo político no Parlamento Europeu, e as eleições estão a um abrir e fechar de olhos.

Além de Salvini, o Politico destaca ainda a futura influência de Ine Marie Eriksen Søreide. Ex-ministra da Defesa da Noruega, foi a primeira mulher no país a chegar ao cargo de ministra dos Negócios Estrangeiros que atualmente ocupa. O primeiro-lugar na lista dos fazedores explica-se com o facto de ser o rosto da Diplomacia num país que, juntamente com outros países escandinavos, lidera a frente este europeia que vive lado a lado com o gigante russo. Søreide é “os olhos e os ouvidos” entre os mais influentes de 2019.

No topo da lista dos “sonhadores” mais influentes para o Politico está Garance Pineau, a mulher responsável pelas questões europeias no partido La République En Marche de Emmanuel Macron. A tarefa de Pineau, resume a publicação, é “estudar o tabuleiro de xadrez continental em busca de aliados para o dia seguinte à chegada dos resultados” eleitorais. Está nos antípodas de Salvini e de Le Pen na sua missão de engrossar um movimento político pro-União Europeia que garanta um “amanhã” para o projeto europeu.

Jeremy Corbin é um “disruptor” pela sua luta, uma luta com que o britânico espera conseguir guinar o volante do camião europeu à esquerda. Mas a liderança desse sub-grupo de mais influentes de 2019 não é do “Trump da esquerda”, ela tem outro líder: Mary Lou McDonald. A líder do Sinn Féin quer liderar o Governo de Dublin e uma Irlanda unida, resume o Politico. É a “unificadora” da lista.