905kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Uma explosão com muitas contradições
Uma história visual do ataque no hospital em Gaza

As imagens são chocantes e não há dúvidas de que civis morreram na explosão no hospital Al-Ahli, em Gaza, esta terça-feira. Mas a origem do ataque e o número certo de vítimas ainda são uma incógnita.

Iniciar
a galeria
Scroll

O hospital Al-Ahli fica no centro da cidade de Gaza. Gerido pela diocese de Jerusalém da Igreja Anglicana local, tem capacidade para 80 camas e recebe uma média de 3.500 visitas por mês.

Nos últimos dias, tinha recebido avisos das forças israelitas de que devia ser evacuado, porque podia ser alvo de ataques. Apesar disso, muitos civis continuaram a juntar-se à entrada do hospital, na esperança de que pudessem estar a salvo ali. No sábado, por exemplo, a diocese garantira que o hospital tinha sido alvo de um ataque israelita que provocou quatro feridos.

Três dias depois, na terça-feira, há uma nova explosão no hospital Al-Ahli. O epicentro parece ser no parque de estacionamento.

As primeiras imagens que surgem da explosão no hospital na terça-feira, dia 17, foram captadas por um direto da televisão Al-Jazeera.

Às 18h59 (hora local) é possível ver aquilo que parece ser um projétil a explodir no ar e a cair.

Outro vídeo, verificado pelo Washington Post, capta o impacto da explosão no terreno, quando o projétil cai na zona do hospital Al-Ahli.

As primeiras fotografias do momento da explosão no hospital começam a ser divulgadas. Uma porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza (controlado pelo Hamas) diz que a explosão foi provocada por um ataque aéreo de Israel, que teria matado pelo menos 200 pessoas. O número não foi confirmado por nenhum órgão independente.

Por volta das 21h30 (hora local), um porta-voz volta a falar e coloca agora o número de mortes nos 500, hora e meia depois da explosão. A Al-Jazeera divulga esses números no seu liveblog, que são citados pela maioria dos media. Uma vez mais, não há mais nenhuma confirmação.

Israel reage rapidamente, negando a autoria do ataque. Um porta-voz das forças armadas de Israel diz que o responsável pelo ataque é o grupo Jihad Islâmica, que terá disparado uma série de rockets de um local perto do hospital e que um terá caído naquele local.

As contas oficiais ligadas a Israel partilham um vídeo que dizem provar que o disparo veio do lado de Gaza. Horas depois, porém, retiram-no. A decisão surge depois do alerta de um jornalista do New York Times, que nota que a hora do vídeo é posterior à hora a que a explosão se deu.

No terreno, ambulâncias e carros levam pelo menos 350 pessoas, de acordo com informações dos médicos no terreno à Associated Press, para o maior hospital de Gaza, o Al-Shifa. Este fica a cerca de três quilómetros do Al-Ahli.

No Al-Shifa, a situação é caótica. Médicos operam os feridos no chão do hospital, a maioria sem anestesia. O diretor do hospital diz à Associated Press calcular cerca de 250 mortos.

Horas mais tarde, é organizada uma conferência de imprensa num palanque em frente à entrada do hospital Al-Shifa. Quatro homens aparecem rodeados de cadáveres, que dizem ser vítimas da explosão no Al-Ahli. O Observador optou por desfocar as imagens dos corpos.

Mesmo estando todos de bata, só dois são apenas médicos. O cirurgião ortopédico Fadhil Naim e o cirurgião plástico Ghassan Abu Sitta — este apresenta-se como membro dos Médicos Sem Fronteiras, mas a organização esclareceu entretanto que Fadhil estava ali a título pessoal.

Os outros dois homens que falam são membros do Ministério da Saúde de Gaza (controlado pelo Hamas): o porta-voz Ashraf al-Qidra e o vice-ministro Youssef Abu al-Rish.

Israel divulga um áudio de uma alegada conversa entre dois combatentes do Hamas onde estes parecem confirmar que a explosão teve origem num rocket lançado do lado de Gaza.
O áudio ainda não foi verificado por nenhum órgão de comunicação social independente.

No dia seguinte à explosão, as imagens em plena luz do dia deixam perceber que a principal zona de impacto do projétil foi o parque de estacionamento e o pátio e jardim em frente ao edifício principal do hospital.

Esta terá sido a principal zona de impacto. Vários especialistas militares notam, apontando para os carros destruídos, que o raio de destruição é curto.

As imagens do dia seguinte deixam também claro como o local estaria cheio de pessoas. O hospital tem sete edifícios e no meio estão a capela e o pátio — onde se registou o maior impacto da explosão. Era nestes espaços que estaria a maioria da multidão, que deixou para trás pertences como colchões, mochilas e até restos de comida como pão.

No dia seguinte, um fotógrafo da agência Reuters capta uma imagem do local com aquilo que parece ser uma pequena cratera, que pode indicar o local exato onde caiu o projétil que provocou a explosão.

Especialistas militares como Justin Bronk dizem que parece demasiado pequena comparada com as que costumam deixar os ataques aéreos de Israel — três a nove metros de largura — e que os indícios apontam para uma explosão provocada por rocket vindo de Gaza.

Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestiniana, responsabilizou Israel pelo ataque.

Israel garante que não atacou hospital e que explosão foi de rocket da Jihad Islâmica.

O Presidente americano, Joe Biden, apoiou Telavive.

Para já, cada um dos lados mantém as suas versões. As certezas poderiam ser encontradas com uma investigação independente no local. Até este momento, nenhum dos lados pediu que haja uma.

Imagens e vídeos:
Reuters, @lanasaiif via twitter, CGTN via Reuters

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.